Meu mundo desmoronou. É como se tivessem me socado até que todo meu ar se foi. Meu coração doi como nunca antes. E eu simplesmente não consigo segurar o choro.Chegamos ao hospital e eu saio correndo para procurar minha mãe. Nem me lembro de esperar por Daniel e corro ate a recepção do hospital a mulher não entende o que eu falo e diz que eu devo esperar lá, mas eu jamais fui de obedecer fácil então sai correndo para o segundo andar do hospital onde acreditei que meu pai poderia estar.
Avisto minha mãe de longe e corro ate ela como uma criança desesperada. lhe Abraço forte chorando mais. Torcendo para que tudo não passe de um pesadelo. Um terrível pesadelo.-Mãe... -sussurro entre lágrimas ainda agarrada a ela.
-Meu anjo... - responde ela passando a mão em minhas costas.
- com ele está mãe? Ele tá bem? O que aconteceu? Como foi? O que os médicos disseram? Ele já pode me ver? Ele está... - cuspo as perguntas tão rápido que não noto que estava segurando a respiração.
- calma minha filha ele... ele... seu pai ficará bem! Já está fora de perigo... fique tranquila. - diz minha mãe me ajudando a me sentar.
- O que provocou isso? - pergunto tão baixo que acreditei não ter sido ouvida. Mas ela me ouviu e pareceu cogitar a idéia de não me falar nada. - O que mãe? - pergunto mas alto agora.
Eu não tiro os olhos dos dela.
- ele estava em casa... - começa tímida. - estávamos falando sobre nossa linda família... - diz enquanto uma lágrima lhe escorre na face. - E da linda mulher que você se tornou! Ele não parava de falar de você. Nós estávamos na varanda olhando as estrelas... e ele sentiu um dor muito forte no coração eu não esperei e corri para chamar ajuda. Chegamos a tempo aqui e ele está com os médicos. Eu ainda não sei de nada muito exato temos que aguardar meu amor.
- foi... foi ontem a noite? Porque não me ligou??? - pergunto
- eu tentei, mas você não atendeu então liguei pela manhã e você também não atendeu.
Olho meu celular e vejo as ligações perdidas da minha mãe. Eu choro mais. Sinto que se eu tivesse atendido de alguma forma não estaríamos aqui neste hospital.
- me desculpa... -digo a abraçando e sentindo raiva de mim mesma.
- tudo bem minha menina. Vai ficar tudo bem! Você não poderia imaginar o que aconteceu. - diz com amor.
Fico ali em seu colo recebendo seu carinho e pensando em meu pai. Ele não pode partir. Não pode me deixar!
Ele é meu pai. Meu melhor amigo. O único homem neste mundo que tenho certeza de amar.Fico nos braços de minha mãe perdida em meus pensamentos e
Só então percebo a presença de Daniel na sala de espera ele está em pé segurando as mãos e me olhando...- Mãe... esse é... é... - tento dizer mas minha voz não sai. A dor que sinto faz com que cada palavra pronunciada pareça ter um peso insuportável...
Daniel percebendo minha dificuldade continua o que comecei.
- Daniel. Me chamo Daniel...
Ele chega mais perto para comprimentar minha mãe...
- Olá, senhora. É um prazer conhece- lá, gostaria que fosse em outra situação, mas vai ficar tudo bem, seu marido ficará bem... - diz com compaixão.
- O prazer é meu querido. Me chame de Maria. - diz ela e eles apertam as mãos.
Minha mãe se põe de pé pra poder abraça-lo quando o médico chega. Me lanço em sua direção om uma rapidez até então desconhecida para mim. Ele diz que o AVC de meu pai não foi perigoso, foi mais pra dar um susto, alerta-lo para cuidar melhor de sua alimentação, saúde, exercícios físicos e tudo mais. Ele diz que meu pai está melhor mas precisa ficar em observação.
O médico me observa com algo diferente no olhar e só então percebo que ele é muito bonito cabelos preto como carvão e olhos azuis como o céu. Ele morde o lábio inferior ainda me olhando e sinto que Daniel fica rijo a meu lado, só então percebo que estamos praticamente colados e que sua mão está em minha cintura e me sinto grata pois se ele não estivesse ali eu teria caído com certeza.
- Vou deixar que entre um de cada vez. 5 minutos cada. - diz o doutor e minha mãe me olha sei que ela está desesperada para vê-lo. Assinto com a cabeça e ela vai em direção ao quarto acompanhada do doutor.
Fico olhando ela sumir no corredor e a idéia de meu pai em uma cama de hospital frágil e venerável me atinge em cheio. Minhas pernas estremecem. Daniel que por sorte ainda está a meu lado me segura mais forte.
Eu o abraço forte e em silêncio agradeço por sua presença por seu abraço que me traz paz, e me faz sentir segura. Por um minuto, ali em seus braços me esqueço de tudo o que aconteceu. Ele passa as mãos em meu cabelo afastando algumas mechas de meu rosto e colocando atrás da orelha.
Nós sentamos assim... abraçados. Eu não me permito abrir os olhos. Só quero ficar ali onde tudo parece estar bem. Em seus braços quentes, escutando sua voz rouca e mesmo sem entender o que ele diz sei que esta me aconselhando sei que esta dizendo que tudo ficará bem.
Nem percebo o tempo passar mas o médico volta com minha mãe a seu lado.
- Desculpe atrapalhar mas você pode entrar... - diz enquanto nos levantamos. - mas seu namorado não pode entrar junto com você. - diz parecendo mais uma pergunta sobre sermos namorados do que uma firmação.
Eu nem espero ele terminar e muito menos gasto tempo explicando o que existe ou não entre mim e Daniel e vou correndo até o quarto onde meu pai esta. O número 118 está na porta e eu entro sem me preocupar em bater.
Quando vejo meu pai naquela cama tão pálido e abatido começo a chorar e corro em sua direção.-pai... - digo lhe abraçando e chorando.
- Meu anjo... - diz fraco.
O choque de nossos corpos é inevitável. E ele gemi. Me afasto rápido percebendo que o machuquei e me odeio nesse instante.
- me... me desculpa... eu não... - tento terminar de dizer mas as lágrimas não permitem e voltam a cair com força.
- Não chora. Eu estou bem meu anjo... - diz tentando me acalmar e pra minha surpresa me puxando devagar eu entendo seu pedido silêncioso e me aconchego ao lado dele em sua cama. Naquele momento lembro dos momentos de minha infância. De todas as noites que meu pai ficava ao meu lado durante um tempestade para me proteger do meu maior medo. Os trovões. Lembro das histórias que me contava para dormir. Das músicas que cantava me fazendo ter os melhores sonhos. Essas e muitas outras lembranças são tomadas de pressa por um medo horrível. O de perder meu pai para a morte.