E se fosse diferente? [Completo+Em Breve Entrará Em Revisão]

6- Adorável

Em casa ou em algum lugar. Tanto faz.

Chegou o dia de Sofia viajar. A Espanha iria receber a inteligência e determinação de Sofia Collins por 1 ano e 8 meses, em intercâmbio de Arquitetura. Mas é como se todas nós soubéssemos que há algo maior a sua espera. Não é apenas uma viagem de estudos. Essa é a viagem de sua vida. Esse é o lugar que tanto sonhou e sei que este é apenas o começo, de um futuro muito distante de nós.

Ela estava indiscutivelmente linda usando seu cardigã vermelho e vestido floral. Sua pele bronzeada do verão contrastava com seu cabelo meio ruivo que caía levemente sobre os ombros -- herança genética da mamãe --. Seus olhos pareciam armazenar toda luz que entrara em contado consigo.
Algo havia se rachado entre nós, mas com certeza a casa sofreria mais uma indesejável perda. Mais um vazio seria aberto. Mais um galho seria arrancado impiedosamente da árvore Collins. Dessa vez um pouco menos doloroso, mas de qualquer forma todas nós sentiríamos sua ausência, mesmo que seja por sua escolha.

-- Se você não trouxer da Espanha tudo que coloquei na lista, nem precisa voltar. -- Lilly diz, envolvendo Sofia pela cintura.

-- Não se preocupe Lilly, não esquecerei nenhum item sequer. - Lilly parece um pouco mais aliviada, porém ainda triste.

-- Onde está a Hanna? Está quase na hora. - escuto Sofia falar quase sem fôlego de tanta ansiedade, enquanto desço as escadas.

-- ¡Hola niña! ... ¡Buen viage! -- tento falar alguma coisa em espanhol. Enquanto a Alice não para de chorar.

--¡Muchas gracias! Cuida delas por mim? -- Sofia me pede com lágrimas nos olhos.

Eu sou a última pessoa no mundo em que ela deveria deixar essa tarefa.

-- Não sei se dou conta. - digo a verdade, pois sei que não consigo.

-- Ei, eu ainda sou a mais velha daqui! - Alice diz com sua voz entrecortada. Seu nariz está vermelho e lá se vão duas caixas de lenços.

-- Quando você quer Hanna, você pode tudo. - Sofia me abraça apertado e lágrimas escorrem delicadamente do seu rosto.

Em seguida, todas nós juntas. Sinto sua falta antes mesmo de partir.

-- Você vai voltar, não vai? - Lilly fala entre soluços, mas Sofia apenas assente com a cabeça, comprovando o que eu já suspeitava.

Ela não vai voltar. Pelo menos, não por um longo tempo.

-- Que cheiro é esse? - Lilly fareja, como um cachorrinho. -- Não! -ela diz surpresa.

-- Pizza de calabresa... - Sofia diz enxugando as lágrimas com as mangas do cardigã.

-- E brigadeiro de panela! - dizemos as quatro em uníssono.

-- Em nome dos velhos tempos. - digo e isso me traz a realidade que eu tanto tento fugir.