Capítulo 23

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Os médicos correm até o quarto e meu pai está desacordado. Minha mãe entra surpreendentemente calma e fica a seu lado. Segurando sua mão. Mas Quando alguém tenta a tirar de lá ela simplesmente se dirige a ele com convicção e firmeza dizendo que não sairia de lá.

- PAAAAAAAAAI - grito desesperada tentando entrar no quarto um dos médicos se põe a minha frente enquanto eu grito e tento entra. - PAAAAAAAAAI VOCÊ PROMETEU! VOCÊ PROMEEEEEEEEEEEEETEU!

Eu quero correr e sacudi-lo até que ele acorde desse pesadelo e me chame de anjo babão de novo. Mas os médicos não me deixam entrar. Eu começo a me debater e até socar o médico que está a minha frente a fúria começando a crescer dentro de mim.

- sua garota louca se controle ele ficará bem. - diz como um robô irritado o que me deixa mais irritada estou prestes a socar a cara dele para entrar lá

- ME DEIXE ENTRAR. -grito o empurrando.

O médico provavelmente tinha o dobro de minha altura e se irrita com meus socos em seu peito, ele me empurra e quase caio. Daniel se coloca entre nós

- Esta louco? O que pensa que está fazendo? - pergunta Daniel irritado.

- tire sua amiguinha louca daqui antes que eu chame a polícia! - diz o médico idiota praticamente gritando.

-Olha só se encostar o dedo nela mais uma vez... - diz Daniel cerrando os pulsos e ficando frente a frente com o médico. Com medo do que pode acontecer decido puxa-lo para traz...

- vem - digo o puxando mas ele fica imóvel... - Vem Daniel... veeeem...

O puxo com mais força e enfim ele cede dando pequenos passos para trás.

ele me puxa para perto de sim com rapidez e me abraça forte.

- Calma. Calma vai ficar tudo bem. - diz me afagando meus cabelos e beijando minha testa.

Eu me permito ser abraçada por ele. Quero ficar assim com ele pra sempre, sentir sua proteção seu carinho. Ou até o tal do "amor" que meu pai diz que ele sente por mim...

Meus pensamentos mudam de curso completamente, pairam sobre aquela cama com o corpo do homem mais importante do mundo para mim lutando pela vida. Meus olhos doem e lágrimas quentes rolam com rapidez, uma atraz da outra. Daniel continua me abraçando forte enquanto meus soluços desesperados absorvem todo o ambiente...

- hei, calma... ele vai sair dessa... seu pai é forte. Ele ficará bem... Por você. - diz mas ainda assim choro. Choro desesperadamente não conseguindo acreditar em uma só palavra. A única coisa que vem em minha cabeça é a imagem do meu pai naquela cama totalmente inconsciente.

- Natacha... - diz se afastando um pouco e só então eu percebo que estava agarrada a camisa dele com força. Mesmo assim não solto e ele levanta meu rosto com as mãos afim de que eu olhe em seus olhos. Eu faço. - eu estou aqui com você!! E vou estar sempre.

- sempre é muito tempo... - digo estragando tudo. Ele dá um meio sorriso que faz meu coração tremer...

- sempre! - repete beijando minha testa.

Eu descanso a cabeça em seu ombro me permitindo acreditar nele, em suas palavras. E as lágrimas começam a parar.

Mas uma torrente de pensamentos assombrosos invadem minha mente sem pedir e me fazem encolher de tanta dor. Vejo meu pai morrendo, Miguel sorrindo, o enterro de meu pai, Lurdes rindo de mim, Daniel chorando desesperadamente, minha mãe enlouquecendo... imagens assustadoras que me fazem chorar mais. Nem o perfume acalmador de Daniel me ajuda...

Preciso acabar com isso. Hoje. Preciso parar com essa vingança, tirar de uma vez Miguel ou Daniel de minha vida. Ou até os dois. eu só quero saber o que meu coração está dizendo. Ou sentindo, mas ele está em pedaços... Não sei que pedaço sentir, ou ouvir, simplesmente não sei. Só sei que estou confusa e com raiva. Raiva de mim mesma por não saber o que eu quero, ou melhor quem eu quero.

me afasto dele bruscamente...

- quero ir embora! - digo chorando.

Ele parece ficar perdido e sem entender meu acesso de raiva instantâneo...

- claro, te levo pra casa. - diz segurando meu rosto com carinho. - diz onde você mora que te deixo lá.

- NÃO! Você não entendeu! Quero voltar para a casa dos Monteiro! - digo gritando e ele fica surpreso. Eu estou soluçando de tanto chorar. Não quero voltar pra lá. Aquele lugar me faz mal. É como se eu estivesse me auto enviando para a guerra. Me enviando para a morte.

Uma tristeza enorme me abate.

- você não precisa fazer isso! Sofia vai entender... - diz se afastando de mim. Eu nem percebi que gritei com ele... nem percebi que o assustei com o que eu disse. Mas isso também é por ele, ele também merece uma resposta...

- que Droga! Quero voltar! Quero terminar o que comecei! - digo, o que não é totalmente mentira. Afinal de contas me meti nessa encrenca com meus sentimentos. E tenho que resolver antes que isso me consuma.

- Natacha seu pai esta de cama. E você vai continuar com isso?! - pergunta ele incrédulo.

Ele deve me achar um monstro sem coração. Droga queria o abraçar e falar a verdade mas ele está se afastando de mim.

- Sim! Até o último segundo! - minto.- Eu os odeio! O que está acontecendo com meu pai é culpa deles! É CULPA DELES!!!!!!!!! - grito.

Ele parece não acreditar no que ouve e me olha como se eu fosse um ser sem coração, e isso só me faz chorar mais. Mas afinal o que eu poderia fazer? Falar a verdade? "Então não sei se te amo ou amo a seu primo?" Eu simplesmente não consigo falar. Isso pode o machucar, pode faze-lo achar que estou jogando com seus sentimentos.

- Não. - diz. - Não vou levar você de volta. - diz sério.

- você vai sim! -grito.

- NÃO! SUA PAI ESTÁ PRECISANDO DE VOCÊ E TUDO O QUE VOCÊ QUER É VOLTAR PRA MIGUEL E TIA
LURDES? - as palavras dele me pegam de surpresa. Ele parecia sofrer acreditando ser essa a verdade. Era exatamente esse tipo de pensamento que eu queria evitar. As lagrimas rolam mais, e eu já não sei mais o que as causa.

- isso não é verdade... - digo sussurrando e me encolhendo com as palavras dele. - mas se você não quer me ajudar eu faço sozinha...

Ele não quer me levar então e se afasta. eu tiro a chave do carro de sua mão e começo a sair mas ele me segura pelo braço.

- Eu te levo, tá! Você não pode dirigir assim. Mas que fique claro que isso é loucura. - diz parecendo triste e saindo.

Eu começo a o acompanhar mas volto até a sala onde meu pai esta sendo socorrido pelos médicos. Eu fecho os olhos e sussurro...

- Oi... eu... eu estou indo fazer o que me pediu... hoje vou acabar com tudo isso... eu te prometo!

Começo a sair devagar mas olho para ele na esperança de que me escute...

- 200 anos papai! - sussurro.

Então volto a seguir Daniel.

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