- Olhe aqui. Eu amo o Thales, - Paulo disse pressionando Dudu contra a parede com força. - Não tente nada pra separar a gente, nada entendeu? Caso você tente algo, eu coloco você pra fora do 220 no meio da turnê, o que vai sujar sua imagem pra qualquer outro trabalho.
Paulo o soltou e se afastou. Voltou a respirar pesado até voltar ao normal. Dudu estava ajeitando a gola da blusa que Paulo tinha amassado.
- Desculpa, Paulo.
Paulo fez que sim com a cabeça e saiu apressado, descendo pela escada de incêndio. Chegou em casa e viu Ju e Dea sentadas no sofá folheando revistas.
- Ju, o Thales ligou? Meu celular descarregou. - Ele disse alto indo pro quarto.
Colocou o celular na tomada, pegou a mala que estava desfazendo e começou a jogar roupas limpas que estavam no guarda roupa dentro. Jogou sapato, papéis em uma outra, seu computador jogou dentro com sapato e tudo. Ju apareceu na porta sem entender nada.
- Mamãe está colocando seu jantar. O Thales ligou uma vez e pediu pra você ligar. - Ju disse colocando as mãos em cima da mala que PG estava fechando. - O que houve lá no Dudu?
- Eu apenas falei que se ele continuar se metendo na minha vida coloco pra fora do 220. - Paulo viu que o celular tinha carregado 10% e ligou pra Thales. - Oi amor.
- Oi. Eu te liguei e deu desligado.
- Eu sai rapidinho. Onde você tá? - Paulo terminou de fechar a mala e foi pra sala, com Ju o seguindo. - No seu apartamamento?
- Aham. Vai vir pra cá?
- Chego aí daqui a meia hora, deixa o porteiro avisado pra garagem. Beijo. - Quando Thales ia desligar, PG disse. - Eeeei, te amo.
- Eu também te amo.
PG sorriu e desligou. Sua mãe tinha feito um prato pra ele comer e estava na mesa com suco. Ele comeu correndo com sua mãe o observando.
- Paulo, você não fez besteira com Dudu não né?
- Claro que não, mamãe. - Ele terminou deixando metade da comida. - Eu vou dormir na casa do Thales hoje, ok?
- Mas vocês ficaram duas semanas juntos! E você me deixou aqui sozinha com a Juliana.
- Eu sei mamãe, mas amanhã eu prometo ficar com você. - Ele foi no quarto, pegou as duas malas e foi pra porta. - Tchau gente.
Thales abriu a porta e ajudou PG com uma das malas. Estranhou aquilo, mas não perguntou nada.
- Ué, vai viajar? - Thales disse trancando a porta.
- Vim dormir com você hoje, mas amanhã você encaixota todas as suas coisas. - Thales franziu a testa. - Vamos morar juntos no Leblon.
- Pa-Paulo, eu não posso aceitar morar com você sem pagar nada. Nã-não é certo. - Ele gaguejou sem saber o que falar. - Porque você resolveu isso sem me falar nada?
- Por favor, não fala nada.
Paulo puxou Thales e o beijou. Foram andando até o sofá sem parar o beijo, tiraram as blusas e as calças em questão de segundos.
Thales queria saber porque Paulo estava agindo daquele jeito, e com duas malas na sua casa, mas não iria parar o sexo.
Depois de uma hora de amor no sofá da sala, os dois se deitam no chão com travesseiros sob a cabeça ainda pelados. Paulo fica fazendo carinho no cabelo de Thales, enquanto ele o olha com um olhar apaixonado.
- Me conta o que aconteceu. Por favor. - Thales disse sorrindo de lado. - Estou curioso.
- Foi o Dudu. - Paulo sentou no tapete e pegou a cueca do chão, segurando-a. - Não queria acabar com o clima, e voltar ao assunto daquela discussão na viagem.
- Mas eu preciso saber. Envolve a gente? - Thales sentou igual a Paulo.
