Tudo na escola passou como um flash. Eu estava extremamente ansiosa para sair dali. Quando finalmente o último sino tocou, disparei para a saída.
Encontrei Ryan perto de uma árvore rodeado por pessoas. Quando me viu, acenou para que me aproximasse. Ao me ver negar com a cabeça, ele veio na minha direção.
- Vem, Alexa. Quero lhe apresentar alguns amigos. - disse ele sorrindo.
-Não estou afim. - afirmei.Olhei ansiosa para todos os lados. Percebi que em cada esquina tinha o nome das ruas. Ótimo!
- O que vai aprontar? - perguntou ele.
-Nada. Dá pra me deixar em paz? Não é meu irmão para ficar na minha cola. - acabei de dizendo.Vi o choque em seu rosto.
- Ok. Desculpe te incomodar. - falou ele e começou a se afastar.Segurei em seu braço.
-Ei, foi mal. Não quis dizer aquilo. - afirmei.
- Você não vai mudar. Vai continuar sendo esse ser frio e sem coração, Alexa. - disse ele.Engoli aquilo como se não me afetasse.
- Não sei por que mudou tanto. Era tão gentil e feliz com as pessoas. Sei que está triste. Estamos todos sofrendo, mas não viramos ...- ele parou de falar.
-O quê? Um monstro? Sem coração? - perguntei, segurando a agonia que estava na minha garganta.
-Não...não quis dizer isso. Só acho que devesse seguir em frente. Sua mãe ia querer isso. - afirmou ele.Nessa hora, senti as lágrimas inundarem meus olhos.
-Você não tem direito de falar dela. - falei, batendo o dedo no seu peito. As primeiras lágrimas começaram a cair.
- Alexa, não chore. Desculpe-me. - pediu ele, segurando meu braço.Puxei meu braço e disse:
-Só me deixe me ferrar sozinha. - afirmei limpando as lágrimas com a mão .Comecei a correr até virar a esquina e sumir de vista. Peguei o papel amassado e olhei o endereço. Eu deveria estar perto. Caminhei por quadras até achar a tal mansão. Ficava na última rua do bairro, sem saída e que acabava dando numa floresta densa. A mansão ao lado da floresta dava uma temática de um filme de terror. Era velha como o próprio nome. Era de madeira escura e coberta por um tipo de erva. Tinha um jardim morto na frente. Era claro que ninguém se aproximava de lá. O grande portão de ferro estava entreaberto.
-Isso tem cara de encrenca. - afirmei passando pelo portão.Caminhei na calçada rachada. A varanda parecia que ia cair na minha cabeça. Toquei na porta e se abriu. Engoli um pouco do meu medo e entrei. Por dentro, poucos feixes de luz entravam. Algumas janelas foram tampadas por tábuas de madeira, mas as madeiras indicavam que iam despregar com o próximo vento. Havia uma escada no meio que faltava alguns degraus.
De repente ouvir um som vindo do andar de cima. Subi devagar as escadas com medo de quebrá-la. Deparei-me com um corretor cheio de portas.
- Tem alguém aqui?- perguntei e o silêncio me respondeu um belo não.Novamente, o som se repetiu me fazendo recuar um passo. Parecia uma batida que se dá em madeira. Tinha vindo da última porta. Respirei fundo e caminhei com passos lentos na direção da porta. Parei de frente da porta e tremendo, a abri. Era um quarto simples, com uma cama de solteiro no meio e um guarda-roupa na parede. Não havia sinal de que alguém foi ali. Fui até a janela que estava aberta.
- Devo estar ouvindo coisas. - falei a mim mesma.Então como se fosse ironia, a porta bateu com força e escutei passos . Com meu desespero de ficar ali pressa, lancei-me contra a porta, abrindo-a. Sai do quarto quase caindo e vi alguém descendo as escadas. Sem perder tempo, fui atrás. Quem quer que seja, corria rápido e era habilidoso em desviar das coisas. Eu corria em velocidade similar, mas atrasei-me quando descia a escada. Coloquei muita força nos passos e acabei quebrando mais um degrau.
-Espere! Só quero conversar! - falei, puxando meu pé do buraco que fiz.Terminei de descer a escada e parei no meio da sala. Escutei algo se quebrando a minha direita e segui na direção. Aquilo tinha virado uma perseguição. Deparei-me com uma sala de jantar e fui até a próxima porta, que deu numa cozinha. A porta do fundo estava aberta e alguém corria na direção da floresta. Graças à luz do crepúsculo, pude ser seu casaco azul com uma toca. Pelo jeito era um garoto. Corri até a porta a tempo de vê-lo derrubar algo no chão. A pessoa pareceu preocupada com o objeto, pois parou por segundos antes de sumir na floresta.
Sai da casa na direção do objeto e encontrei um livro. Era de couro, folhas amareladas e grossas. O estranho era que não tinha nome.
- Caso queria seu livro de volta, estarei aqui amanhã, no mesmo horário. - gritei para a floresta.Olhei para o céu e vi a escuridão. Já anoitecia. Decidi que já estava bom de aventura por hoje. Dei a volta na mansão e comecei a correr de volta para a casa. Demorei uma hora para achar a casa. Como não estava a fim de encarar o Ryan e nem minha tia, retomei meu velho costume. Escalei a arvore até uma certa altura. Pulei no telhado e abri minha janela, entrando no quarto. Joguei minha mochila com o livro dentro, na cama e me sentei.
- Caramba! Que dia! - falei, me jogando de costas na cama.
Toc!Toc!
- Quem é? - perguntei.
-Sou eu, Alexa. - disse minha tia.
-Já vou, tia. - afirmei levantando da cama.Abri a porta e me deparei com minha tia. Ela era muito parecida com a minha mãe, a diferença era que tinha olhos mais claros e pele mais escura.
- Você demorou a chegar. - disse ela.
-Me perdi no bairro. - menti.
-Mas está bem?
-To legal, só cansada. Andei muito.
-Ryan me contou o que aconteceu na escola.
- Aquilo não foi nada.
- Ele ficou mal. Disse que acabou falando coisas que nem queria.
-Também não fui uma flor de pessoa, tia.
-Não está brava com ele? - perguntou ela.Depois da experiência na mansão, até me esqueci de Ryan.
-Não. - confirmei.Ela olhou para dentro e disse.
- O que eu disse sobre portas e janelas? - perguntou de novo.
-Hum. Portas são para entrar pessoas e janelas, apenas o vento. - lembrei. - Velhos hábitos.
- Acho que a escola não foi uma boa. Se quiser, amanhã pode ficar em casa. Não precisa ir, ok? - propôs minha tia.
-Sério? - perguntei espantada.
-Você merece uma folga. - afirmou ela. - E a propósito, o jantar vai ta pronto em meia hora.
-Vou tomar uma banho rápido e já desço. Obrigada tia - agradeci abraçando-a.
-Não é nada, minha querida. - disse ela retribuindo meu abraço. - eu vou descer antes que o jantar queime.
-Claro. - falei sorrindo.Maravilha! Eu ia aproveitar esse dia de folga explorar direito aquela casa. Se tinha alguém lá era por um motivo e eu ia descobrir.
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The Cursed Book {Em Revisão}
Romance☀Livro I da Série Cursed☀: Alexa tinha uma vida quase normal. Após a morte de sua mãe, ela tem de morar com sua tia e seu primo Ryan. Um bairro novo. Uma aventura nova. O que ela não sabia era como sua vida ia mudar após encontrar a mansão abandona...