Batida às 2:00

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      Luna acordou no meio da noite assustada com o pesadelo que sempre a atormentou.
      -Rony? - ela chamou, mas ele não estava lá.
      Não iria conseguir dormir. Foi uma noite e tanto.
      O que estava pensando em fazer era bastante precipitado, mas correria o risco.
      Luna havia saído de seu quarto e bateu na porta de Rony.
       Ele abriu logo em seguida.
      -Eu te acordei? - perguntou Luna. Se você quiser voltar a dormir eu irei para o meu quarto.
      -Não, não estava dormindo. Pode entrar. Eu só estava pensando em você e em tudo o que me falou. Me machuca o que te aconteceu. Você é uma garota tão legal.
      -Será que posso passar a noite aqui com você? Eu tive outro pesadelo e estou com medo de ficar sozinha. E será que você poderia ascender a luz do banheiro? Esse escuro me deixa constrangida.
      -Claro que sim para as duas perguntas.
      Ele ascendeu a luz do banheiro. E ofereceu a cama para Luna sentar-se.
      Deviam ser 2:00 horas da madrugada, mas ambos pareciam estar sem sono.
      -Você está bem? - perguntou Rony. Luna parecia ter mudado desde as últimas horas.
      -Eu estou bem. Foi bom ter desabafado e agora sei que posso contar vom você. Só que aquela noite nunca vai ser esquecida.
      -Deve ter sido horrível.
      -Eu tinha feito tantos planos para a minha primeira vez. Queria que fosse especial, mas acabou estragando minha vida.
      -Você ainda vai ter a sua primeira vez com alguém que te ame muito. E vai ser bem especial como você sonhou. Esquece esse dia. Finge que nunca aconteceu. A vida continua.
      -Eu tento, mas não sei que fazer. Esqueci de falar que você não pode contar a ninguém, a ninguém mesmo, principalmente à minha mãe.
      -Ela poderia te ajudar muito. Mas você quem sabe.
      -Ela só ia fazer um escândalo e ficar toda preocupada. Prefiro que fique só entre nós dois.
      -Tudo bem. Eu sei guardar segredos. Eu fiquei com uma dúvida: como você chegou em casa depois daquele dia?
      -Foi muito dificil. Passei um tempo ainda deitada no chão depois que aquele nojento saiu.     Estava chorando muito, mas precisava me controlar. Enxuguei os olhos e respirei fundo. A minha roupa estava rasgada, mas se eu segurasse aqui ou ali nem daria para perceber nada. Arrumei o cabelo e fui andando. Foi horrível. Não sei de onde eu tirei forças para sair dali. Ele foi cruel comigo. Mas enfim, eu cheguei em casa. Por sorte minha mãe não estava e ninguém conhecido me viu. Chorei e chorei muito. No outro dia disse que havíamos brigado e terminamos, nunca disse o motivo verdadeiro. E nunca mais quis vê-lo. A partir daí nunca mais havia confiado em alguém, até aparecer você. E me afastei das pessoas. Mas chega de falar sobre isso. Eu preciso esquecer. Isso só está me fazendo mal.
      -Viu como foi bom desabafar. Já sinto você mais confiante e feliz, não totalmente, mas já é um começo.
      -Graças a você que está sendo sempre tão legal comigo. Só espero que você também não seja um maníaco.
      Ambos riram. E perceberam que estavam fazendo muito barulho. Iriam acabar acordando a mãe de Luna.
      Passaram horas conversando, sobre vários assuntos, como o livro preferido (Luna, assim como Rony, também gostava de ler), sobre o que fariam se fossem milionários (as respostas eram absurdas, desde ter a maior biblioteca do mundo a reviver Hittler para torturar Harry), sobre o ensino médio (Luna era popular e foi eleita rainha do baile durante o primeiro ano. Rony era inteligente e de poucos amigos), e conversaram também sobre comida (o prato favorito de Rony era macarronada e odiava verduras. O favorito de Luna era lasanha e também odiava verduras).
      Tinham muita coisa em comum.
      Já estava quase amanhecendo, mas os dois tinham cada vez mais assuntos para conversarem.
      -Um desejo? - perguntou Luna.
      -Isso... - ele não respondeu o que era. Simplesmente beijou-a.
      -Quando terminaram, Luna falou:
      -Eu me sinto tão diferente com você. Mais segura, confiante e sem medo de me apaixonar de novo.
      -Então quer dizer que você está apaixonada por mim? Quem diria, eu arrasando corações.
      -Desde a primeira vez que te vi, Mas eu tinha medo. - falou Luna baixando a cabeça logo em seguida.
      -Olha pra mim. - ele levantou o queixo dela com os dedos. - Não precisa mais ter medo. Eu estou com você e nunca vou te fazer mal.
      Luna sorriu de leve.
      -Vem comigo! - Rony levantou-se e estendeu sua mão. Luna segurou-a.
      -Para onde nós vamos?
      -Você já vai saber.
      Ele pulou a janela e Luna o seguiu com um pouco de dificuldade devido ao pé engessado. Não estava doendo mais, até já conseguia apoiar-lo no chão.
      Ainda de mãos dadas, Rony a levou até o final da casa, onde havia uma escada que dava para o telhado. Ele subiu e pediu para ela o acompanhar.
      -Para onde estamos indo?
      -Suba.
      Em cima da casa ficava uma laje, mas não foi por isso que Luna ficou admirada.
      Nunca vira antes o nascer do sol. Era lindo.
      E ali de mãos dadas com Rony, tudo estava bem.

***
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