The Cursed Book {Em Revisão}

XXV

Acordei com Leah mexendo em meu ombro. Olhei para ela desorientada.
-Ahn? - perguntei bocejando.
-Acorda, dorminhoca. Bernardo já avisou que partirmos em trinta minutos. - alertou ela, rindo.
-Tinha que ser. Já estou indo. - sai da cama tropeçando nas cobertas.

Entrei no banheiro resmungando. Eu estava com um sono irritante e grudento. Tomei um banho na tentativa de ficar mais desperta, o que foi em vão. Vesti uma camiseta preta que dizia: "Mamãe me ensinou a lutar, papai me ensinou a matar" com letras vermelhas e um short branco que pegava uma palma a cima da metade da minha coxa. Coloquei um casaco enorme, que ultrapassava o comprimento do short e meu all-star. Ao sair do banheiro, Leah disse:
-Uau, Alex. -exclamou ela.
-Está curto?- perguntei, apontando para o short.
-Não. Está bom. Você fica diferente quando não está de calças. - disse ela sorrindo.
- É. Sujei todas as minhas calças. Comprei esse short em caso de emergência. Quando passarmos na próxima cidade, vou ter que fazer compras. - confessei, fazendo uma careta.
- E eu vou com você. Preciso de roupas também. - disse ela.
- Combinado. Agora vamos descer porque estou precisando de um café extra forte para dar uma boa acordada. - afirmei pegando minha mochila.

Logo saímos do quarto e eu fui à lanchonete a procura de cafeína. Encostei sozinha no carro e tomei meu super- copo de café. Os outros decidiram comer alguma coisa e como eu estava sem fome, decidir tomar meu café observando o movimento da avenida principal. Não demoramos a voltar a estrada. Ao entrar no carro, Mason se arrumou e começou a dormir. Virei para Bernardo e perguntei:
-O que foi com ele?- perguntei, apontando para o Mason dormindo.
- Não dormiu direito. Ele passou a noite inteira acordado. Quando perguntei o que era, ele disse que só estava pensando. - respondeu Bernardo.
- Ele te disse no que pensava? - questionei.

Bear apenas negou com a cabeça. Olhei para Mason, que agora roncava baixinho. Dei umas cutucadas nele e vi que não acordou, sequer se mexeu. Sorri e peguei minha caneta permanente. Bernardo olhou para trás, vendo o que eu ia aprontar. Está na hora de eu utilizar meus dons artísticos. Sentei bem ao seu lado, ficando de costas para Bear e Leah. Respirei devagar e comecei a desenhar. Se aquilo era sacanagem? Muito. Fiz traços juntando suas sobrancelhas, um bigode e barba e em sua testa escrevi : I'm idiot! Ele se mexeu um pouco e eu, com medo de ser descoberta, pulei para meu lugar. Bernardo olhou na direção do amigo e começou a gargalhar.
-Ai, Alex. Você é terrível. - comentou ele rindo.
-É o que dizem. - afirmei, guardando a caneta na manga do casaco.

Bernardo acabou rindo muito alto e acordou Mason. Apontei para Leah e Bear não dizerem nada e eles concordaram. Nós três esboçávamos largos sorrisos enquanto Mason balançava a cabeça, acordando.
-O que foi com vocês? - perguntou ele sério. Bom, eu acho que estava sério, pois com aqueles desenhos, não dava para ter certeza.
-Nada. - afirmei segurando a vontade de rir.

Bernardo voltou a rir e Leah se ajuntou a ele.
-Vocês são os piores cúmplices que existem. - falei rindo.
- O que você fez, Lexy? - perguntou Mason.
-Nada. Porque não posso ser a pessoa que não faz nada? Injusto ser acusada de algo que nem sabe se fiz. - exclamei cruzando os braços.
-Certo. Desculpe-me. Não posso acusá-la sem nem saber se realmente aconteceu alguma coisa. - disse ele.
-Exatamente. - concordei.
-Alexa! - advertiu-me Leah.
-Eu. - respondi.
-Você não vai contar, não é? - perguntou ela.
-Contar o que? - questionou Mason.
-Não. - confirmei.

