A foto

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      Já haviam se passado alguns dias após o velório de Isabella, exatamente quase um mês em que Luna estava na cidade.
      Gina dissera que iriam passar somente um mês naquele lugar e Luna não queria passar tanto tempo assim no início, mas agora a situação era outra, ela até pediu para sua mãe para passarem mais uma semana.
      Luna procurava incansavelmente descobrir o culpado de tudo, saber o que realmente estava acontecendo, mas parecia impossível. Ela pegou o Diário, há muito guardado embaixo do colchão. Abriu-o na esperança que estivesse mais alguma pista, mas nada, estava completamente do mesmo jeito. Se sentia frustada com tudo, como não conseguia solucionar a droga de um crime e punir quem fez tudo isso. Afinal, quem seria esse culpado?
      Isabella se fora, não que ela estivesse feliz com isso, mas agora Rony estaria livre, talvez não corresse perigo em ir à sua casa vê-lo, sentia muita saudade.
      E foi o que fez. Quando Gina ia saindo para o trabalho, Luna pediu para a mãe deixar-la na casa de Rony.
      Chegando lá, ele não estava. Sua mãe disse que ele foi dar umas voltas, mas que não demoraria a chegar. Ela estava oculpada com uns papéis e parecia incomodada com a presença de Luna, que parecia a estar atrapalhando.
      -Hum, com licença, será que eu poderia esperar o Rony no quarto dele? Vejo que a senhora quer ficar sozinha.
      -Ai desculpa amor, pode sim, esses papéis estão me revirando a cabeça, pode ficar a vontade, sinta-se em casa.
      -Muito obrigada!
      Luna subiu para o quarto de Rony, sentou-se na cama, suspirou e viu que a única coisa a fazer seria esperar.
       Desde a primeira vez que estivera naquele quarto, percebera uma qualidade que poucos garotos tinham: organização. Rony parecia preocupar-se muito com suas coisas, principalmente nos detalhes, tudo estava exatamente como aquele dia.
      O que mais havia lhe chamado atenção era o mural de fotos que ele tinha. Era muito interessante. Como não havia nada para fazer, Luna foi olhar-lo novamente.
      Olhou dessa vez mais atentamente e com calma. Rony quando criança era muito fofo, quando sorria, formava umas covinhas nas bochechas, dava vontade de apertar.
      Da outra vez que olhara para aquele mural, Luna vira Rony com uma garota, dessa vez a reconhecia: Isabella. Eles pareciam felizes.
      Também tinha uma foto em que Rony estava com seus pais e sua irmã, essa era bem recente porque Luna não a vira da primeira vez.
      Havia também uma que Rony estava sozinho, ou praticamente sozinho, tinha uma mão saindo do lado direito e Luna logo percebeu que a foto estava dobrada. Que estranho.
      Tirou a tachinha que segurava a foto e desdobrou-a. Viu um garoto muito bonito, os cabelos cor de mel e um sorriso encantador. Não o conhecia. Mas porque a foto estaria dobrada escondendo justamente esse cara?
      Atrás da foto havia escrito uma frase: "Nossa amizade vale mais que infinitas palavras. Rony e Thomas." Havia também uma data: 20 de Julho de 2013.
      "Thomas! Esse nome não me é estranho." pensou Luna.
      Luna ainda segurava a foto quando Rony chegou no quarto repentinamente, lhe causando um susto.
      -Oii Luna, minha mãe disse que você estava aqui e vim correndo. Que motivos a trazem?
      -Nada, só estava com saudades!
      -Você sabe que é perigoso demais. A Isabella se foi, mas ele ainda está solto por aí. O que você está segurando?
      -Ah isso? - Luna mostrou-lhe a foto. -Bom, eu estava sem nada para fazer e fui olhar suas fotos, mas achei curioso uma coisa: por que justamente essa estava dobrada escondendo esse garoto. Quem é ele?
      -Lembra aquele meu amigo que lhe falei? Aquele que me traiu com a Isa, é ele! Mas antes dela morrer, ela confessou que o beijara de propósito e sem ele querer.
      -Nossa que estranho! E você voltaria a ser amigo dele novamente? Tipo, ele não fez nada, foi um engano seu.
      -Eu sinto muita saudade da sua amizade, voltaria sim a falar com ele, se ele não tivesse virado um...
      -Um o quê?
      -Um... um cara que mora em outra cidade, é isso.
      Luna olhava com desconfiança. Rony parecia não falar a verdade, ele definitivamente não sabia mentir.
      Rony logo pediu para Luna ir para casa, afirmando que ela poderia estar correndo perigo.
      Já em casa, Luna não conseguia tirar o nome Thomas da cabeça, sabia que havia o ouvido ou visto em algum lugar, mas onde?
      Pensou bastante e foi aí que todos os fatos vieram a tona: havia visto esse nome na lista de hóspedes que o dono da pousada enviara, Thomas Alves era um dos suspeitos. Rony era amigo dele e ficou todo estranho à simples menção de seu nome. Isabella foi a causa de os dois deixarem de ser amigos. Ela o conhecia e Rony também. O que ele queria era vingança. Tudo se encaixava como um sapato feito sob medidas para o seu pé.
      E Luna já sabia o que isso significava.

***
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