Visita Psicótica

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      Um Thomas sorridente estava plantado na porta.
      -E aí, Rony? Tudo bem? Quanto tempo amigo! Já estava com saudades.
      -Não é incrível filho? Seu melhor amigo apareceu. Eu senti muito a sua falta Thomas, o Rony também, ele só não queria admitir. Seja lá o que tenha acontecido entre vocês, espero que resolvam. Irei deixar vocês conversarem em paz, qualquer coisa é só chamar. Fica bem filho! - ela lhe deu um beijo na bochecha.  -Até depois Thomas.  - saiu do quarto.
      -O que você quer aqui? Já não basta tudo o que fez?
      -Calma Luna, eu tenho bastante tempo para explicar. Você sabia que toda essa carinha de boa menina com raiva te deixa muito sexy? Não me olhem com essa cara de raiva, eu só queria conferir se Rony ainda estava vivo, caso contrário, teria de terminar o trabalho.
      -Você não vai fazer nada, seu psicopata. - Luna falava com um olhar fulminante, metendo-se na frente de Rony, estava com muita raiva, não iria deixar Thomas fazer nada.
      -Ah, vou sim! - no momento seguinte, Thomas sacou uma arma de dentro das vestes. Rony e Luna estremeceram, ele já tivera coragem para puxar o gatilho duas vez, puxar pela terceira não seria nada difícil. Só podiam esperar pelo pior.
      -Thomas, por favor, isso já passou dos limites, eu era seu melhor amigo, lembra? Eu que sempre estava com você, te ajudava, você não precisa fazer isso, eu posso te ajudar, eu não falo nada para ninguém, eu esqueço tudo. Por favor! Você só precisa ficar calmo, baixar essa arma, tudo pode voltar a ser como era antes.
      -Nada pode voltar a ser como era antes. Eu fiz coisas terríveis, não só com você, com a droga daquele rio ou com a idiota da Isabella e eu não me arrependo de nada. Nada mesmo me faria querer voltar atrás.
      -O quê de tão grave você fez além de tudo isso? Não espero pouca coisa. Você é completamente horrível e sua ficha deve estar cheia de crimes. - falou Rony, ele estava bastante alterado e não podia fazer muito esforço devido a tudo o que lhe acontecera, precisava de descanso.
      -Eu vou mesmo contar, vocês precisam saber de tudo antes de morrerem. - Thomas tinha uma voz psicótica, foi em direção à porta, ainda apontando a arma para os dois, girou a chave que estava na fechadura, recolheu-a, colocou em seu bolso e deu uma risada cruel.
      -Pra quê tudo isso?
      -Para garantir que ninguém irá sair ou entrar. Agora posso contar tudo. Quando resolvi sair dessa cidade imunda, não fazia ideia de que caminho seguir, mas antes precisava me livrar do meu passado. Você, Rony, me julgou antes de conhecer toda a verdade e...
      -Eu estou muito arrependido, eu juro. Por favor, não faz nada de precipitado. Eu te peço.
      -É tão bom ter você se humilhando aos meus pés. Você sempre teve tudo. Sua familia te amava, mesmo quando você cometia um erro. Até minha mãe parecia gostar mais de você do que de mim, por isso mesmo que ela foi a primeira.
      -Você não pode estar falando sério. Quer dizer que você...
      -Isso mesmo, eu a matei. E depois foi aquele nojento que se dizia meu pai. Pai é o caralho. Aquele bêbado asqueroso.
      Rony e Luna estavam cada vez mais assustados, Thomas parecia não sentir nenhum remorso ou arrependimento diante de tamanha crueldade, sua voz se elevava a cada palavra dada.
      -Você é um doente. Se você tivesse se esforçado como eu sempre falei, você seria um filho melhor e seus pais sentiriam orgulho. Mas você fazia exatamente o contrário. Nem sequer estudou para aquela maldita prova. Você queria o quê? Que os anjos viessem e te dessem uma boa nota? Você só precisava se esforçar, nada cai do céu além de chuva. Se você tivesse força de vontade, conseguiria. Seus pais não foram os culpados, eles não mereciam morrer e como foi que ninguém ficou sabendo da morte dos dois?
      -Você se acha muito esperto não é, Rony? Sempre dando conselhos, como se algum deles tivesse alguma vez funcionado.
      -Não funcioram porque você nunca quis.
      -Poupe a sua saliva Rony. Continuando minha humilde historinha, eu matei-os e enterrei-os próximo à cabana em que eu me escondo ultimamente. Achei que era o local perfeito: isolado e distante da cena do crime.
      -Você fala que matou seus pais como se não sentisse nada, nem remorso. Foi cruel tudo o que você fez.
      -Até pouco tempo atrás, Luna, você odiava sua mãe. Sim, eu estive de olho em você desde o dia em que você pisou nessa cidade. Passei pouco tempo longe, precisava saber como andava as coisas por aqui e garantir que meus segredos não fossem descobertos. Depois que o Rony escreveu a droga daquele diário, eu sabia que não podia relaxar.
      -Então foi você Rony? Por que nunca me contou? - questionou Luna.
      -Havia coisas mais importantes que isso.
      -Mas eu gostaria de saber. Passei um bom tempo curiosa e você sabia de tudo.
      -Chega vocês dois! - Thomas deu um fim à quase discussão.  -Eu sabia que não poderia descansar até saber que parte de tudo isso Rony sabia. Não queria ninguém se metendo nos meus planos e foi aí que comecei a ameaçar-lo. Matei seu cachorro à facadas, escrevi Cuidado com o seu sangue, mas parece que não adiantou muito. Você sempre se metia no que não era chamado. E quando você, Luna, resolveu se meter nessa história também, eu sabia que uma hora ou outra eu seria descoberto, mandei bilhetes ameaçando e até matei o cachorro da casa envenenado.
      -Que horror! Eu te odeio Thomas! Como você se trasnformou nisso?
      -Meu querido Rony, as pessoas mudam quando coisas ruins lhe acontecem. Agora se vocês pudessem não me atrapalhar, eu agradeceria. Nada que eu fazia parecia parar vocês dois, então foi aí que comecei a ameaçar de matar Luna caso você não me obedecesse, Rony. E você começou a fazer tudo o que eu mandava. Eu os viajava sempre. Sempre. Até quando estavam transando, e Luna querida, você é muito gostosa, sabia? Aquele video que eu postei prova tudo. Matei Isabella, garota ingênua, achando que eu estava apaixonado por ela, fazia tudo o que eu mandava, mas tive que matar-la quando me desobedeceu, quase me reconheceram no dia do casamento, mas estava disfarçado, precisava conferir tudo de perto. Foi uma pena não ter ido Luna, você iria amar, soube que não se dava bem com a Isa, eu simplifiquei as coisas para você.
      -Não sou como você! Não desejo morte a um ser vivo, aliás não desejo mal à ninguém.
      -Como você é boazinha Luna. - Thomas aproximava-se de Luna apontando-lhe a arma, ela suava frio.
      Tinham que atrasar-lo. Enquanto ele falasse, mais tempo eles teriam.
      -Você não acha que já matou pessoas demais não? - falou Luna.
      -Maníacos sentem prazer com desgraças. - falou Rony.
      -Fiquem calmos, vocês serão os últimos da minha lista. Minha vingança estará completa.
      -Até a Luna? Por favor, ela não faz parte disso.
      Thomas ria.
      -Como eu posso te explicar, Rony? Bom, acontece que a Luna é uma parte da sua felicidade. Não quero te ver feliz e é justamente por isso que ela será a primeira. Quero ver a dor em seus olhos quando ela se for.
     
