O desespero da morte

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      Sabe aquele momento em que você fica sem chão, bate um desespero e você não digere tudo o que está acontecendo, sua cabeça gira e gira tentando absorver tudo ao redor, mas é impossível? Era justamente o que estava acontecendo com Rony.
      Isabella não era das melhores pessoas que ele poderia conhecer, mas morrer dessa forma e tão jovem, era crueldade, ele jamais desejaria um final tão cruel para alguém.
      Rony estava tonto, vendo as pessoas ao seu redor aterrozidas, a mãe de Isabella chorando e gritando desesperada ao seu lado e sem saber o que fazer. Isa era órfã de pai e agora sua mãe estaria sozinha, a filha era sua única companhia, agora nada mais restava.
      Rony estava abismado com tamanha crueldade. Como Thomas, a sangue frio, pôde fazer isso? Não o reconhecia mais.
      -Minha filha!! Não, não, filha acorda, mamãe está aqui! Filhaaaa!
      A cena era forte: a mãe de Isabella, ajoelhada ao lado da filha, gritava para ela acordar, as lágrimas escorriam pelo seu rosto borrando completamente toda a maquiagem especial que ela fizera para o casamento e ela puxava os cabelos em uma tentativa de camuflar a dor que sentia por dentro.
      Todo o sangue de Isabella parecia ter saído de seu corpo, seu rosto estava branco e flácido, seus lábios roxos, em nenhum momento poderia ao menos fingir que ela estava dormindo, estava evidente que não.
      Quando tratamos da morte, todos se fazem a mesma pergunta: para onde vamos? Ninguém sabe ao certo, mas dentro de várias especulações, uma coisa era certa: Isabella iria para um lugar melhor agora, melhor que esse mundo cruel.
      Ela amava Thomas e estava estampado que ela só aceitara fazer tudo aquilo para agradar-lo. Mas ele parecia não sentir o mesmo, a única pessoa a quem ele ainda tinha algum sentimento, era ele mesmo e essa paixão por vingança o fazia cada vez mais psicótico.
      A Polícia não demorou muito a chegar pois a cidade era pequena, isolou o local do crime e foram preciso duas pessoas para tirarem a mãe de Isabella de cima do corpo da filha, foi quase uma guerra para realizar tal ato.
      A perícia foi realizada e descobriram que a arma era um revólver calibre 38. Sobre o culpado: nada! O caso estava aberto para investigações. Rony pensou várias vezes em simplesmente contar tudo à Polícia, jogar tudo ao ar e desmascarar Thomas, fazê-lo pagar por exatamente tudo o que fizera, mas aí lembrava-se de Isabella e do simples fato que poderia ser Luna a estar morta nesse exato momento.
      O velório aconteceu no dia seguinte. Todos os parentes de Isabella estavam lá prestando suas homenagens. Vê-la no caixão dava revolta e tristeza, era uma garota tão nova, cheia de vida pela frente, não merecia ter morrido.
      A notícia sobre o acontecimento sobrevoava a cidade. O lugar era pequeno e assim todos já sabiam de tudo.
      Rony olhava Isabella fixamente, mas ao mesmo tempo não a olhava de fato, fixava em algum lugar longe, sentia um misto de ódio e pena. Estava tão concentrado que assustou-se quando alguém tocou seu ombro de leve. Era Luna, vinha acompanhada da mãe.
      -As notícias correm. Como você está Rony? - perguntou Gina, que estava vestida de preto para demonstrar o luto e tinha uma expressão preocupada e assustada no rosto.
      -Faz muitos anos que não acontece de fato um assassinato na cidade, então estou abismado com o que aconteceu, mas acho que estou bem.
      -Bom, eu vou ali dar os meus pêsames à mãe de Isabella, deve ser aquela ali, elas se parecem muito.
      -É ela mesma.
      -Como tudo aconteceu? As pessoas contam diferentes histórias, até absurdas. - perguntou Luna assim que a mãe saiu.
      -Estávamos no altar, o juiz perguntou se eu aceitava casar com ela, eu disse que sim e... - Luna fez uma cara meio de raiva, mas deixou Rony continuar.  -Quando Isa disse que não queria se casar comigo, ela levou um tiro.
      -Mas porque exatamente alguém morre por dizer não?
      -Eu não sei, talvez Isabella tenha estragado os planos dele e ele ficou com raiva. Antes de morrer ela me disse que o amava. Foi a pior cena que eu já vi na minha vida, acho que nunca vou ser capaz de tirar isso da mente.
      -Vai ficar tudo bem! - Luna abraçou-o.  -Seja quem for esse culpado, ele vai pagar por tudo! Não gostava nem um pouco dela, mas não desejava sua morte. Espero que ela esteja em um lugar melhor agora.

***
Tadinha da Isabella
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