Hamster

681 87 15
                                    

      Logo após a cirurgia, Rony foi transferido para o quarto, onde poderia receber visitas. Ainda não havia acordado devido à forte anestesia, mas isso não impediu de sua mãe e Luna o fazerem companhia. Ambas estava mais aliviada de que agora ele não corria mais riscos.
      A mãe de Rony digiriu-se ao sofá, sentou-se, pegou o celular e ligou para o seu marido, que devia estar recebendo o aluguel das casas nesse momento. Ela contou-lhe o que havia acontecido e garantiu que o filho já não corria mais perigo, ele ficou desesperado e disse que iria imediatamente para o hospital.
      -Luna, querida, o pai de Rony está vindo para cá e vou esperar-lo na recepção. Cuida bem dele.
      -Sempre. - após Luna dizer isso, a mãe de Rony sorriu e saiu do quarto, deixando-os sozinhos.
      Luna o olhava carinhosamente, passava a mão pelos seus cabelos e imaginava se algum dia tudo isso iria acabar. Thomas poderia tê-lo matado, e um dia, Rony já foi seu melhor amigo. Mas depois de ter matado Isabella, matar outra pessoa seria facinho.
      -Luna... Luna. - sua voz estava, digamos, meio embriagada, mas Luna entendeu perfeitamente o que Rony disse, mesmo que não passasse de um sussurro.
      Luna sorriu. Há horas esperava por aquele momento, ver Rony finalmente acordando.
      -Oii Rony, eu estou aqui! - Luna lhe deu um selinho.  -Você não sabe o quanto estou feliz que tenha acordado e que esteja bem.
      Rony estava recuperando a consciência aos poucos.
      -O que aconteceu? - Rony tentou levantar-se, mas Luna não deixou, ele precisava se recuperar.
      -Você levou um tiro depois que confirmou minhas hipóteses sobre o culpado. A culpa foi toda minha. Me perdoa. - Luna estava prestes a chorar.  -Que bom que você já não corre mais riscos, eu não me perdoaria caso acontecesse o contrário e você morresse.
      -Luna, eu estou bem. Mesmo. Só estou cansado.
      -Você acabou de passar por uma cirurgia, precisa de descanso. Vou te deixar descansar.
      -Não. Fica aqui comigo! - Rony pegou na mão de Luna quando ela estava prestes a dar meia volta para sair do quarto, ela parou onde estava.  -Preciso de você aqui comigo.
      -Eu tive tanto medo de te perder.
      -Eu ainda vou ficar por aqui por muito tempo e você vai ter que me aguentar.
      -Não será nenhum sacrifício, seu besta. Ei, você já pegou em um hamster?
      -Claro que já, até pedi um para os meus pais no meu aniversário de 10 anos. Comecei a gostar com 9. O primeiro que eu peguei era muito legal e você não vai acreditar, ele usava...
      -Uma coleira?
      Rony arregalou os olhos.
      -Como...como você sabe? Não me diga que...
      -Era eu. - Luna sorriu.  -Uma garota estranhamente extranha que implorou para os pais comprarem uma coleira que serviria para levar seu hamster à pracinha.
      -Não acredito! E eu fiquei com uma tara naquela garota, ela era gostosa desde criança.
      Luna riu.
      -Você até que era bonitinho.
      -Bonitinho? Isso acaba com a minha fama, Luna... Espera, eu ainda não sei seu nome completo.
      -E qual a finalidade? Tudo bem, mas não ria. - ela cedeu vendo a carinha pidona de Rony, que logo começou a rir.
      -Do que você está rindo?
      -É meio inevitável uma pessoa não rir quando a outra fala "não ria".
      -Que bom que eu te divirto.
      -Então, qual o seu nome completo?
      -Luciana Martins Oliveira.
      -Luciana nem é um nome tão ruim.
      -Eu falei para não rir. Odeio meu nome, ele pode até não ser ruim, mas prefeiro Luna.
      -É. Luna é um nome muito bonito, assim como a dona, Luciana.
      -Agora só falta me chantagear.
      -Agora, Luciana Martins Oliveira, quer dizer que eu era bonitinho?
      -É. Você até que era fofo.
      -Eu já arrasava corações naquela época, ou vai me dizer que não ficou caidinha por mim?
      -Estou achando que o tiro atingiu seu cérebro. Eu não fiquei caidinha por você. - Luna ria.  -Eu só meio que fiquei esperando você aparecer na praça novamente, você parecia ser muito legal para um amigo.
      -Eu disse. Sou irresistível. Pra você. Você gosta de Todynho?
      -Gosto, por quê?
      -Porque sou todinho seu.
      -Com certeza a bala afetou seu cérebro. Já recebi cantadas melhores.
      -Ah, vem cá logo!
      Ele a puxou pela mão e lhe deu um beijo de tirar o fôlego.
      Ambos ainda estavam se beijando quando a porta é aberta.
      Era a dona Rosa, mãe de Rony.
      -Ai, desculpa atrapalhar vocês, mas Rony, eu tenho uma surpresa ótima para você. - ela falava sorrindo, parecia ser uma surpresa muito boa mesmo, abriu caminho para uma pessoa passar.
    Para a surpresa de Rony e de Luna, que logo se assustaram, era a pessoa que eles menos queriam ver na face da Terra.

***
E aí? Quem vocês acham que é? O que acham que irá acontecer? Curiosos? Comentem, Votem ;)
     
     
     

Diário de um MistérioOnde histórias criam vida. Descubra agora