35. Modo Avião

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Sexta-feira

24 DE NOVEMBRO, 2017

Eu estou exatamente como a Rapunzel, de Enrolados, após fugir da torre com um cara que acabou de conhecer. A cada dois passos que dou, uma vozinha animada grita na minha cabeça: Eu não acredito que vou fazer isso!

E então repito as vantagens de estar indo para essa viagem. E as desvantagens. E em seguida as vantagens de novo só para não desistir da ideia tão em cima da hora. Porém, mesmo assim, a parte insegura de mim não me deixa esquecer as coisas que podem dar errado.

Encaro a mala tamanho médio cor rosé que peguei emprestada com Elena. O clima está bem indeciso – o que não é nenhuma novidade, estamos em Boston –, portanto, tive que colocar peças de roupas tanto para o calor quanto para o frio. Não sei como é o lugar, apesar de ter feito incontáveis perguntas para Justin ontem durante toda a noite, ele se limitou a responder só as básicas. Ou seja, continuo visivelmente ansiosa para conhecer o lugar.

Ele foi embora mais cedo depois que aceitei seu convite, afirmando que precisava descansar para dirigir. Depois que todos foram embora, vim para casa com Elena e acabamos dormindo depois de passarmos horas discutindo quais roupas eu precisava levar. Se dependesse dela, só teria shorts e babydoll da Victoria 's Secret na minha mala.

Respiro fundo, calçando o tênis e empurrando a mala para fora do quarto. Fecho a porta com cuidado para que não acorde Elena.

Não acredito que vou fazer isso.

É sério. Ir para a cabana no meio de uma floresta com um garoto é assustador. E divertido. E arriscado. E... aí meu Deus, minha mente não desliga por um minuto. Isso cansa. Tento me acalmar enquanto confiro as coisas mais importantes na bolsa. Tudo ok. Enfio a cartela de calmante para o fundo do último bolso, torcendo para não precisar dele em nenhum momento da viagem. O celular brilha com a notificação de mensagem de Justin.


Tá acordada, né?

Já estou no seu bairro


Estou tão nervosa que não consigo colocar nada no estômago. Deixo um bilhete para Elena, junto com a chave principal da casa, e saio para esperar por Justin na varanda, trancando a porta com a chave reserva. 5 minutos depois Justin estaciona do outro lado da rua e desce do carro com um copo grande de isopor na mão. Ele abre o porta malas do carro de Nathan, que é muito mais espaçoso e discreto que o dele, perfeito para a viagem, e espera que eu o alcance. Quando isso acontece, Justin me recebe com um sorriso e entrega o seu copo para mim.

Minha mala é erguida sem esforço algum e arrumada junto com uma mochila grande e algumas sacolas de supermercado. Justin ajeita tudo e fecha o porta mala, se virando para mim com os braços abertos.

O café que ele está tomando – um dos fortes, pelo cheiro – aquece minhas mãos, mas seu sorriso aquece meu interior e espanta só um pouquinho o meu nervosismo.

— Bom dia. — ele murmura sobre meus cabelos.

— Bom dia. Tem dificuldade de ficar acordado tão cedo? — pergunto, devolvendo o seu café, sem sair dos seus braços.

— Não. Isso é só por garantia. — Ele bebe um pouco. — Sabe o que me deixaria mais acordado ainda?

— RedBull?

— Com esse tanto de café? Quer me matar, mulher? — Dou risada. — Um beijo seu é muito mais energizante e um pouquinho menos mortal, sabe.

Finjo considerar e concordo, ficando na ponta dos pés para realizar o seu desejo. Quando meus lábios roçam nos dele, sua mão livre imediatamente vai para parte de trás da minha nuca, e eu abro a boca para ele, saboreando o gosto viciante do café na boca de Justin. Céus, tudo nele é viciante. E não consigo largá-lo até que eu precise de oxigênio. Justin sorri para mim quando nos afastamos, e trás sua mão até a lateral do meu rosto.

Let Me Love You [JB]Onde histórias criam vida. Descubra agora