Cerca de oito pessoas aguardavam sentados na recepção. Paulo dirigiu-se até o balcão e perguntou se Thales estava atendendo.
- Thales atende aqui hoje? Dermatologista. Não tenho hora marcada, mas esperarei todos se consultarem.
- Tudo bem, preciso de sua identidade e convênio. - Ele entrega e ela o registra. - Só aguardar.
Paulo teve que esperar quase duas horas, já havia passado a hora do almoço, iam dar 13:30. Paulo entrou no consultório e Thales estava de costa mexendo em algo.
- Vim saber como está a minha pele. - Paulo disse fechando a porta e rindo. Thales o olha e sorri. - Eu disse que iria fazer uma surpresa.
- E que surpresa! Quando minha secretária disse que tinha um paciente a mais sem estar marcado fiquei logo bravo porque estou morto de fome. - Thales disse levantando-se e desligando o computador.
- Então vamos almoçar juntos. Acabei de chegar de Recife, deixei minhas coisas no apartamento e vim aqui.
- Você já foi em Niterói e voltou?
- Não! Como eu faço peça aqui na capital no final de semana, prefiro ficar no meu apartamento aqui no Leblon.
Thales organizou suas coisas enquanto Paulo aguardava-o sentado. Falou como foi o Hiperativo e da loucura dos fãs.
- Estou pronto, vamos? - Thales perguntou.
Ele continuava vestido de jaleco. Paulo ia abrir a porta mas Thales o encostou nela antes. Paulo riu e entendeu o recado.
Ali, encostados na porta, os dois se beijaram pela primeira vez. Um beijo que demorou cerca de trinta segundos, um beijo lento. Thales colocou aos mãos ao redor da cintura de Paulo, enquanto Paulo cercava com uma seu pescoço e a outra puxando de leve seu cabelo.
Se afastaram e sorriram. Thales se aproximou e o beijou novamente. E de novo. Estavam encalacrados um no outro, nem se fosse apenas naquele momento.
Thales retirou o jaleco e o dobrou no braço. Os dois saíram da sala sorrindo.
Escolheram um restaurante e foram no carro de Paulo, pois Thales voltaria ainda para atender de tarde. Depois do primeiro beijo, estavam mais calados, porém mais sorridentes. Estacionaram o carro e pegaram uma mesa reservada, onde não passava muita gente. Escolheram seus pratos e um suco.
- Almoçar é ruim porque não pode beber um vinho pra se tornar romântico. - Thales sorri.
- Mas eu ainda vou trabalhar, como vou beber vinho no almoço? - Paulo sorri. - Vai ter peça hoje?
- Não, só amanhã e domingo. Temporada final porque vou começar a turnê daqui a pouco. Ah, esqueci de te contar! - Thales ri do entusiasmo. - Dentro de dois meses começa as gravações para Minha Mãe É Uma Peça 2!
- Sério? Você não me falou! Esqueceu mesmo hein? Obrigado. - Disse como se sentisse excluído.
- Até parece que você não viu no meu Instagram, Thales. Eu tô muito feliz, esperei por isso por mais de um ano! - Thales levantou o copo de suco para um brinde. - Não pode pedir nem uma Fanta Uva pra dizer que é vinho?
- Não! Refrigerante faz mal pra saúde. Temos que ser saudáveis.
- aaaOU! Só porque é médico não vai ficar me passando dieta não tá? E você é dermatologista lembra? - Eles riem. - Ainda tem muito paciente a tarde?
- Não, acho que uns cinco. Isso se não aparecer ninguém sem hora marcada. - Ele disse o encarando e sorrindo.
- Se você quiser eu apareço e a gente fica pra fechar o consultório. - Paulo disse piscando e pegando na sua mão por cima da mesa. - O que acha?
- Meu consultório não é local pra ficar de pegação, senhor Paulo Gustavo. Ambiente de trabalho? Nunca! - Disse rindo. - Você já se pegou com alguém no camarim?
- Não quero falar de relações passadas, mas já sim. Você nunca? - Paulo perguntou de boca aberta enquanto o garçom colocava os pratos à mesa. - Meu Deus... Vamos mudar isso, Thales Bretas
- Mudar? Prefiro meu ambiente de trabalho como ambiente de trabalho.
- E agora mais cedo? A gente não chegou a se pegar, mas foi uma semi-pegação. - Disse olhando Thales ficar vermelho. - Timidez não! Já conheci sua boca, não quero mais essa timidez entre a gente.
Os dois almoçam juntos mas logo Thales tem que voltar para o consultório. Thales pára na porta e o olha.
- Bom trabalho. - Paulo disse e Thales se aproximou, lhe dando um selinho.
- Te ligo quando acabar aqui. Vai pra onde agora?
- Não sei, perturbar algum amigo meu,
passear. Hoje não tem Vai Que Cola e nem 220, tô livre. - Ele abre um sorriso.- Tenho que ir. Bom passeio. - Saiu do carro e entrou no consultório.
Às 17h, Paulo estava no caixa de uma loja no shopping pagando duas camisas e uma calça. Ligou pra Thales e o mesmo não atendeu, com certeza estava atendendo alguém. Andou pelo shopping, tirou fotos com algumas pessoas e Thales logo o ligou.
- Estou saindo agora, onde você está? - Thales disse logo que Paulo atendeu. - Tô com fome, pra variar.
- Eu estou indo pra casa, quer ir comer alguma coisa? Eu tô sem fome.
- Vamos fazer assim, eu passo pra comer em algum lugar e mais tarde a gente se vê em algum barzinho.
Então decidiram. Iriam se encontrar no barzinho junto com Marcus, Anderson, Fiorella e Pato.
- Te liguei e não me atendeu, se fosse Fiorella atendia em um minuto. Pato ridículo. - Paulo reclamava de ter ficado dez minutos procurando por eles. - Fiorella, procura outro bicho, por favor.
- Tava no modo vibratório, tenho culpa não. - Pato dizia se defendendo. - Pede mais uma rodada de chopp, Marquinhos.
- Eu quero é saber que horas o Thales vai chegar. - Anderson comentou olhando o celular e depois Paulo. - Ele é super legal, bonito...
- Ô Majella, olha teu namorado querendo pegar outro cara aqui! Thales e eu não temos nada, então não é pra ficar fazendo comentário besta, tá? - Paulo estava impaciente porque Thales não tinha chegado ainda. - Onde será que ele se meteu?
- Deve ter arranjado um Anderson em outro barzinho. - Fiorella disse fazendo todos rirem. - É aquele ali descendo do carro?
Paulo virou-se pra olhar e era Thales. Usava uma calça preta, sapato preto e blusa azul escura. Paulo levantou-se e atravessou a rua correndo.
- Quase não chega hein? Pensei que tivesse desistido. - Se abraçaram e se olharam.
- Não, só estava ajeitando uma mochila de roupas. - Ele respondeu travando o quarto.
- Ué, vai viajar?
- Não, vou dormir na sua casa hoje. - Thales piscou sorridente e atravessou em direção a Marcus e Anderson.