- Ele disse que você não me fazia feliz pro Marquinhos. Eles acabaram brigando, e eu fui tirar satisfação. - Paulo começou a encarar o nada. - Falei pra ele que se continuar falando merda, tiro ele do 220 Volts no meio da turnê.
- Ele ainda gosta de você. - Thales disse levantando e vestindo a cueca. - No palco ele te olha como você fosse um deus.
Thales foi até a cozinha deixando Paulo na sala. Pegou uma garrafa de água e bebeu no gargalo, devolveu a garrafa pra geladeira e encostou-se na porta.
- Minha mãe arranjou um amigo, namorado, sei lá. Ju me disse que ela vai todo dia pra orla de Icaraí pra vê-lo. - Paulo rolou os olhos. Thales acabou rindo. - Você tá rindo porque não é a sua mãe.
- Ela é adulta, Paulo. Não quero me meter nos assuntos da sua família, ok? - Thales disse o olhando, mas PG encarava a porta da sala. - E quanto a Dudu? Você ainda ama ele?
Paulo olhou pra Thales e baixou a cabeça. Thales sentou na porta da cozinha/sala, de modo que desse pra ver PG sentado. Os dois ficaram em silêncio. Pensando em alguma coisa, em alguém ou em nada.
- Dudu e eu ficamos mais de um ano juntos, e terminamos há sete meses. - Continuavam sem se olhar, encaravam apenas o chão. - Eu considero ele apenas um amigo.
Silêncio novamente. Paulo vestiu a cueca sentado e pegou o celular, colocou pra carregar na tomada perto do chão e voltou pra onde estava.
- Não vou conseguir ficar dias no Rio longe de você, enquanto você estiver dançando e dividindo camarim com ele. - Thales negou com a cabeça. - Serão oito cidades, oito cidades com ele no palco, te abraçando e dançando.
- Então a gente vai acabar tudo? - Os dois se olharam e baixaram a cabeça. - Mesmo que seja pouco tempo junto, não vivo sem você mais.
- A gente aprende com o tempo. - Paulo sentiu seu coração apertar. - Eu te amo, amo mesmo, mas acho que sempre vai ser assim. Marcelo e Dudu no meio.
Silêncio de minutos. Paulo levantou, se aproximou de Thales ficando na sua frente, baixou-se e levantou seu rosto. Os olhares se encontraram.
- Eu vou tentar tudo pra te trazer de volta. Eu te amo. - Paulo lhe beijou pela última vez. - Eu te amo.
Paulo vestiu a sua roupa, pegou o celular, as duas malas e desceu sem falar nada. Assim que a porta fora fechada, Thales desmoronou.
Começou a chorar igual a uma criança que cai e se machuca. Começou a lembrar de Paulo igual um idoso lembra de algo bom quando que fez quando era jovem.
Paulo pegou seu carro e dirigiu para o primeiro lugar que lhe veio a cabeça. Casa da Fiorella. Apertou a campainha à 1:00 da manhã, Fiorella apareceu logo depois com um roupão por cima do pijama.
- Paulo? - Ela olhou o relógio da sala. - O que houve pra me visitar hora dessa?
- Esse ano começou uma merda. - Ele disse entrando. - Thales e eu chegamos de viagem ontem de manhã. Terminamos há meia hora.
- Porque... Porque vocês... Porque? - Fio não sabia o que dizer. - Vocês se amavam! Aliás, vocês se amam.
- Eu sei. Tudo culpa do Dudu. - Paulo disse se irritando e sentando no sofá.
Paulo contou tudo. Fio já sabia da briga entre Dudu e Marquinhos, mas mesmo assim ouviu tudo de novo, até o final onde Paulo foi parar na sua casa.
- Olha, eu não sei o que dizer, Paulo. Sinto muito por vocês...
Paulo volta a chorar no colo de Fiorella, e como ela não sabia o que fazer, a única coisa que pediu foi para que fossem dormir na cama dela.