Leah pegou um espelho e passou para Mason.
-Poxa, Leah. Achei que era minha amiga. - retruquei, fingindo raiva.
-Alexa, eu te matar! - exclamou Mason. Desta vez, tive certeza de que estava bravo.
-Entra na fila e pega senha, baby. - disse eu.
- Vem cá, Mason. Eu te ajudo a tirar isso. - se ofereceu Leah.
-Ok. Obrigado Leah. Você sim é legal. - falou ele, se aproximando dela.

Revirei os olhos e olhei para fora. Se eu estava com ciúmes daquela linda cena romântica? O que importa? Eu ia embora logo e era isso que eu queria naquele momento. Vi a Harley na frente do carro e desejei estar lá, curtindo a liberdade que a velocidade proporcionava. Peguei meu caderno e voltei a rabiscar. Desta vez, nada legível saiu. O desenho na folha era tão confuso quanto eu. Bernardo olhou a cena e depois me dirigiu um olhar triste.

Peguei meu celular nas mãos e percebi que não recebia uma ligação desde que sai de Stadt. Será que errei alguma coisa? O acampamento não era indicado para nós? Não, não, não. Eu não podia ter falhado. Eu precisava ir embora. Minha casa, minha família, minha vida esperava por mim. Eu tinha que voltar!

Logo Bernardo pegou uma estrada de chão e passei a observar lá fora.
- O que foi? Está tudo bem? - perguntou Mason.

Não respondi. Tinha algo de estranho ali. Olhei mais um pouco a procura de ameaças. Bear parou o carro e fui a primeira a descer. Corri até Greg e vi o que o espantava. Cabanas destruídas. Algumas pegavam fogo.
-Não. Não. Não. - comecei a dizer.

Vi Greg endireita os ombros e disse:
- Destruíram meu acampamento. Bando de infelizes. -exclamou ele.
-Mas, quem faria isso? - perguntei, assustada.
-Quem mais teria uma pedra no lugar de um coração?! O canalha do Mourioul e sua tropa de otários. - era evidente sua raiva.

Vi Bernardo, Mason e Leah se aproximarem, espantados.
-Vem. Vamos ver se achamos alguém! - o chamei, correndo na direção do maior prédio. Esse por sua vez, estava destruído. A estrutura ameaçava constantemente vim abaixo.
-Cuidado. - disse ele, pegando um pedaço de madeira. Os outros nos seguiam mudos.

Estávamos no meio da sala, quando avistamos um corpo. Greg utilizou sua super velocidade chegando em segundos perto da pessoa. Eu fui mais lerda, mas o acompanhei. Deparei-me com um garoto todo ensangüentado e com graves machucados. Greg se ajoelhou do lado do garoto e disse:
-Jake, o que fizeram com você? O que houve com o acampamento? - perguntou Greg, desesperado.
- Eles... atacaram...não deu ...tempo...nos defender.- disse o garoto no chão.
-Mas por quê? Eu trouxe gente que poderia ajudar.
- Eu ...estou vendo...Mas não...tem como ajudarmos... Já era! Estou... com muita dor, meu amigo. - continuou o garoto.
- Vamos levá-lo a algum hospital. - falei.
-Não... já estou... morrendo. Vocês vinheram em busca de ...ajuda, não é? - perguntou ele.
-Só queríamos algumas respostas, mas podemos esperar e lhe ajudar a ficar bom. - argumentei.
-Res... respostas. Thomas deve as ter também. Procu... procure por ele. - respondeu Jake.Ele fixou o olhar no amigo e não se mexeu mais.
-Jake?Jake? - chamou Greg balançando o ombro do garoto já morto. - Não. Jake por favor, fale conosco. Fale comigo!

Vi uma lágrima brotar no rosto de Greg, incentivando as minhas a surgirem também. Olhei para os meus amigos. Bernardo nem parecia respirar direito, enquanto Leah se jogou em Mason e começou a chorar alto. Aproxime-me de Greg e disse:
-Ei, calma.Vai ficar tudo bem. - tentei deixar minha voz tranqüilizadora.

Ele limpou bruscamente as lágrimas da bochecha e se levantou.
-Me deixe em paz, Alexa. - e saiu, batendo os pés.

Olhei angustiada até vê-lo sumir e virei para Leah que ainda chorava.
- Mason,tire-a daqui. - falei. Eu tremia.
-Não...- começou ele.
-Vá logo. Leve-a para se acalmar. Bernardo me ajude aqui, por favor. - pedi.

Mason me olhou triste e se afastou levando Leah consigo.