Capítulo 16 - Lar

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Capítulo 16 - Lar


Eva fugiu... Eu não poderia culpá-la. Sem dúvidas, ela acha que eu só estou interessado em sexo. Atraindo-a aqui para o hotel,fodi com tudo monumentalmente.

Cristo! O que eu estava pensando? Aonde foi parar o meu bom senso?

Esse deve ter sido o problema, eu tenho pensado com o meu pau mais do que com a minha cabeça! Como ela deve ter se sentido vendo todos estes brinquedos sexuais?... Estúpido!... Estúpido!... Estúpido! O pensamento de Eva imaginando que eu a quero somente para sexo é abominável. A ironia disso é que realmente esse era o meu "modus operandi" usual.

Todos esses pensamentos vêm em cascata num ritmo alucinante. Entretanto, ela fugiu com eles em mente... A adrenalina bombeando minhas veias, enquanto me visto rapidamente; eu tenho que encontrá-la... Eu me recuso a permitir que minha mente se estenda para o fato de que talvez ela tenha ido embora para sempre. Uma sensação de mal estar domina as minhas entranhas.

Eu quebrei sua confiança; abusei das condições que ela me expôs.

Apresso-me para o elevador e ligo três vezes pra ela antes do elevador chegar ao lobby, todas às vezes a chamada caiu na caixa de recados. Avanço para a recepção próximo a um estado catatônico, quase em pânico, pergunto ao gerente para qual direção ela teria ido.

Eu falo tão rápido que minhas palavras são quase incompreendidas e a inabilidade dele em entendê-las me leva a uma maior frustração. Ele me aponta a direção que ela teria saído.

_ Por aquele lado, ela parecia estar chateada.

Minha mandíbula se enrijece e meu coração dá um salto. Deus! Não! O cara deve estar imaginando o que diabos aconteceu! Ele sabe que trago mulheres aqui e normalmente elas saem satisfeitas. Ele esteve no quarto, viu toda aquela parafernália sexual, provavelmente pensa que eu fiz alguma coisa inapropriada sexualmente com ela, por isso ela fugiu! Eu não poderia me importar menos, neste momento eu só preciso encontrá-la.

Eu tento ligar novamente pra ela e mais uma vez cai na caixa de mensagens, deixo um recado:

_ Eu estraguei tudo outra vez. Não termine comigo. Fale comigo, por favor!

Lá fora está quase escurecendo, a rua está agitada com vendedores, carrinhos de comida e pessoas que saíram pra se divertir. Meus olhos buscam freneticamente por um halo de cabelos dourados. Sou inundado por uma mistura de raiva e remorso para comigo mesmo pelo fato de ter sido insensível e ter agido impensadamente. O quê ela estaria pensando neste momento? Eu fico imaginando. Meu celular está grudado à minha mão, repetidamente ou disco seu número.

_ Alô. Uma voz chorosa responde.

- Eva! Graças a Deus! Onde você está?

- Eu não sei... Eu... Me desculpe Gideon.

Ela parece perdida e confusa.

_ Não Eva, não se culpe. Fui eu; minha falta. Preciso te encontrar. Onde você está?

Eu sabia qual a direção ela havia tomado e com um pouco mais de persistência eu a encontro num restaurante italiano. Eu congelo; ela está toda encurvada nos fundos do restaurante, ela parece tão pequena, tão vulnerável! Eu não gosto de vê-la assim, machucada e confusa. Me adianto e ignoro o garçom propositadamente, eu a puxo contra o meu corpo tentando confortá-la e silenciosamente imploro o seu perdão. A culpa pulsa em meu coração.

_ Deus... Eva! Enterro meu rosto em seu pescoço.

Ela deve ter sentido minha angústia, pois enlaça seus braços às minhas costas e sussurra.

_ Me desculpe, eu fui uma estúpida!

- Não Eva. Se eu fosse levado ao lugar onde você transasse com outros homens, eu também ficaria perdido.

Começo a filtrar o ambiente à nossa volta, outras pessoas que estão sentadas estão nos assistindo.

_ Eu não posso ficar aqui. Não em público desse jeito. Vem pra minha casa comigo?

Ela me olha hesitante.

