E as coisas só pioram

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      No dia seguinte nada melhorou.
      Luna acordou no mesmo horário de sempre, 6:00 horas. Levantou-se preguiçosamente e foi até o banheiro.
      Olhou-se no espelho e ficou assustada com o que viu diante de si. Estava horrível com a rosto inchado de tanto chorar a noite toda.
      Estava cansada, não havia dormido muito bem. Pesadelos com um lugar bizarro, pessoas desconhecidas, sua melhor amiga não falando com você, foi horrível.
      Enquanto tomava banho, recordou vagarosamente a noite anterior. Seu sonho de ir novamente para Nova York arruinado. Como tratou mal a sua melhor e única amiga, aquela que estava sempre ao seu lado em momentos bons e ruins desde o primário. Sobre a discussão com a sua mãe, não tinha nada a declarar, já estava acostumada, acontecia sempre, na verdade, nem ligava pra ela.
      Em relação à Emma, sentia-se extremamente e absolutamente mal. Disse as piores palavras à ela. E ainda jogou na cara o pior acontecimento da sua vida: a morte de seus pais.
      Tudo aconteceu em uma viagem de carro. Seu pai ia dirigindo e a mãe ia ao seu lado. Emma ia atrás, não passava de 2 anos.
      Emma passou a viagem toda brincando. Até chegar a um ponto de que nada a agradava e começou a chorar.
      A mãe preocupada tirou o cinto e se virou pra brincar com a filha.
      Em um momento de descuido, Emma acabou colocando na boca um brinquedo e o pai preocupado acabou desconcentrando-se e perdendo o equilíbrio do carro, que capotou.
      A mãe morreu na hora e o pai, 3 dias depois no hospital.
      Desde então, Emma foi criada pela avó paterna, que sempre a culpava pela morte de seu filho.
       Luna não tinha o direito de jogar essa culpa em Emma como sempre a avó fazia. Tinha que pedir desculpas a ela.
      Saiu do banho, escovou os dentes, penteou os cabelos, vestiu a farda da escola, passou uma maquiagem pra disfarçar o choro e foi em direção à cozinha para tomar café da manhã.
      Chegando lá, encontrou a mãe com um ar sorridente, como se nada em relação ao dia anterior tivesse alguma vez acontecido.
      -Bom dia filha. E ai, já achou algum lugar para passar as férias? Se não, vamos partir hoje depois da escola.
      -Mas já? Assim nao vai dar tempo achar outro canto. Você sabia disso. Sabia que eu ia ter que ir de um jeito ou de outro. Que saco! Já vou pra escola. - Luna nem tocou no café da manhã e logo pegou a mochila e disse: - Nao me espere na hora do almoço, vou pegar carona num caixão.
      -Filha, espera.
      Luna parou onde estava.
      -Você ainda tem opções. Pode ir para a casa da sua avó Molly, mas você nao vai gostar muito não. O Gabriel vai passar o mês todo por lá e vocês se odeiam. Ou pode ir com a Emma pro lugar aonde ela for.
      -Nem sei se ela ainda vai querer falar comigo algum dia.
      -O que aconteceu? Vocês brigaram?
      -Ah, esquece! Você nem liga. Tchau! - falando isso, abriu a porta e bateu-a com força ao sair.
      Pouco tempo depois chegou na escola, não demorou muito pois morava quase ao lado.
      Foi direto para a sua sala procurar Emma.
      Não encontrou-a.
      "Talvez eu tenha chegado cedo demais." pensou Luna.
      Esperou.
      Esperou.
      Começou a aula e nada de Emma chegar. Luna já estava ficando preocupada, ela não era de faltar.
      Na hora do recreio ligou para o seu celular.
      -Droga! Atende!
      Desligado.
      Tocou o sinal indicando que acabou o recreio.
      Luna voltou para a sala, mas não conseguia se concentrar em nada. Só pensava em como iria pedir desculpas à amiga.
      Ao final da aula, Luna saiu da escola e foi para a casa de Emma, que também morava por perto.
      Toc toc.
      A porta abriu-se. Era a avó de Emma.
      -Oi Luna, a Emma nao está.
      -Ela nao foi à escola, o que está acontecendo?
       -Bom, por mais que ela nao queira dividir as coisas comigo, percebi que ontem ela chegou bastante chatiada. Correu e foi direto para o quarto e não falou nada, nem desceu para o jantar.
      -E onde ela está agora? - Luna já estava entrando em desespero. Não acreditava que tinha causado tanto mal à amiga. Se acontecesse algo à ela, nunca iria se perdoar.
      -Ela resolveu viajar pra casa da tia mais cedo. Todos os primos delas ja estão lá e ela não queria perder nada. Você sabe como é.
      "Sei como é. A Emma nunca vai me perdoar e ela só resolveu ir mais cedo pra nao ter que me ver. O que eu faço agora?" pensou Luna.
       -Obrigada senhora Minerva. Vou ver se consigo falar com ela. É muito importante.

***
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