Luna narrando:

      Thomas estava tão empolgante em falar os motivos porque eu deveria morrer, que nem reparou quando eu me aproximava cada vez mais dele. Ele estava apontando a arma para Rony a poucos metros de distância. Eu precisava fazer alguma coisa. Tinha que impedir que nenhum mal acontecesse novamente.
      Fui me aproximando devagar, ele não poderia perceber. Minhas pernas tremiam. Thomas parou de falar e apontou a arma para mim.
      -É a sua vez de partir, Luna. - ele falou, mas antes que puxasse o gatilho, segurei firme sua mão e o tiro acabou atingindo o teto. Deve ter causado muito barulho mesmo, pois várias pessoas batiam na porta para abrirmos, eu não tinha tempo de prestar atenção, minha tentativa era arrancar a arma de sua mão. Estava difícil, ele era bem mais forte que eu, mas eu precisava conseguir custe o que custar.
      Estávamos no chão lutando, cada um segurando um lado da arma, quando ouvimos um tiro.
      A morte pode vir cedo, tarde, inesperadamente ou até com hora marcada, mas nunca sabemos quando chegará o nosso dia.
      Olhei para minhas mãos. Sangue.

***
E aí gente? O que estam achando? Quem vocês acham que morreu? Comentem...
Votem, não custa nada ;)
     

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