XXXIII

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Eu olhava constantemente para o chão, já que o corredor que havíamos pegado estava completamente escuro. Enquanto andava, as engrenagens do meu cérebro começaram a ranger, tentando entender a imagem de Mason sendo segurado por Greg e Bernardo.
- Você o está provocando.- afirmei a Thomas.

Escutei a sua risada ecoar nas paredes.
- Perderia toda a graça se não fizesse isso. - respondeu ele.

Endireitei o corpo e bufei, brava.
-Sei que está zangada.- disse Thomas, tranquilamente.
- Isso que me irrita mais; saber tanto de mim.- afirmei.
- É. Sei disso também.- confirmou ele.
- Você sabe demais. Mais do que deveria.- tentei soar ameaçadora.
- Não precisa ter medo. - respondeu ele.
-Não estou com medo. Só não confio em você. - confessei.
-Não vou lhe fazer mal algum.- revelou ele.
-Não me convenceu. - afirmei.

Nessa hora, paramos diante a uma passagem clara. Olhei para Thomas e vi um tipo de tristeza em seu olhar.
-Se não confia em mim, o que está fazendo aqui?- perguntou ele, amargamente.
- Preciso ajudar meus amigos. - afirmei séria.

Ele ficou quieto, completamente imóvel. Aquilo poderia ser um recado, então arrisquei:
-Se não quer que eu dance, posso voltar imediatamente. É só falar.- orientei.
- Não quis dizer isso. Só não estou acostumado a mulheres tão diferentes como você.- afirmou ele, mexendo a cabeça em negação.
-Espero que isso seja algo bom.- sugeri.
- É sim. A coisa que mais quero no momento é essa dança.- confessou Thomas.
- Por que a quer tanto?- deixei escapar.
- Nunca foi-me negado nada. Meus desejos são sempre cumpridos.- explicou ele.
- Então tem desejo por uma dança?- perguntei, confusa.
- Não,Alexa. Tenho desejo por você!- respondeu ele.

Na hora, virei o rosto para que não visse meu espanto.
-Não vou fazer nada que não queira.- disse Thomas.
-Não quero nada. Apenas acabar logo com isso.- respondi.
-Então, vamos lá?- perguntou ele, indicando a passagem com a cabeça.
-Sim.- confirmei.

Thomas passou o braço na minha cintura, guiando-me até o meio daquela sala. Percebi que estava repleta de pessoas nas sombras, tendo só seu meio iluminado. Éramos observados por milhares de olhos curiosos.
-Plateia?- perguntei a Thomas.
-Apenas pessoas que além de mim, precisam presenciar isso. -respondeu ele.

Revirei os olhos e lhe disse:
-Não sei se consigo fazer isso. Não sei nem dançar.- comentei.
-Sei que consegui. Será fácil.- afirmou ele, puxando-me pra si. Percebi que o único que fazia isso comigo era Mason e eu só estava acostumada com ele. Tentei manter uma distância de centímetros entre nós dois, mas não deu certo.

A música começou e a batida me soou familiar. Eu havia escutado ela durante a viagem.
-All The Right Moves, OneRepublic?- sugeri.
-Exatamente. Que outra música seria mais perfeita que essa?- questionou ele.

Decidi não responder, evitando falar demais. Se Thomas me conhecesse como me afirmou muitas vezes, com o excesso de minhas palavras, descobriria que agora eu estava com medo. Eu estava com medo dele. Senti sua respiração suave se chocar contra o meu pescoço.
- Tenta ficar calma. Eu só serei o condutor. Dance com a música. Deixe que ela guie-a pela pista.- disse-me Thomas.

Apenas assenti. Desta vez, os passos pareceram surgir com ritmo da música. Eu fechei os olhos e fiz o que Thomas disse. Não foi difícil. Por um momento, imaginei-me em casa, como fazia quando estava estressada; colocava uma música que representava o meu humor e sai dançando, sem coreografia. Eu sentia o vento ao meu redor; via cada batida mudar a faixa de cor ao meu redor. Eu passei cantarolar apenas a melodia da canção. Podia imaginar-me diante dos cantores,ver a banda tocar diante os meus olhos. Eu sentia que ninguém me observava, que poderia errar e ninguém me julgaria. Então a música acabou suave, despertando-me do transe que estava. Parei diante a Thomas, ofegante. Ele sorriu e fez uma referência. Apenas confirmei com um aceno de cabeça. Ele me ofereceu seu braço e eu aceitei, sentindo minhas pernas cambalear. No caminho, tentei deixar minha respiração mais lenta, mas todo o resto agia em descompasso descontrolado.

The Cursed Book {Em Revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora