Ufa! Quase

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-Luna! Luna!
Era Rony quem falava. Quase um sussurro. Não o haviam pego. Ela inesperadamente ficara mais feliz. Não ia se perdoar se acontecesse algo à ele, ela quem o metera nessa enrascada.
-Você está bem Rony?
-Nunca achei que você seria capaz de se preocupar comigo. Sim, estou ótimo, melhor agora. Você já pode sair desse tobogã, a pessoa foi embora.
O jeito mais fácil para Luna sair do tobogã, seria escorregando por ele. Mas apesar dela não gostar muito da idéia, acabou descendo e se estatelando no chão da piscina.
-Você está bem? - Rony muito preocupado, foi até Luna para ajudá-la a levantar-se.
Luna gritou quando tentou se levantar. Seu pé direito havia torcido durante a queda. Ela não conseguia andar. A sorte deles era que não havia mais ninguém por perto, assim eles poderiam subir pelas escadas.
Luna se apoiou no ombro de Rony e foi pulando de um pé só até chegar na escada.
Ela tentava subir mas não conseguia. Tentou várias vezes e nada.
-Se você permitir eu posso levá-la nos braços. Ou você pode tentar subir sozinha que acho bem mais difícil.
-Tudo bem, mas nada de gracinhas. Precisamos sair logo desse lugar.
Rony sorriu e levantou Luna nos braços.
"Nossa como ele é forte." pensou Luna, aproximando sua cabeça do pescoço de Rony, sem que ele percebesse "E esse cheiro" seu coração começou a disparar. "Isso não pode acontecer".
Rony subia as escadas com muito esforço devido ao peso de Luna, mas deu tudo certo.
-Já pode me colocar no chão! Eu consigo daqui pra frente.
-Você quem sabe. Mas foi um prazer carregar-la.
-Pois fique sabendo que eu odiei. Vamos logo porque pode aparecer alguém e com meu pé desse jeito vai ser difícil escapar de mais uma.
-Você quem manda.
Luna apoiou o braço sobre o pescoço de Rony e foi pulando com um pé só.
Já haviam saido do lugar. Estavam agora caminhando/pulando pela estrada de terra. Luna já estava nas suas últimas forças. Não iria aguentar muito tempo. Um pé doia muito e estava cansada de tanto pular com o outro.
-Eu nao estou... aguentando mais. - Luna parou e se segurou em Rony, seus olhos encontraram-se por uns segundos. Silêncio. Ela desviou o olhar.
-Eu posso te levar nos braços novamente. Pra mim não seria nenhum incômodo.
-Tudo bem. É o único jeito.
Foram o caminho em silêncio. Luna de vez em quando dava umas olhadinhas disfarçadas a Rony. Ele era muito bonito. O suor já estava escorrendo pelo seu rosto.
Pouco tempo depois, Rony não estava mais aguentando. Sua pele suava com o esforço de levar Luna e devido ao sol já quente.
-Eu já posso ir andando agora. Você já está muito cansado. Agente vai revesando até chegar em casa.
-Tudo bem. - Rony colocou Luna no chão com muito cuidado para não machucar seu pé. Ela novamente se apoiou nele e continuaram a caminhada.
Era a vez de Rony admirar Luna. Ela não estava percebendo. Estava muito concentrada em ter que pular com um pé só, sempre tendo cuidado com o pé machucado. Ele a olhava de um jeito diferente.
-Meu pé está doendo muito.
-Só mais um pouquinho, já estamos chegando. Olha, já é possivel ver a casa daqui onde estamos.
-Me leva? - Luna estava sentindo muitas dores. O pé estava inchando.
Rony nem respondeu. Simplesmente colocou-a nos braços.
Finalmente chegaram. Luna abriu o portão e eles entraram. Ela ainda nos braços de Rony.
Ele colocou-a no sofá. E foi correndo para a geladeira. Encontrou uma bolsa de gelo e depositou-a no pé de Luna. Ela suspirou de alívio.
-Você se importa se eu for no banheiro lavar meu rosto? Estou muito suado.
-Claro que não. Você me ajudou muito. Obrigada.
-Não precisa. É isso que os amigos fazem.
Luna ia contradizer-lo, mas preferiu ficar calada e sorriu.
Ele sorriu de volta. E subiu para o banheiro.
Ao voltar, Luna falou:
-Como você conseguiu se esconder na piscina?
-Eu tive sorte. Só me escondi embaixo do tobogã. A pessoa nem reparou em nada.
-Que bom.
-Você ficou mesmo preocupada?
-É eu fiquei. Foi eu quem meteu você nessa enrascada. Tem uma coisa que eu queria saber: o que aconteceu para aquele lugar ficar tão poluído?
-Bom, vou te contar a história. Há alguns anos atrás, esse rio era considerado o principal ponto turístico da cidade. Pessoas de vários lugares do Brasil vinham conhecê-lo. Várias famílias vinham todos os dias. Era muito bonito e vivo. Todos o adoravam e cuidavam bem do local. Foi criado uma espécie de pousada lá, por isso tem também aquela piscina. O problema é que o dono da pousada, residente lá, construiu-a em um local que traria riscos para o rio. Como solução, o governo mandou destruir a pousada. Desde então, com o passar do tempo, ninguém sabe o que acontece, mas sempre aparece cada vez mais lixo no local.
Luna escutou tudo em silêncio como toda a atenção. Quando Rony parou, ela perguntou:
-E por que as pessoas não se juntam e fazem uma limpeza em tudo. Poderia dar certo.
-E isso é onde chega o problema. A alguns anos, na mesma época em que o rio começou a ser poluído, as pessoas se juntavam para limpar-lo, conseguiam tirar todo o lixo, mas no outro dia, o lixo aparecia duas vezes pior. Foi assim durante alguns dias, até que as pessoas desistiram. E está assim até hoje. Ninguém descobriu o motivo. Várias pesquisas foram realizadas, mas sempre param por não conseguirem chegar a lugar nenhum. A Polícia já isolou o caso. É frustate.
-Eu não sei nem o que falar. Eu nunca liguei para a natureza. Sempre odiei o trabalho da minha mãe. Mais isso é realmente horrível.
-Eu sei.
-Eu estou me sentindo um lixo. Preciso de um banho. Estou toda suada.
-Tudo bem, eu espero aqui.
-Vou precisar de ajuda para chegar até o banheiro, esqueceu?
-Ah claro que eu te levo!
As escadas eram muito estreitas e seria bem mais difícil.
Demorou um tempo até chegarem lá em cima, mas deu tudo certo. Luna abriu a porta do seu quarto e Rony levou-a até o banheiro.
Estava bem apertado.
Rony colocou-a no chão.
-Se eu precisar de você eu chamo. - falou Luna.
Quando Rony ia se virando para sair, Luna escorregou, e ele segurou-a pela cintura antes dela cair no chão.
Seus olhos se encontraram.
Silêncio.
Ele olhou para a sua boca e beijou-a.

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