The Cursed Book {Em Revisão}

XXIV

É possível ficar cansada sem fazer nada? Passar horas vendo a mesma paisagem e se senti em um puro tédio?Se a resposta for sim, eu estava com isso.

Após duas horas no banco de trás, tentei me tirar do tédio. Tirei meus all-star cinza e coloquei-me de frente a Mason, que olhava fixamente para fora. Olhei para Leah e perguntei:
-Leah, trouxe algo de interessante? - questionei-a.
-Não sei o que julga como interessante, Alex. - afirmou ela.
-No momento, qualquer coisa. - expliquei.
-Tenho algumas coisas como maquiagem,um kit de costura, esmaltes. - disse ela.
-Que cores? - perguntei novamente.
-Preto, vermelho, rosa, branco, lilás. - contou ela.
-Me passa o preto. Vou me distrair com algo feminino. - constatei.

Ela me jogou o objeto e comecei a passar em uma das mãos.
-Está ai uma coisa que nunca imaginei fazendo, Lexy. - comentou Mason.
-Ainda sou uma garota, Mason. Por mais difícil que pareça. - afirmei, olhando para o meu corpo só para confirmar a sentença.
- Difícil mesmo. - disse ele rindo.

Decidi ignorá-lo e me concentrar na meleca que estava fazendo na minha mão. No fim das contas, borrei tudo por mais que ficasse quieta. Para o meu clamor exagerado, achamos uma cidade e implorei para que Bernardo fizesse uma pausa e eu pudesse sair um pouco. Passei numa loja e comprei algumas coisas que poderia me distrair: um caderno de desenho, canetas, um baralho e uma caneta permanente. Ao voltarmos, escondi a caneta para a hora da brincadeira. Peguei o caderno assim que o carro começou a se mover. Comecei a fazer rabiscos aleatórios, quando notei a lista que fazia:

Coisas que pessoas espertas e sensatas devem evitar (e que eu não evitei):
# Explorar casas abandonadas (isso não evito mesmo);
#Aceitar livro de estranhos. (livro é livro, não é?);
# Ajudar desconhecidos (vai saber o que tinha em mente);
# Não ficar na frente de um bêbado (eles vomitam facilmente e é um caos tirar o cheiro da pele);

- O que está fazendo? - perguntou Mason, se apoiando nos meus joelhos.
-Ai, menino. Que susto!- falei me assustando.
- Foi sem querer. - disse ele rindo.
- É uma lista idiota, mas não tanto quanto você. Não se preocupe! - afirmei, irônica.
- Posso ver minha cópia então?- perguntou ele rindo mais. Eu ficava com medo de que ficasse muito tempo olhando para ele e acabasse babando, mas aquele sorriso despojado me deixar fora de órbita.

Olhei da lista para ele de volta para lista e ele de novo. Por fim, cedi e lhe entreguei o papel. Ele a olhou por um instante sorrindo, mas logo sua expressão ficou séria e assustada. Deduzi que ele havia lido o último tópico.
- É... esse último... não quer dizer... talvez....não...- Mason começou a gaguejar.

Comecei a rir.
-Bernardo, por favor, não me diga que eu... - tentou dizer Mason.

Peguei a lista e mostrei a Bernardo, apontando a última anotação da lista. Bear leu e começou a rir, juntando-se a mim.
- Vocês precisavam ver a cara da Alex. Eu não sabia se ia chorar ou te estrangular, Mason. - afirmou ele rindo.
-Acho que ia fazer os dois. Ou o último pelo menos. - confessei.

Leah pegou a lista e a leu. Assim em alguns minutos nós três riamos enquanto Mason morria de vergonha. Ele puxou o casaco para frente e cobriu o rosto com as mãos.Achei aquilo muito fofo. A cada dia hora, a cada dia, tudo só piorava. O que eu sentia se fortalecia cada vez mais e numa velocidade extremamente rápida, tomando conta e espaço de minha razão.

Era umas cinco da tarde quando achamos outro hotel e paramos. Greg disse que precisamos descansar e que não viajava a noite. Mason reclamou um pouco, mas no final todos concordaram em que um pouco de descanso não faria mal a ninguém. Pedimos três quartos desta vez já que Greg e Mason começaram a discutir que não dividiriam o mesmo quarto. Greg falava que Mason era um mimado e chato, enquanto Mason o chamava de enganador de meia tigela. Não entendi direito o que deu nos dois, mas decidi evitar mais daquelas brigas infantis, os dividindo. Leah e eu ficamos com o quarto do meio para aparar qualquer coisa. Mason dividia seu quarto com Bernardo; e Greg, sozinho. Fomos nos lavar e descemos para comer alguma coisa. Estávamos em silêncio, quando decidi puxar assunto:
-Greg, há quanto tempo está na estrada? - perguntei.
- Desde que fugi da casa da minha madrasta. - afirmou ele.
-Fugiu por quê?
- Antes eu morava com a minha mãe, mas ela morreu. Tive que ir morar com meu pai e a madrasta. Senti-me sufocado lá, seguindo as regras e sendo um bom filho. Fugir foi minha única solução.
- Faz quanto tempo que fugiu?
-Há alguns meses. Uns oito.
-Ah.
-Por que tantas perguntas?
-Perdi minha mãe recentemente também.
-E pensou em fugir,não é?
- Nas primeiras semanas, sim. Saia de casa com tudo pronto para sumir do mapa, mas acabava voltando. Eu tinha medo de acharem que eu...
-... não fosse forte o suficiente para encarar a dor da perda e a nova vida.
- É.
-Sei bem como é. Eu tivesse esse medo, mas não fui forte. Não quis ficar. Parti na primeira semana e nunca mais voltei.
-Estou nesse dilema há dois meses.
- Você bastante forte, então. Sei o quanto é difícil ficar.