XXXVII

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Voltamos até o carro em um silêncio mortal. Durante a caminhada de volta, coloquei as mãos nos bolsos, e olhei para o chão, pensando. Era muita informação para processar e assimilar. De vez em quando, Mason tinha que me puxar do nada para que eu não batesse de cara em uma árvore.Não demoramos até chegar no carro. Ao me aproximei do parabrisas e vi um papel. Peguei-o tranquilamente e li:

Alexa,

Fui com o Bernardo na floresta perto da mansão de Mourioul para ver com o que estamos lidando. Vamos apenas observar. Tomaremos cuidado e você tome também.

P.s.: não mate o Mason até que chegarmos.

Ass: Leah.

-Eles saíram!- afirmei, mostrando o bilhete a Mason.
- Ela acredita mesmo que podemos nos matar?- perguntou ele avaliando o bilhete.
- Não é só ela. Eu também acredito.- confessei, abrindo a porta do carro e sentando em um dos bancos.
- Porque?- questionou, seguindo-me.
- Não sei se reparou, mas todas as vezes que brigamos, falamos demais e as coisas ficam feias. Ultimamente, é só isso que fazemos. Provocamos um ao outro.- contei, fechando os olhos e encostando a cabeça no banco.
-Talvez só queremos o contrário de tudo isso.- exclamou ele.
-Talvez.- concordei.

Mason olhou para os dois lados, como se esperasse um trem. Por fim, disse:
-Eu...preciso pensar, mas não quero deixá-la sozinha. - eu sentia uma agonia com melancolia misturada em sua voz.
-Pode ir. Eu estou legal.- respondi.
-Não fale assim. Até parece que estou a abandonando.- retrucou ele,triste.

Pulei do carro e comecei a empurrá-lo em uma direção qualquer.
-Pare de enrolar e vai logo! Qualquer coisa,eu grito! Vai,vai, vai. Também tenho que arrumar meus pensamentos.- afirmei, enquanto andávamos.
- Não confio em você sozinha com um carro.- contra-atacou ele.

Corri até o carro e tirei a chave da ignição. Voltei até ele e a entreguei.
- Mais alguma desculpa?- perguntei, irônica.
-Vai ficar bem aqui sozinha? Não vai sumir?- interrogou-me de volta.
-Só vou sentar e pensar. É claro que há possibilidade de eu surtar e sair correndo sem destino certo, mas não vou muito longe e volto. - informei.
- Isso não é nada tranquilizador.- comentou ele.

Oh, menino enrolado!, pensei, bufando.
-OK. Não apronta! Volto o mais rápido possível!- afirmou ele, dando-me um beijo leve e sumiu.
-Isso não ajudou em nada.- confessei a mim mesma, tocando os lábios com a ponta dos dedos.

Segui com calma até o carro. Por isso não o queria por perto. Não agora. Ele me deixava confusa e por ironia do destino, meu cérebro desligava totalmente com a sua presença. Peguei uma lata de refrigerante para me ajudar a pensar melhor. Escostei no carro, bebendo. Onde eu fui amarrar meu burro? No tronco errado! Agora eu era uma coisa milenária e rara. Tinha que despertar uma antiga magia, não é Alexa? Tomei um gole enorme, levando junto as informações. Eu poderia ser uma Protetora, certo? Errado! Totalmente e completamente errado. Eu ia embora amanhã e não podia ficar nutrindo algo que não ia durar muito. Eu ia embora... Eu não queria ir. Aquela vida não era tão ruim, dava para conviver. Principalmente se tivesse ele ao meu lado. Mason era o principal motivo para mim querer ficar. Só de pensar em deixá-lo, o coração que nem meu era, pesava. Tinha que haver um jeito para mim ficar. Fui beber mais um pouco e deparei com a lata vazia. Observei-a, triste. Desta vez, eu não chorava, mas a dor era forte. E agora? O que é certo? O que é errado?

Senti uma mão na minha, tirando a lata. Era Mason. Ele tinha um olhar calmo, forte e decidido. Muito ao contrário que eu, que estava mais perdida do que cego em tiroteio. Ele colocou a lata em cima do carro e me encarou.
-Já chega, não é?- perguntou ele.
- Do que?- questionei, confusa.

The Cursed Book {Em Revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora