Capítulo 2

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Paulo chegou no teatro e checou o celular pela primeira vez no dia. Thales tinha mandado uma mesagem no Whatsapp:
"Pode salvar agora haha com um coração também!"
Paulo riu e salvou "Thales ❤️❤️" e o respondeu "Coloquei dois porque sou uma ótima pessoa".

Paulo ensaiou com Samantha, Marcus, Catarina, Fiorella e Cacau, mas seu pensamento estava longe dos textos. Marcus sabia porque, mas Samantha estava curiosa e queria logo perguntar.

- O que deu teu? - Sam perguntou quando finalmente conseguiu ficar a sós com ele. - Tá em outro planeta.

- Conheci um rapaz ontem depois da peça, dei carona e trocamos telefone. Ele é super gente boa, apesar de falar quase nada. - Paulo ri e Samantha o encara.

- E vão marcar de sair quando? Ligou pra ele? Vão se pegar muito? - Ela já estava se animando quando Paulo levantou da cadeira.

- Eu acho que ele gosta de mulher, não sei. Ele falou quase nada. Só troquei telefone pra ser educado né? Ele é amigo da Camila, então...

Eles voltam para os ensaios e o dia passa voando. Gravam sem a plateia, e antes de começar a gravação com plateia Paulo manda mensagem pra Thales.
"Visualizou e não respondeu? Aff"
Guardou o celular e entrou em cena.

Paulo parou o carro em um posto de gasolina e entrou na loja de conveniência. Olhou no relógio que eram 22:53h, pediu algo para comer no balcão e sentou-se numa das mesas altas. Pegou o celular e viu mensagem de Thales.
"Desculpa, eu tava com paciente no consultório. Tudo bom?"

Paulo é pego de surpresa com o celular tocando de uma vez, o nome Thales apareceu na tela e ele atendeu sem pensar duas vezes.

- Alô? Oi Thales.

- Oi. Agora eu que te mandei mensagem e você me deixou no vácuo. - Thales parecia ser menos tímido por celular. - Tudo bem?

- Eu tava gravando Vai Que Cola, por isso não vi. - A moça deixa seu sanduíche junto com o suco na mesa. - Mas agora estou comendo aqui no posto da Barra.

- Você não come comida de verdade? Só Bobs? - Thales fala rindo e um sorriso surge na boca de Paulo.

- Eu almoço super bem tá? É que a noite eu sempre saio de teatro e prefiro comer na rua. Virou meu nutricionista? - Paulo disse rindo e começando a comer.

- Nutricionista não, mas eu sou Dermatologista. Se precisar estamos aí.

- Achei um dermatologista que vai me consultar de graça! Essa consulta vai ser quando? - Paulo fala rindo.

- Só ligar pro consultório e marcar no horário, mas eu sei que você não precisa, te vi ontem! Pelo menos, pelo que eu vi não precisa de creme nenhum. - Eles riem.

- O que você está fazendo uma
hora dessa acordado? Médico não dorme cedo pra atender paciente no outro dia? - Paulo pede outro suco e devolve o prato a garçonete.

- Ainda é cedo e amanhã eu atendo apenas a tarde, tenho a manhã livre. - Thales disse e bocejou.

- Que tal amanhã nos encontrarmos pra tomar um café? - Eles marcam o shopping e o horário. - Então até amanhã?

- Até amanhã, tchau.

Desligaram a ligação. Paulo terminou seu segundo suco e pagou a conta. Quando chegou em casa sua mãe já estava dormindo.

Na terça, Paulo chega no shopping na hora marcada, 9h da manhã. Não havia quase ninguém, apenas alguns funcionários e empresários que compravam café. Paulo encontrou uma mesa reservada em um canto e mandou uma mensagem pra Thales dizendo que já estava o esperando. Após dez minutos, Thales chegou.

De longe, Paulo viu que Thales vestia uma calça jeans, uma camisa preta e tênis da mesma cor. Quando seus olhares se cruzaram eles sorriram. Paulo vestia uma calça vinho com uma blusa preta. Thales sentou na sua frente e pegou o cardápio.

- Desculpa a demora, peguei um trânsito e o elevador do prédio tava com defeito. Já pediu alguma coisa?

- Que nada! Ainda não, mas eu quero um café forte porque tenho reunião a tarde na Multishow. - Chamaram o garçom e fizeram os pedidos.

- Comeu muito Bobs ontem? - Thales brincou enquanto colocava o celular sobre a mesa.

- Eu não estava no Bobs tá? Estava no posto de gasolina mas podia está sim
no Bobs. - Eles riem. - Você é dermatologista mesmo?

- Sou! Duvidou de mim? Meu jaleco está no carro, tenho provas. Ou eu tenho cara de ser outra coisa? - Thales disse encarando os olhos verdes de Paulo e sorrindo.

- Você poderia ser modelo, ator, sei lá. Não tem cara de que gosta de passar dia em consultório atendendo adolescente que chora por causa de espinha. - Thales ri.

- Não tem muito adolescente assim. Às vezes aparecem garotas histéricas por causa de espinha, mas eu não sou Deus pra tirar uma espinha do dia pro outro. - O café e acompanhamento deles chegam.

- Porque você decidiu fazer medicina? - Paulo disse levando a xícara de café a boca. - Eu nunca passaria nisso.

- Eu sempre quis ser médico, me formei e mudei pro Rio. Queria ser pediatra, mas depois preferi dermatologista. Eu gosto de ficar o dia com os pacientes. - Ele sorri. - Deveria ir no consultório algum dia desses.

- Mas é claro que eu vou! Qualquer dia chego lá de surpresa. Minha reunião hoje é sobre o filme de Minha Mãe É Uma Peça 2. - Seus olhos brilhavam. - Estamos tentando começar logo a filmagem, mas é complicado.

Eles conversam sobre o filme, teatro e artistas. Eles pagam a conta e descem para o estacionamento juntos.

- Ah, você tem que conhecer minha mãe! Ela é super engraçada. Só não deixo conhecer minha irmã porque não quero cunhado. - Paulo disse assim que chegaram ao carro de Thales.

- Adorei ter tomado café com você. Poderíamos marcar de sair mais vezes, levar Camila, alguns amigos. - Thales dizia indo pro lado do motorista e abrindo a porta. Paulo sorriu como se fosse um "sim". - Ah, e outra coisa, não quero ser seu cunhado.

Thales entra no carro rindo. Paulo vai pro seu carro e logo chega na reunião. Depois de três horas em uma reunião, conseguiu liberar o filme e iriam começar as gravações dentro de dois meses. Paulo ligou pra Samy dizendo que ela interpretaria Valdeia novamente, e para Marcus para contar a novidade. Chegou em casa a tardezinha e contou a sua mãe. Mas antes começou a filmar, com certeza iria para o final de filme.

- Não acredito que você vai começar a filmar Paulo Gustavo! Não quero minha imagem nesse filme, você tá me entendendo? Os textos são meus e eu não ganho nada em cima! - Paulo se divertia com a cena.

- Calma mãe! A senhora não quer participar? Pensei num papel ótimo pra senh...

- Sai da minha cozinha, Paulo Gustavo!

Na sexta de manhã Paulo voltava de Recife, tinha ido fazer o Hiperativo de noite e voltava pro RJ. Não tinha falado com Thales na quarta, nem na quinta. Ele queria muito falar com ele ou vê-lo. Assim que desembarcou no Santos Dumont, deixou suas malas no apartamento do Leblon e procurou o consultório de Thales. Cerca de quinze minutos, estava entrando na clínica.

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