Emoções

1K 135 18
                                    

      Ambos estavam igualmente calados. Mas suas aparências eram totalmente diferentes: Rony parecia bastante contente por estar na companhia de Luna, e esta, já demonstrava o contrário.
      -E aí? Vamos ficar calados? -falou Rony sorrindo (como sempre).
      -Se quiser continuar aqui, a resposta é sim.
      -Por que você é sempre um pouquinho mal humorada? Você é tão bonita, devia ser legal com as pessoas sabe.
      Luna corou, principalmente na parte do "bonita". Normalmente não costumava receber elogios por sempre querer afastar as pessoas de si.
      Alguns anos atrás ela era praticamente considerada a garota mais legal, divertida e simpática. Só que graças a uma noite, tudo mudou. Sua vida nunca mais foi a mesma e ela deixou de acreditar nas pessoas. Maldita noite.
      -Olá?? - falou Rony fazendo Luna voltar para a realidade.
      -Que foi?
      -Nada. Só que você ficou pensativa de repente.
      -Ah, não foi nada. É só que...
      -Você está chorando?
      -Não. Claro que não.
      Ela estava mentindo, mas não dava para disfarçar. Seus olhos e nariz vermelhos mostravam tudo.
      Rony foi chegando mais perto para abraça-la como um sinal de preocupação, mas antes de fazê-lo, Luna saiu de perto e disse:
      -O que você acha que está fazendo? Eu não te conheço e você acha simplesmente que pode chegar me abraçando sem a minha permissão? Eu não preciso da sua preocupação e estou muito bem se você quer saber.
      Ao dizer isso, Luna saiu correndo e foi para o seu quarto.   Sentou no chão e começou a chorar. Era difícil esquecer aquela noite e sempre aparecia algo para lembrar-la.
      Uma batida na porta.
      -Luna você está bem? - era Rony. Ele parecia bastante preocupado.
      -Vai embora. Quero ficar sozinha.
      -Não vou embora até você ficar bem.
      -O que você quer garoto? Já não mandei você ir embora. Não preciso da sua companhia. - falou Luna do outro lado da porta.
      -Olha, eu não preciso saber o que está acontecendo com você para saber que você não está bem. Só queria ajudar. Não precisa me contar o que está acontecendo. Só queria que você soubesse que se precisar de mim, eu estou aqui, mas se quiser mesmo que eu vá embora, eu volto em outro momento. Eu só quero ajudar. - sua voz era meiga e calma.
      A porta abriu-se.
      Luna saiu do quarto. Os olhos estavam muito vermelhos.
      Rony a abraçou, mas dessa vez ela não se afastou e correspondeu ao abraço, enquanto mais lágrimas vinham.
      Fazia muito tempo que alguém não se preocupava com ela daquele jeito, que até se esqueceu de tudo por um momento. Ainda abraçada a Rony, ouviu uma buzina de carro.
      Era sua mãe esperando que alguém fosse até lá abrir o portão da garagem.
      -Você poderia ir pra mim? -Luna se dirigia a Rony, com a voz delicada que parecia não pertencer à ela. -Eu não quero que ela me veja assim. Por favor.
      -Claro. Claro. - ele tinha um olhar de pena, mas sorriu para Luna e foi abrir o portão.
      Luna foi ao banheiro, lavou o rosto, secou-o e depois olhou-se no espelho. Não estava tão ruim, mas passou uma maquiagem para se certificar que sua mãe não iria perceber. Não queria perguntas. Não iria conseguir se segurar.
      Quando saiu do banheiro, a mãe conversava alegremente com Rony, contando-o como foi o seu primeiro dia de trabalho.
      Como não se interessava pelo assunto, Luna ficou reservada em um canto até Gina perceber que ela estava presente.
      -Então filha, como foi o seu dia? Vocês se divertiram muito?
      -Claro que me diverti. Até chorei de tanta diversão.
       -Que bom que vocês se divertiram. Então Rony já está convidado para mais visitas aqui.   Nem precisa se incomodar. Pode vir a hora que quiser.
      -Muito obrigado. Eu virei sim. -Rony olhou para Luna e sorriu. Ela fingia uma cara de aborrecida, mas por dentro não era isso que demonstrava.
      -Amanhã é Domingo, quem sabe podemos almoçar todos juntos. Não é filha? O que você acha Rony?
      -Seria um grande prazer. Amanhã estarei aqui.
      -Bom, por mim tanto faz. -Falou Luna voltando ao aborrecimento original. Parecia que tudo o que acontecera antes havia sido esquecido.
      Rony foi para casa pouco tempo depois e Luna após o jantar se trancou no quarto.
      Pegou o carregador que havia comprado e conectou ao celular.
      Olhou-o em seguida.
      Sem área.
      Já haviam passado 2 dias que Luna não falava com Emma. Ela estava sentindo mesmo saudades da amiga.

***
Gostando? Não esquece de votar ;)

Diário de um MistérioOnde histórias criam vida. Descubra agora