Sexta-feira
8 DE SETEMBRO, 2017
O colégio está mais do que animado. Uns gritam pelos corredores suas expectativas para o jogo de hoje, contra um rival importante, e outros comentam sobre a festa que promete inúmeras maravilhas durante a noite.
Particularmente estou animada para as duas coisas e mais uma: não tive nenhum pesadelo nas últimas duas noites. É cedo demais para comemorar, talvez eu tenha uma surpresa – totalmente desagradável – essa noite, mas é melhor que nada.
É uma esperança idiota que desabrocha no meu peito. Esperança de que aquele pesadelo foi um caso isolado surgido pela minha ansiedade para o primeiro dia de aula.
Não faço ideia de como tudo isso funciona. Foi uma dúvida que nunca tive enquanto estava tendo sessões com o psicólogo. Nunca tive interesse em saber como minha própria mente funciona. Sempre ignorei, afastei e joguei tudo para baixo do tapete. A escola essa semana foi muito útil para desviar minha atenção. Fui umas das alunas voluntárias que ajudaram na organização da nova parte da biblioteca e ajudei o pessoal da banda a organizar os novos instrumentos, isso e outras atividades me ajudaram a esquecer um pouco as coisas.
O pior mesmo é quando chego em casa. Ver as coisas exatamente no lugar que deixei, a escuridão e a solidão... me levam a pensar, novamente, no pesadelo. Em outra fase, eu não ligaria para isso. Mas os pesadelos me deixam sensível, vulnerável. Tudo é melancólico, fico com raiva facilmente e quero me isolar de tudo. Eu conheço os sentimentos, os sintomas, mas só quero ignorar e torcer para que nada fuja do meu controle. Além disso, tenho que esconder esses sintomas, principalmente de Elena, com um sorriso no rosto. Foi uma semana difícil, contudo, suportei. Assim como suportei os últimos anos.
Aproveito minha aula vaga para ir resolver os detalhes do meu horário. Elena teria vindo comigo se não tivesse derramado café em si mesma. Ela foi se trocar em casa e prometeu que não iria demorar, mas a conheço bem o suficiente para saber que ela irá gastar os nossos últimos 30 minutos se produzindo.
Suspiro ao virar um corredor, seguindo para a secretaria. Preciso preencher meu horário com aulas adicionais, o que é um saco. A grande questão é que não me preocupei em decidir o que queria, nem procurei saber o que Elena escolheu, isso tudo pouparia muito o meu tempo, mas não rolou. Sei que se ligar para Elena irá direto para a caixa postal, então nem me dou o trabalho.
Ouço risadas, o som de algo colidindo contra o metal, e por um momento penso que alguém caiu, sei lá, e diminuo a velocidade dos meus passos ao virar o corredor... apenas para me deparar com um grupo de alunos perto do bebedouro, brincando.
Rapidamente reconheço Laydisay, seu cabelo ruivo e roupas exageradamente curtas são características marcantes dela. Ela ri de algo, segurando o braço de um dos garotos. O assunto parece ser interessante só para ela, já que o seu parceiro, que agora se abaixa para beber água, não sorri, apenas concorda com qualquer que seja a besteira que ela está dizendo. Os outros também murmuram entre si.
Quase estrago minha tentativa de passar despercebida. Observo os traços do garoto e à medida em que ele se ergue e ajeita a mochila nas costas, o reconheço. É ele. O garoto estranho. Quero dizer, Justin. Posso chamá-lo de garoto festeiro também já que ando ouvindo muitos boatos pelos corredores de que ele compareceu em todas as dezenas de festas que foi convidado essa semana, sempre deixando uma garota apaixonada, cada vez que saía de uma. Tive mais algumas aulas com ele, mas não conversamos, o máximo que fazíamos era cumprimentar um ao outro com um aceno discreto.
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Let Me Love You [JB]
FanfictionLivro 1 da série LOVE AND SECRETS LET ME LOVE YOU Aos poucos, as pessoas pararam de me ver como a garotinha assustada que perdeu a mãe de uma forma trágica e foi abandonada pelo pai para viver sozinha nesse mundo cruel. Aos poucos, as pessoas come...