Verdade cruel

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      -Oi Luna querida, você de novo por aqui?
      -Oi, preciso falar com o Rony. A senhora poderia chamar-lo para mim, por favor, é urgente! - Luna estava ofegante, parecia que correra uma maratona para chegar àquele local.
      -Claro que sim. - a mãe de Rony parecia preocupada e foi apressadamente chamar o filho. Vendo a urgência que Luna parecia ter, ela quase corria.
      Pouco depois chegaram. Rony vinha correndo, a mãe devia tê-lo preocupado com o fato de Luna ter dito que era urgente.
      Abriu o portão, Luna ainda estava do lado de fora, mas ela não entrou, ele quem saiu.
      -O que aconteceu? Você está bem?
      -Thomas! É ele não é?
      -De onde você tirou essa idéia?
      -É ele ou não?
      -Não sei do que você está falando.
      -Fala de uma vez! Eu já juntei todos os fatos. É ele sim! Você e a Isabella o conheciam, ele morava na pousada, seu nome estava naquela lista que o senhor Alfredo me deu, Thomas Alves não é? E juntando com a história que você me contou, ele não quer se vingar de todo o mundo, seu principal alvo é você! - Luna falou de uma só vez, não parando nem para respirar.
      Rony parecia abismado com tanta informação que Luna conseguira obter, ela era mesmo inteligente e isso fascinava-o. Queria pôr um fim nisso tudo.
      -Tudo bem, é ele!
      -Eu sabia! - Luna sorriu, mas logo após, seu sorriso transformou-se em dor. Ela via lentamente Rony caindo ao chão, lágrimas escorriam pelo seu rosto antes mesmo dela perceber o que estava acontecendo. Um grito vindo da sala de estar identificava que tudo aquilo era real, nada passava de um sonho, na verdade pesadelo.
      Uma vez Luna vira na internet o vídeo de um homem sendo atingido por uma bala, lembrava-se que ficou horrorizada com aquela cena e nunca esqueceu-a. Na realidade, ao vivo, é bem pior.
      -Ronyyyy!!!
      Luna caiu de joelhos ao lado de Rony, junto com a sua mãe, ambas choravam sem parar. Ele ainda mantinha os olhos abertos, o que significava que ainda estava ali com elas.
      A roupa de Rony já estava ensopada de sangue, talvez só lhe restassem poucos minutos e isso era o que mais atormentava Luna, ela não queria perder-lo.
      Sua mãe falava coisas foras de ordem e sem nexo. Seu filho precisava urgente de socorro. Ela correu para pegar o telefone de casa, suas mãos tremiam enquanto ela tentava digitar o número para chamar uma ambulância.
      Enquanto isso, Luna ficava repetindo, mais para si mesma do que para Rony, que iria ficar tudo bem.
      Ele não conseguia falar. Estava ofegante e sentindo muita dor, até se contorcia. Luna segurava sua mão, que ainda estava quente, e falou "Eu preciso de você, não me deixa."
      A ambulância não demorou muito a chegar devido a urgência do problema. Eles colocaram Rony, ainda consciente, na maca e disseram que somente uma das duas poderia acompanhar-lo até o hospital.
      -A senhora pode ir, é seu filho, ele precisa se você.
      -Você vai Luna, eu pego o carro e sigo vocês.
      -Tudo bem. - falou Luna entrando na ambulância. Ela observava enquanto os socorristas prestavam os primeiros socorros.  Quando de repente, Rony estava fechando os olhos lentamente. Ela não aguentou e explodiu num choro, gritou:
      -Rony, nãããooo! Fica aqui comigo!
      -Calma, está tudo bem! Ele só está sedado, assim não sente dores.
      Luna suspirou em um alívio, enxugou as lágrimas e tentou ficar mais calma. Por um segundo achou que ia perder-lo. Só que não podia relaxar, seu caso era muito grave. Assim que chegaram ao hospital o levaram diretamente para a UTI e não a deixaram entrar, nem mesmo a mãe de Rony.   Ficaram na sala de espera, angustiadas e sem notícia.
      A mãe de Rony mantinha os olhos fechados, as mãos juntas e mechia a boca rapidamente, estava rezando.
      O caso de Rony era definitivamente muito grave. Os médicos disseram que ele teve muita sorte, foi atingido a poucos centímetros do coração, mas continuava correndo sérios riscos. Iria passar agora para a realização de uma cirurgia para a retirada da bala, ainda alojada em sem corpo.

2 horas depois

      -Eu não aguento mais esperar, está demorando muito, preciso vê-lo e saber se estar tudo bem, ele não pode ir embora e nos deixar aqui! - falou Luna levantando-se da cadeira e tirando o cabelo dos olhos. Passava a mão no rosto freneticamente, estava desesperada. Não tinham tido notícias desde que Rony entrou na sala de cirurgia. -Não aguento mais esperar. Ninguém fala nada, pelo menos que ele está bem ou o... o pior. Eu preciso dele! Preciso saber como ele está!
      -Luna, eu também estou desesperada por notícias, mas não podemos fazer nada além de aguardar e rezar para tudo ficar bem. - a mãe de Rony estava com o rosto inchado e o nariz vermelho devido ao choro, tinha um lenço em uma de suas mãos para enxurgar as lágrimas que vinham repentinamente.
      -Eu vou até lá!
      -Não pode querida, ninguém além dos médicos e enfermeiros tem permissão.
      No momento em que a mãe de Rony acabou de falar, Luna já estava se retirando para a sala de cirurgias.
      Precisaria de um plano e andar por todos aqueles corredores e sem noção de onde estava, lhe deu uma idéia. Todos os hospitais que vira na televisão tinham uma espécie de vestiário para médicos e enfermeiros trocarem suas roupas comuns por roupas especializadas para seu emprego. E era isso que  Luna estava procurando.
      Após algum tempo, revistando o local e consequentemente esbarrando em salas que haviam pessoas dentro e alegando que só estava procurando um banheiro, ela finalmente achou o tal lugar. Entrou discretamente e por sorte encontrou o local vazio. Algumas das roupas que viu, apresentava o nome da pessoa a quem pertencia gravado no bolso e outras pareciam estar intocadas.
      Se ia tentar entrar em uma sala de cirurgias, precisaria fazer a coisa bem feita. Pegou a roupa de uma enfermeira de nome Marcely Castro, que tinha as mesmas medidas que ela, colocou uma touca, luvas e uma máscara e trocou os sapatos por uns que tinham no local, assim ficaria difícil reconhecerem-na.
      Agora só tinha um problema: onde ficaria a sala de cirurgia!
      Luna saiu do vestiário e suspirou. Entrou no elevador, não encontrara nada no andar de baixo, então iria para o segundo andar.   Estava nervosa e com medo de ser descoberta, mas precisaria correr o risco, precisaria encontrar Rony e vê-lo bem.
      Andou um pouco, até que bateu os olhos em várias salas com os dizeres: " Sala de Cirurgia" e abaixo: "Somente pessoas autorizadas". O que não esperava era que haveria um segurança plantado na porta de cada sala.
      Não poderia demostrar medo e aflição, agora não era mais Luna, era Marcely Castro e precisava estar confiante e atravessar a sala certa, custe o que custar.
      Estava caminhando em direção à sala a sua frente. Faltavam poucos metros.
      -Doutora Marcely, já não acabou o seu plantão, a senhora não devia estar em casa?
      Luna estremeceu.

***
E aí gente? O que vocês acham que irá acontecer? Comentem ;) Não esqueçam de votar.
PS: desculpem a demora em postar o capítulo, estava sem internet :/

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