Capítulo 60

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POV Bruno.

Eu nunca pensei que minha irmã seria capaz de tal coisa .. Valesca nunca foi muito equilibrada da cabeça, mas cometer um crime? Não, isso eu jamais imaginaria.. Talvez isso seja culpa dos nossos pais que nunca se importaram com nos, sempre me perguntei porque eles nos tiveram se nunca nos amaram, não da pra entender ... Crescemos sendo criados por babás e sempre estávamos trocando já que fazíamos de tudo para manda-las embora para que talvez assim nossos pais cuidassem de nós mas nunca adiantou, nunca! Deve ser por isso que chamava David e Dalila de bastardos, talvez eu apenas escondia a minha verdadeira realidade, eu era um bastardo de pai e mãe ...

Segui todos que estavam na casa ate entrar em um quarto e a pior cena do mundo chamar minha atenção ... Minha irmã estava deitada no chão, ensanguentada e morta. Meus olhos se encheram de lagrimas e eu fui me aproximando dela e me ajoelhei ao seu lado, segurando em sua mão.

- Me perdoa por não ter sido o irmão que você precisava, eu deveria ter dado mais atenção a você. Deveria ter sido seu pai e sua mãe por ser o mais velho, mas não. Pisquei deixando as lágrimas escorrerem.- Eu fui egoísta, só pensei em mim mesmo, só no meu prazer, só no meu umbigo e deixei de lado a pessoa mais importante da minha vida, a minha única filha! Me perdoa Maninha ..

Encostei o rosto no corpo dela e comecei a chorar, enquanto segurava sua mão com força .. Agora eu estava sozinho, eu acabei de perder minha única familia por ter sido um estúpido. .. Senti uma mão tocar meu ombro e quando olhei era a Ana que estava ajoelhada ao meu lado.

- Eu sinto muito por estar te causando essa dor. Disse com lágrimas escorrendo.

- Acho que o único que deve pedir desculpas aqui sou eu. Funguei.- Eu poderia ter a impedido de alguma forma.

- Você não podia adivinhar.

- Se eu fosse mais presente na vida dela talvez isso não teria acontecido.

- Não se culpe. A culpa não é sua!

- Eu perdi minha única familia Ana.

Comecei a chorar e ela me abraçou com força, depositando sua cabeça em meu ombro .. A dor que eu estava sentindo era pior do que facas sendo enfiadas por todo seu corpo e eu não desejo essa dor para ninguém! Tivemos que nos afastar do corpo para que eles a colocassem naquelas capas pretas e em minutos a tiraram dali.

.....

Morte. A palavra, por si só, já carrega um peso. É a única certeza que temos na vida, a de que todos morreremos um dia. Mas é difícil se preparar para perder alguém. Algumas almas elevadas conseguem lidar bem com as perdas, mas acredito que a grande maioria das pessoas não está pronta para ver arrancado de sua vida alguém que ama. A gente sente uma saudade diferente. É uma saudade amarrada pela certeza de que nunca vai passar. É uma saudade que vai ser eterna. A gente apenas se acostuma a conviver com a ausência, mas não esquecemos, não deixamos de sentir falta... as memórias permanecem, o peito aperta em cada lembrança, e só o tempo mesmo para acalmar o coração...

A morte é algo tão estranho, não acham? Depois de tal notícia, você fica com aquela sensação horrível, tipo: "Cara, eu toquei a pessoa ontem", hoje, ou a cinco minutos. E do nada, num piscar de olhos, num click no controle, num milésimo de segundo, por algo banal ou algo medonho, você não pode mais tocar, sentir, ver, e ouvir a pessoa. Você fica tão mal, que só pensa em conversar com alguém, mas infelizmente, a única pessoa com quem você realmente quer bater um papo é aquela que no momento não está mais presente. E essa é a pior dor que nós podemos sentir, a dor de querer e não poder."

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O enterro da Valesca foi simples, sem muitas pessoas, Daniel, David, Dalila, Roberta, Robson e Ana estavam lá, Ana foi a única que ficou ao meu lado o tempo todo, segurando minha mão, chorando junto comigo não sei se foi por pena ou por arrependimento, mas isso também não me importa, o que importa era tê-lá ali comigo, nesse momento tão difícil! Meus pais foram, minha mãe gritava como se aquilo realmente tivesse importância, mas eu sabia que era só teatro, ela nunca se importou conosco.

- Meu filho!. Minha mãe veio chorando com os braços abertos.

- Não encosta em mim! . Dei um passo pra trás.

- Eu já perdi uma filha, não quero te perder também!

- Você nunca me teve, nunca nos teve, então não seja hipócrita!

- Bruno, respeite sua mãe!

- O que estão fazendo aqui? Vão embora. Nunca se importaram com ela e agora estão aqui chorando? Vão embora, ninguém precisa de vocês aqui!

Eu disse o mais frio possível, eles me olharam incrédulos e meu pai foi levando minha mãe.

- Esta tudo bem?. Ana perguntou e eu concordei com a cabeça.

- Obrigada por ter ficado comigo Ana, mas eu preciso ficar sozinho.

- Tudo bem. Se precisar de algo por favor, não hesite em me procurar.

- Obrigado!

Ela beijou meu rosto e saiu andando, a vi se juntar com sua familia e eles como todos os outros foram embora, me deixando sozinho na beira da sepultura.. Respirei fundo e fechei os olhos, sentindo gotas de chuva caindo sobre mim e não me importei, talvez essa chuva lavasse minha alma, diminuísse minha dor.

[......]

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