The Cursed Book {Em Revisão}

XXXVI

Mason teve que me carregar boa parte do caminho. As dores haviam diminuído, mas ainda estavam bem intensas. Não tinha uma maneira que não doía. Eu queria ter tomado os remédios dentro da minha mochila, mas Mason não deixou, dizendo que naquelas quantidades eu não teria rins por muito tempo. Pensei em discutir , no entretanto, lembrei que minha mãe me dizia as mesmas coisas.

Quando finalmente chegamos na tal da estrada, Mason me colocou no chão. Graças a Deus! Eu tinha pernas e queria usá-las. Ainda apoiando-me nele, eu sentia meus ossos arderem. Caminhamos em silêncio, com o som dos pássaros a nossa volta. No final da estrada, havia uma casa velha, tomada por algumas roseiras. Nos entreolhamos, decidindo por olhares se entrariamos ou não. Por fim, acenei com a cabeça e segui, sozinha em direção a casa.

Eu senti a mesma sensação várias vezes, quando ia explorar um lugar abandonado. Era um medo misturado com curiosidade. Sem esperar por mais, abri a porta e vi Mason atrás de mim. Deparamos com uma sala simples. Um sofá no canto, seguido por uma bancada com frutas e copos. Do lado oposto havia uma antiga mesa de madeira envernizada, com papéis e canetas espalhadas na sua superfície. O local era iluminado por uma luz amarela, deixando o ambiente mais aconchegante e quente.

Entremos ao mesmo tempo em que Thomas saia por uma porta. Ele sorriu e veio na nossa direção. Vestia roupas normais,estilo de milionário. Sua camiseta social azul estava com as mangas dobradas até os cotovelos; era justa, desenhando todo o seu tórax por cima do tecido. Usava calças jeans clara, parecida com a minha, tendo a diferença de que a minha era rasgada. Perguntei-me se ele tinha problemas de comprimento de roupas até consigo mesmo.Mas até que eu tinha que admitir: ele tinha estilo.

Ele parou bem na minha frente e disse, ainda sorrindo:
-Alexa! Que bom revê-la.- anunciou, abraçando-me.

Então a primeira coisa estranha começou a acontecer. Eu senti uma energia saindo dele e indo para mim. Era parecida com a energia elétrica, mas essa não feria;ao contrário. Eu sentia as dores diminuindo. Os machucados se cicatrizando. Afastei-me devagar dele e desenrolei a faixa da mão. Estava curada, sem infecção alguma, contendo apenas uma cicatriz avermelhada. Percebi que estava de pé sozinha e não sentia mais as dores. Descobrir aquilo fez meu coração pulsar para fora do peito.
-Você fez a mesma coisa na hora da dança. Curou meus machucados. - afirmei, lembrando do momento em que reparei que o ferimento no meu braço havia desaparecido.

Thomas concordou com a cabeça e disse:
-Além de saber demais, tenho outros dons.- confessou ele.

Eu senti a sombra de Mason nas minhas costas.
-Afinal, o que houve com a Alexa?- perguntou Thomas olhando por cima de mim. Fiquei espantada ao perceber que conversava diretamente com Mason.
-Mourioul a sequestrou junto com outros amigos que estavam juntos a ela.- comentou Mason.
-Mourioul?- perguntou Thomas totalmente surpreso.
- Ele mesmo.- respondi.
- Eu não sabia que ele faria isso. Eu...eu sinto muito.- confessou Thomas, arrependido.
- Sente ...muito...- murmurei as palavras sem saber o que significava.

De repente, as coisas começaram a se encaixar. A pergunta que me fiz muitas vezes, agora tinha resposta. Como Mourioul havia nos achado tão rápido? Fácil. Thomas havia contado. Eu não vi a hora que voei em sua direção, depositando socos em seu peito.
-Seu desgraçado! Sabia de tudo. Colocou tudo em risco. Sabe o valor dessa missão. Colocou nossas vidas em risco.Quase morri. E foi tudo sua culpa, seu tolo imprestável!- eu gritava em fúria. Tentava depositar o máximo de força possível em meus golpes.
-Para! Vai se machucar!- exclamou ele. Parecia que nem sentia os socos.
-Agora se importa comigo? Tarde demais!- respondi, assim que pegou em meus pulsos.
- Preocupei-me com você assim que a conheci. Quando Mourioul veio adquirir meus serviços, eu mal sabia quem eram vocês. Eu juro que se soubesse que faria tal ato desumano, jamais teria dito uma palavra sequer.- disse ele.