_ Não será como no hotel. Eu prometo. Minha mãe e minha governanta são as únicas mulheres que estiveram lá.

O garçom chega com o menu.

_ Não será necessário. Estamos indo embora.

...

Meu apartamento fica em uma cobertura na 5ª Avenida.

Ele estava na minha lista de prioridades para comprá-lo quando minha fortuna me permitisse. Quando criança eu costumava morar com os meus pais em um apartamento parecido com esse até os cinco anos de idade.

Em seguida, os negócios do meu pai fracassaram desastrosamente, o que o levou a se suicidar e nos deixou sem dinheiro algum. Minha mãe logo se casou novamente. Entretanto, as únicas boas lembranças que tenho são desse tempo de minha formação. Minha casa sempre foi meu santuário. Nela posso ser eu mesmo. Não o Gideon Cross o bilionário; apenas Gideon, o homem. São poucas as pessoas que vêm aqui, nenhuma mulher, exceto minha mãe e a governanta e elas não contam. Nem mesmo Corinne.

Nunca me senti bem para fazer isso. E nem estive ligado emocionalmente a alguém o suficiente para permitir que tivessem uma percepção extra sobre quem sou eu.

Ainda assim, Eva é única. Tão diferente das minhas relações anteriores. Diferente não só na aparência como também no temperamento. Ela é impetuosa e independente, mas ainda assim, carente e insegura emocionalmente. Pela primeira vez na vida, eu quis me conectar física e emocionalmente com essa mulher. Quero que ela veja tudo de mim. Minha vida, meu lar.

Ela é um novo começo para mim. Por outro lado, estou nervoso. Estou entrando em um campo desconhecido, inexplorado. O lar de uma pessoa revela muito sobre ela, mostrando suas fraquezas. Me sentir vulnerável não é uma sensação a que estou acostumado. Meu desconforto deve estar aparente. Eva é tão doce quando chega, até mais do que mereço. Ela deve ter percebido minha tensão. Entro com ela...

_ Entre! Eu gostaria que você passasse a noite comigo.

Eu realmente preciso dela. Nós dois precisamos nos reassegurar um com o outro. Também quero ter a oportunidade de dizer à ela, o quanto ela significa pra mim. Adicionalmente quero reafirmar que não estou pensando só com o meu pau quando se trata dela.

_ Eu não tenho nada das minhas coisas aqui. Ela diz.

- Nós poderemos pegar tudo o que você precisa amanhã. Puxando-a pra perto eu explico que não a culpo por ter deixado o hotel, mas que ela me assustou pra caralho e por isso preciso estar com ela por mais um tempo.

Ela parece gostar disso, apesar dos meus protestos, ela quer tomar banho. Ela cheira sexo e eu. Eu gosto disso. Gosto de sentir meu cheiro por todo o corpo. Eu a levo para o meu quarto, pego toalhas em uma gaveta para ela usar, ela timidamente me agradece.

_ Obrigada! Ela murmura.

Sei que ela não está me agradecendo pelas toalhas, mas por estar revelando uma parte de mim pra ela, nunca antes revelada para nenhuma outra mulher.

_É bom ter você aqui. Murmuro e isso é exatamente o que quero dizer. Sinto que isso é o correto a fazer; confortável e natural.

Eu a deixo tomar banho e vou preparar caviar ao cream frainch com torradinhas.

Juntando-se a mim um pouco depois, ela veste uma camiseta que deixei pra ela usar, nos sentamos e assistimos reprises de programas de TV. Isso é tão bom, descansando e aproveitando a companhia um do outro no sofá. Eu nunca havia sentido essa simples sensação de intimidade antes. Nunca fiquei relaxado na companhia de uma mulher dessa maneira, sem maiores pretensões, apenas sendo eu mesmo.

Às 10:30 vamos para a cama, eu estou mimando Eva. As costas dela encostada-se à minha frente. O calor e a proximidade do seu corpo me fazem ter uma ereção em segundos, desesperado como estou pra fazer amor com ela, eu me controlo para compensar o meu comportamento de mais cedo. Lentamente, derivamos para o sono.


Reflexões de Gideon -Crossfire - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora