A verdade vem à tona

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Luna narrando:

      Olhei para minhas mãos, ainda estavam sujas de sangue, o medo transparecia em meu corpo, eu suava frio. Ouvi um grito vindo de Rony:
      -Lunaaaa! Nããooo!
      Olhei para ele, vi que estava chorando e tentava se levantar da cama. Balancei a cabeça em sinal negativo e olhei devagar para Thomas. Nossos olhares demonstravam medo.
      Ainda estávamos agarrados à arma, mas os dedos de Thomas pareciam estar perdendo as forças, assim como ele por inteiro. Ainda mantinha os olhos abertos, mas parecia que não aguentaria muito tempo. Ele se engasgava tentando falar alguma coisa, só que não saia nada, ele não conseguia.
      -Luna...eu...
      Soltei a arma em um canto qualquer e deitei-o no chão apoiando sua cabeça em um dos meus braços.
      -Queria...eu...
      -Calma, não precisa falar nada.
      Seus olhos ficaram imóveis, ainda abertos, e sua respiração parou. Nunca soubemos o que Thomas queria falar naquele dia. Eu estava desesperada, em choque. Acabei de matar um cara, mesmo sem intenção e mesmo que ele não fosse das melhores pessoas, mas mesmo assim era uma vida. Foi em legítima defesa e precisariam acreditar em mim.
      Deitei sua cabeça no chão com cuidado e fechei seus olhos, agora parecia menos assustador, mas mesmo assim, eu estava apavorada.
      Olhei para Rony, ele estava chorando. Por mais que Thomas tivesse feito tudo o que fez, pude ver que ele ainda o considerava como melhor amigo.
      Limpei minhas mãos sujas de sangue na roupa que eu usava e fui até Rony abraçar-lo. Ele me abraçou mais forte ainda.
      -Eu sinto muito Rony, não queria ter feito isso. O gatilho disparou e não pude fazer nada. Não podia deixar ele nos matar.
      Rony permaneceu calado. Parecia estar tentando controlar o choro.
      -Você não teve culpa. Ele estava descontrolado. - falou ele por fim. -Ele acabou se matando com isso.
      E então me dei conta de que ainda havia pessoas lá fora falando alto, e talvez perguntando-se o que havia sucedido àquele tiro. Rony ainda estava abraçado à mim.
      -Precisamos encarar as pessoas lá fora. Eu estou com medo. E se me acusarem?
      -Contamos tudo o que aconteceu. Foda-se se eles não acreditarem, eu acredito em você.
      -Tudo bem. - fiquei mais confiante. Fui até onde Thomas estava e peguei a chave que ainda estava em seu bolso. Coloquei-a na fechadura, suspirei e abri-a.
      Várias pessoas falavam ao mesmo tempo, mas em meio a todos eles, distingui os pais de Rony e a minha mãe.
      -Luna, minha filha, vim assim que soube o que tinha acontecido com Rony, ele está bem?
      -Está sim mãe.
      -Disseram que ouviram um tiro e parecia vir do quarto dele. Minha nossa, você está toda suja de sangue, filha. O que aconteceu? Você está bem? Está ferida?
      -Mãe, eu estou bem. Só que eu acho melhor vocês entrarem para verem melhor. Juro que explicarei toda a verdade.
      Abri a porta por completo. Em um canto, Rony ainda estava deitado na cama e em outro, estava Thomas todo ensanguentado, morto.
      Todos soltaram exclamações e várias pessoas falavam ao mesmo tempo. Não eram muita gente, mas deu para todos entrarem no pequeno quarto. Alguns não conseguiam nem olhar para aquela cena. Mas outros, como os pais de Rony aproximaram-se e tocaram os cabelos de Thomas.
      Era realmente uma cena muito chocante e não aguentando mais ficar naquele lugar, sai do quarto e deparei-me com a Polícia, que havia acabado de chegar. Eles entraram no local e pediu para que todos saíssem, até Rony. Os enfermeiros transferiram-no de quarto.
      Enquanto alguns policias isolavam o local, um deles, que parecia o delegado, me chamou para o novo quarto em que Rony se encontrava.
      Estávamos somente nós três. Sabia que ele ira nos interrogar.
      -Então, qual de vocês o matou? Soube que só estavam os três no local do crime.
      Minha garganta ficou seca, estava nervosa e com medo, suspirei.
      -Fui eu. -falei. - Mas eu juro que foi em legítima defesa.
      -Iremos contar tudo. - falou Rony.
      -Ótimo, estou aqui para ouvir-los. Não irei julgar-los até saber toda a verdade.
      Contamos tudo à ele, com todos os detalhes. Quando Rony e Thomas eram amigos, o motivo por que deixaram de ser, as ameaças, o rio, as mortes que ele tinha causado, o tiro que deu em Rony e que tinha aparecido para livrar-se de vez deles.
      O delegado anotava algumas coisas em um bloco de papel e quando eu e Rony acabamos de falar, ele falou:
      -Já tenho fatos o suficiente para provar que não foi intencional a morte de Thomas. Vou deixar-los descansar, tenho certeza que esses últimos dias não foi nada fácil para os dois.
      O delegado saiu do quarto. Rony me puxou para um abraço.
      -Viu, deu tudo certo. - ele falou.
      -Aconteceu mais coisas nesse mês do que na minha vida toda.
      -Mas finalmente não seremos mais atormentados e vai ficar tudo bem a partir de agora.

***
E aí? O que acharam? Comentem...
Ainda não votaram? (carinha triste)
Rs

Diário de um MistérioOnde histórias criam vida. Descubra agora