Diário de um Mistério

As piores férias da minha vida

Tudo começou quando Luna recebeu uma ligação urgente de seu pai.
-E isso tinha que acontecer justamente nas minhas férias? Outra vez? Ele devia pensar mais em mim do que no trabalho. Sempre essa droga de trabalho! Sempre! Que raiva!
-Olha, seu pai te ama, Luna. Tenho certeza que se não fosse importante, ele não deixaria você aqui. Pensa que depois ele vai voltar e vocês vão aproveitar todo o tempo juntos. E você ainda tem sua mãe durante as férias.
-Cala a boca Emma, você não sabe de nada, seus pais estão mortos e você não cabe a você dizer nada pra tentar mudar a minha vida! Eles morreram e tudo por sua causa!
-Eu... sou sua melhor amiga... - Emma disse, as lágrimas quase escapando.
-Eu sei disso e você acha que estou pelo menos ligando pra isso. Quero saber só como vai ser minhas férias. O sonho de ir à Nova York já foi arruinado. Você sabe quantos planos eu já tinha feito para essa viagem? Claro que não né. Você nunca nem ao menos saiu dessa cidade imunda. Como vai saber o que encontrar lá fora.
-Eu... preciso ir pra casa. Tenho muita coisa para fazer. Vejo você depois quando tiver mais calma, eu espero.
-Que saco! Nem para ficar comigo nas horas difíceis você serve!
Após Emma sair do quarto, Luna atirou a almofada contra a porta com toda a raiva que estava sentindo no momento e as lágrimas vieram.
Raiva pelo pai que sempre a deixava de lado, raiva pela mãe que sempre estragava tudo, raiva pela melhor amiga que nunca a compreendia, raiva de tudo.
Acabou adormecendo e acordou ao que pareceu à ela 5 minutos depois com a campanhia tocando. Levantou-se desorientada e foi abrir a porta. Era sua mãe.
-Como sempre esquecendo a chave. Quantas vezes eu tenho que falar? Chave serve para abrir portas, caso você esqueça, pode acarretar sérios problemas, como por exemplo acordar sua filha adolescente.
-Boa tarde para você também querida, tenho ótimas novidades!
-Se não for uma viagem a NovaYork, nem preciso saber.
-É bem melhor que isso, tanto para você quanto para mim. Eu recebi uma pesquisa de trabalho para descobrir de onde vem todo o lixo de uma cidadezinha no interior de São Paulo, nao estou lembrada do nome agora. O bom é que vamos passar o mês inteiro juntas e da melhor forma que alguém poderia viver, longe de tudo o que estressa, com toda a natureza ao redor.
Quando acabou de falar, Luna já estava tendo um acesso ou coisa parecida.
-O que?? Meus ouvidos estão me enganando?? Será mesmo que eu estou acordada?? Eu... Eu odeio você. Você sabe que eu odeio o seu trabalho. Odeio tudo e ainda quer me fazer passar um mês... um mês inteiro convivendo com você cuidando da natureza, ouvindo você repetir o que é ecologicamente correto e... Eu te odeio.
Luna saiu correndo em direção ao quarto e bateu a porta. Chorou descontroladamente.
Odiava o trabalho da mãe pois foi graças a ele que ela se separou de seu pai. Pelo menos foi o que seu pai contou, sua mãe nunca tocava no assunto. Pra ela, sempre foi como se ele nunca tivesse existido.
De qualquer forma ela odiava tudo o que a mãe fazia, sempre se lembrando do que ela fez ao seu pai.
Batidas na porta.
-Luna, por favor, me deixa entrar. Não vou te fazer mal.
Ninguém respondeu
-Eu sou sua mãe. Eu exijo falar com você agora!
Nada.
-Vamos fazer um trato? Eu não vou obrigar você a nada. Você só vai se quiser. Contanto que arranje outro lugar para passar as férias. Caso contrário vai ter que vir comigo. Bom, vou deixar-la em paz, imagino que o seu dia não foi nada divertido. - falou sua mãe calmamente através da porta.
-Essas com certeza vão ser as piores férias da minha vida!

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