Episódio 2

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Visão Angel

Enquanto ele me abraçava sussurrou ao pé do ouvido.

-Eu posso te levar com a gente, vou te dar as chaves que eu tenho do porta malas e você irá entrar enquanto meus pais falam com os policiais. Tente não fazer barulho algum porque se não eu vou falar que você me roubou as chaves e tentou entrar no nosso porta malas por ideia sua. Eu vou entrar e conversar com meus pais para distraí-los para não olharem na direção do carro. Eu vou me afastar e se você quiser minha ajuda fale.

Esse disse mais alto para que os pais pudessem ouvir que ele não me faria mal e se afastou. Eu respondi sua proposta balançando minha cabeça para confirmar. Ele me passou um chaveiro com uma única chave e entrou para distrair os pais. Eu abri o parta malas sem fazer barulho, entrei e o fechei em seguida.

Algum tempo depois ouvi as portas do carro se abrindo e logo se fechando. O motor ligou e partimos em seguida. O porta malas estava começando a se encher de poeira, fiquei todo o percurso, que mais me pareceu uma eternidade, tentando não espirrar para não atrapalhar nosso plano.

Passado um bom tempinho o carro para. Fico esperando até que John venha me tirar dali o que demora alguns minutinhos. Ele abre o porta malas e me olha com meio sorriso.

-Você foi rápida garota.

-Apenas fiz o que você falou para mim fazer.

-Foi incrível, eu nem escutei o porta malas fechar - ele me olhou impressionado - Vamos, levanta daí. Tenho que te levar pro meu quarto sem que meus pais te vejam - ele esticou sua mão em minha direção para me ajudar a levantar.

Assim que saí do carro me deparei com uma casa consideravelmente menor do que a que me acostumei a morar. A esquerda do carro era um lindo jardim e onde o carro estava era aberto e o chão era de cimento. Andei em direção a entrada da casa que era coberta de telhas onde havia uma churrasqueira a minha direita. Ele abriu a porta e entramos na cozinha. Toda a bancada desde o lado esquerdo da porta indo até a outra parede e encontrando a geladeira do outro lado da cozinha era de mármore preto. Os armários eram brancos e os puxadores também eram pretos. Passamos pela cozinha e entramos na sala de jantar onde havia uma grande mesa redonda com várias cadeiras em volta.

-Meus pais estão no quarto deles lá em cima então faça silencio ao subir a escada - eu concordei com a cabeça.

Do outro lado da mesa havia uma escada que levava ao andar de cima, o corre-mão era de aço e vidro. Assim que subimos demos de cara com um corredor com duas portas do lado direito outra no final. Com sorte todas estavam fechadas e conseguimos passar na posta dos pé sem que os pais dele nos visem.

Ele abre a porta no final do corredor e me da passagem para entrar em seu quarto. A minha frente estava a cama com lenções brancos do lado da janela que era de frente a porta. Eu me sentei a ponta da cama enquanto ele olhou para o corredor antes de fechar a porta. Ele caminhou até a mesa com um computador que ficava em minha frente, puxou a cadeira e se sentou me encarando.

-Obrigado por me ajudar - era só isso que eu tinha para dizer naquele momento.

-Por nada.

Ele se levantou e caminhou até o armário no canto da parede do meu lado esquerdo. Ele pegou uma blusa de frio que tenho quase certeza de que deveria ficar enorme nele.

-Toma, essa é a única blusa que eu tenho que fica grande em mim. Acho que vai ficar mais confortável do que esse vestido... que alias esta com as pontas sujas.

Peguei a blusa com cuidado e joguei meus cabelos que cobriam meu rosto para de trás da orelha. Eu o encarei por um tempo até que ele entendeu o que eu quis dizer e saiu do quarto. Pude finalmente tirar aquele vestido apertado de uma vez por todas, para mim aquela sensação foi a melhor que já tive a dois anos. Era como se tivesse tirando um grande peso de mim, como se aquele vestido fosse tudo de ruim que já vive e eu finalmente me livrei, me libertei. A melhor sensação, a liberdade.

Coloquei a blusa que John havia me dado, apesar de ser uma blusa de frio era fina e não me esquentava muito. Ela era cinza e em mim tinha o tamanho de um vestido acima do joelho.

Passei boa parte da tarde sozinha ou sentada de debaixo da janela ou sentada na cama. O sol estava a se por quando ouvi baterem na porta baixo.

-Estou entrando - disse John.

Ele abriu a porta com uma vasilha nas mãos. Nela havia um sanduíche e um copo de suco.

-Aqui esta seu lanche, não tinha muita coisa porque meus pais ainda não fizeram compra - ele disse passando a mão no alto da cabeça.

-Não tem problema - me levantei e caminhei até ele, lhe dei um beijo na bochecha e peguei o sanduíche e o suco e me sentei na ponta da cama para comer ele se sentou na minha frente na cadeira do computador e ficou me observando comer.

-Você estuda? Ou estudava, sei lá.

-Sim, estudava no colégio Armstrong com os outros.

-Armstrong? Uau, esse é o melhor colégio da nossa cidade.

-Sim, eles estudavam lá então quando passei a morar com eles também passei a frequenta-la.

-Eles? Você esta se referindo as pessoas com quem morava?

-Sim. Morava na mansão eu e os quatro irmãos Johnson - ele me olhava atentamente - Eram Aindan o primeiro filho, Dylan o segundo filho, Jake o terceiro filho, e Charlie o quarto filho.

-Todos eles te mal tratavam?

-Nem todos, Charlie era e sempre foi um doce de garoto. Apesar de ele também me fazer o mesmo que os irmãos ele nunca quis o meu mal - disse jogando o cabelo de volta para trás da orelha pois já havia saído de lá.

Ele parece não ter acreditado muito em que Charlie pudesse realmente não quer meu mal sendo que me maltratava como os outros.

-Esta bem

Ele se levantou e abriu o armário. De lá ele pegou um cobertor e algo que parecia ser um saco. Do tal saco tirou um coução e o colocou ao lado de sua cama entre ela e a parede. Ele jogou o cobertor em cima dele e em seguida tirou outro travesseiro do armário e o jogou sobre o coução. Olhei pela janela e percebi que já estava a noite, nem havia percebido o tempo passar.

-Pode dormir na minha cama hoje, eu vou dormir no chão - retornei o olhar para o garoto que agora estava se sentando no coução.

-Não precisa, eu posso dormir no chão.

-Não mesmo, você é visita aqui e cai dormir na cama.

Ele se levantou e caminhou até a mesa do computador de onde tirou um fone de ouvido. Ele pegou o celular no bolso e retornou para a cama e os colocou sobre o travesseiro.

-Onde você vai? - perguntei.

-Vou tomar meu banho, não demoro. Tente dormir.

Eu deitei, me cobri até os ombros e fiquei observando o céu estrelado através da janela. Eu devia estar realmente cansada, pois dormi rapidamente.

No dia seguinte assim que acordo percebo que John não estava. Me sento na cama ainda bocejando. Vejo a porta se abrir sem me dar tempo de reagir, vejo o rosto confuso da mãe de John me observar enquanto deixa cair uma cesta de roupas no chão.

Lágrimas E SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora