O crime

942 125 16
                                    

      -Me larga garoto. Sai daqui agora. Por que você fez isso? Não precisa responder. Sai daqui imediatamente.
      -Mas... tudo bem eu saio. Desculpa, não consegui me controlar. Acho que estou apaixonado por você.
      -Me esquece. - Luna fechou a porta na cara de Rony.
      De um lado Rony estava decepcionado, colocava a mão na cabeça e ficava repetindo para si mesmo "idiota, idiota você tinha que estragar tudo, ela nem vai mais querer falar com você".
      Do outro lado, Luna estava confusa, dissera a si mesma que nunca mais voltaria a se apaixonar, mas aquele beijo...
      Bom, ela teria que esquecer.
      Tomou banho como dissera. Com muito esforço, mas tudo correra bem.
      Saiu do banheiro de toalha. Tentou apoiar-se com a ajuda dos dois pés, mas a dor foi insuportável. O jeito seria ir pulando somente com um pé mesmo.
      Foi para as suas malas ainda desajeitadas, tirou o que precisava e fechou tudo.
      Pegou uma roupa qualquer, vestiu-a, abriu a porta do quarto e com muito esforço tentou descer as escadas sem a ajuda de Rony.
      Mas era quase impossível.
      O jeito era fingir que nada havia acontecido.
      -Rony, você está aí?
      -Claro que estou. Não iria embora e te deixar nesse estado. Só tinha ido na cozinha beber um copo d'água.
      -Você pode... hum me ajudar?
      Rony nem precisou responder, já foi logo correndo para ajudá-la. Mas antes perguntou se ela queria que ele levasse-a nos braços. Não queria que ela ficasse com raiva novamente. Mas ela respondeu q sim.
      Ele colocou-a novamente no sofá e pôs a bolsa de gelo. O pé de Luna estava inchando cada vez mais. Ela precisaria ir ao médico urgentemente, mas tinham que esperar sua mãe chegar.
      Era a hora do almoço. Ambos estavam calados. Rony tinha até medo de falar. Vai que ela tivesse outro ataque. Não, não. Ia ficar na dele.
      -Estou com fome. - quem falou foi Luna.
      -Se você quiser eu posso preparar algo pra gente comer. Eu sei fazer uma macarronada muito gostosa. Todos adoram.
      -Só vou aceitar porque estou com muita fome e é minha única opção. Pode ficar a vontade aí na cozinha e demore o tanto que quiser.
      -Tudo bem. -Rony já se retirara para a cozinha.
      Luna não conseguia parar de pensar em Rony, no beijo, mas tinha que esquecer-lo. Garotos são todos iguais.
      Alguns minutos depois, Rony veio trazendo um prato para Luna. O cheiro estava maravilhoso, e a aparência nem se fala.
      Luna devorou tudo e ainda elogiou:
      -Até que não é tão ruim.
      -Muito obrigado pelo elogio.
      Terminado o almoço, Rony recolheu os pratos e lavou a louça. Ele era sempre tão prestativo.
      -Agora que eu me toquei de uma coisa. - falou Rony -A folha debaixo do tatu. Onde está?
      -Acho que eu deixei junto com as roupas que eu estava usando. Lá no meu quarto.
      -Se você não se importar, eu posso pegar-la. Precisamos saber qual a próxima pista.
      -Tudo bem.
      Luna esperou, esperou, até que finalmente Rony voltou do seu quarto.
      -Por que demorou tanto? Era simplesmente para pegar uma folha.
      -Bem eu estava... procurando a folha. Só isso.
      Luna não se convencera. Ele estava fazendo alguma coisa, mas o quê? Os pensamentos se afastaram da sua cabeça quando Rony pegou a folha e começou a ler:
      Não era a minha intenção fazer outra pessoa passar pelo que eu venho passando até agora, mas se você chegou até aqui, meus parabéns, e espero que você perceba o quão isso pode ser perigoso.
      Todos ligaram, mas ao mesmo tempo ninguém liga, ninguém se importa. Todos só ligam para as suas vidinhas chatas. Estou cansado. Estou cansadO. É sou um garoto. Se você veio perguntando-se qual o meu sexo.
      As pessoas tentam, tentam e por fim desistem. Covardes.
      O caso já foi arquivado, ninguém nem ao menos fala sobre isso. É frustrante.
      Não sei quem é o culpado. Mas tenho certeza que você, Luna, vai descobrir.
      -O que? Como assim ele sabe meu nome?
      -Eu não sei Luna. Depois vemos isso. Vou continuar a ler.
      As informações que eu tenho vou passar a você. Faça bom uso delas e descubra quem está por trás disso tudo...
      Crime: Poluição do rio
      Causas: Fim da pousada Tatubola.
      Consequências: lixo, lixo e cada vez mais lixo.
      Conclusão: alguém que morou na pousada, insatisfeito com a destruição da mesma, poluiu o lugar, e podemos deduzir o porquê.
       Luna estava abismada. Como alguém poderia fazer isso. Ela não era fã da natureza, mas nunca iria poluir-la. Quando ia à praia sempre procurava um lugar correto para se jogar o lixo, quando estava na rua nunca jogava papel de bombom ou outras coisas no chão, etc.
      Isso era terrível. Tudo devido à demolição de uma pousada.

Diário de um MistérioOnde histórias criam vida. Descubra agora