10. Desequilíbrio

655 45 112
                                    

Segunda-feira

2 DE OUTUBRO, 2017


Muitos sinais me mostraram que esse dia ia ser cheio de surpresas. E isso ficou claro logo ao amanhecer, quando acordei antes do despertador.

Fico deitada de lado olhando para a janela esperando os minutos passarem. Um vento leve sacude as finas e velhas cortinas da minha janela, deixando o ambiente arejado. O que me faz perceber que dormir de novo com a janela aberta.

E isso só acontece quando tenho pesadelos.

Sento na cama lentamente, olhando para a janela. A parte mais estranha é que nenhuma lembrança do pesadelo me vem à mente. Seria um motivo para se preocupar ou comemorar?

O despertador ressoa antes que eu tenha a chance de decidir.

Como todos os dias, me arrumo de forma automática. A segunda surpresa da manhã veio logo que saí de casa e não vi nenhuma mensagem de Elena oferecendo carona. Mandei mensagem de bom dia e aproveitei para lembrá-la de levar os ingredientes para a sua prova de culinária. O ônibus chegou no horário de sempre e pegou as mesmas pessoas de sempre, a única coisa que mudou foi a rota, já que uma das ruas estava interditada para concerto.

Meu caminho até o armário foi feito ao som de Colors da Halsey. Quando ouvi a música pela primeira vez, como música fundo nos ensaios de teatro, não achei graça. Contudo, o refrão ficou na minha cabeça por horas e por uma força maior fui obrigada a ouvi-la de novo, e de novo e de novo. Hoje é o meu novo vício.

Cumprimento Ari, a japonesinha, quando ela esbarra em mim sem querer e abro meu armário, deixando minha bolsa e pegando apenas uma caneta, um caderno, minha garrafinha de água e um romance francês que a professora Taylor passou há algumas semanas e não terminei. Não que eu ande muito ocupada, mas o livro realmente não me chamou atenção. É apenas mais um clichê onde a menina certinha se apaixona pelo cara babaca e etc. Ele melhora, ela se solta, e eles vivem felizes para sempre. Só que numa versão bem mais melosa e parisiense.

Ou seja, o cara babaca usa um suéter verde e anda numa Kisbee 50.

Não conheço Paris, mas se as pessoas forem do jeito que o autor descreveu, estou muito decepcionada. Ouvir dizer que os garotos de Paris são o verdadeiro sinônimo de "beleza" – palavras da própria Elena Wholiston.

Pensar nela me faz abrir nossas conversas em busca de uma resposta para as mensagens que enviei. Não há uma resposta e ainda não fui cercada por toda a animação matinal que só ela tem. Tiro os fones de ouvido e passo a procurá-la pela multidão de alunos afobados que andam pelos corredores e mexem nos seus armários. E no lugar dela encontro Nathan, no fim do corredor, no armário de Justin.

― Nathan? ― chamo, empurro mais uma pessoa para finalmente conseguir ficar cara a cara com o atual crush da minha melhor amiga. Ele sorri para mim, dando as costas para Justin e me dando atenção.

― Oi, Allison. Tudo bem?

― Comigo sim, mas não tenho notícias de Elena ainda. Você sabe se ela já está na escola?

― Eu ia te perguntar isso. Desde a festa da Laydisay não falo com ela. Fiz alguma coisa errada?

― Se você fez, eu também fiz, porque ela também não responde minhas mensagens. Mas isso não explica o fato dela não ter chegado na escola até agora.

― Já pensaram na possibilidade de ela estar presa no trânsito? ― Justin se intromete. ― Bom dia, amiguinha.

Reviro os olhos.

Let Me Love You [JB]Onde histórias criam vida. Descubra agora