Episódio 8

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Visão John

Não me lembro de muita coisa que havia acontecido. Me lembro de ter acordado e ver Angel sentada ao meu lado com seus braços em volta de suas pernas e com a cabeça abaixada entre os joelhos. Quando acordei ela me olhou com um olhar cansada e preocupado ao mesmo tempo. Nós ainda estávamos na pequena casa atrás do ginásio. Passei a mão em meu pescoço já sabendo o que iria encontrar porem torcendo não encontrar. Senti com a ponta dos dedos dois furos no pescoço e quando retirei meus dedos pude ver um pouco de sangue na ponta deles.

-Por quanto tempo eu estive desacordado? - perguntei fechando os olhos lamentando por não ser um sonho tudo o que havia acontecido.

-Umas meia hora eu acho, sua turma já voltou pra sala e já devem estar sendo liberados da aula.

-Por que ainda estamos aqui?

-Eu estava com medo de avisar para alguém que você estava desmaiado aqui e avisarem seus pais. Eles ficariam muito preocupados.

Eu a olhei nos olhos um pouco feliz por ela não querer que meus pais brigassem comigo mas também com um pouco de estranhamento, ela deveria sim ter chamado alguém. Vejo em seu ombro uma parca de mordida como a que Jake havia me dado. Ele também havia a mordido, isso era imperdoável.

-Ele te mordeu.

-Sim - ela coloca a mão sobre a mordida - Ele não queria se soltar de você e se ele continua-se você morreria. Eu tentei de todo jeito tirá-lo de cima de você até que ele se afastou e me mordeu. Eu achei que morreria ali porque não havia ninguém para me ajudar e eu não conseguia afasta-lo. Não sei o por que mas ele me soltou pouco tempo depois e foi em bora depois de te olhar torto. 

-Obrigado por me ajudar.

-Você teria feito o mesmo por mim... se pudesse - ela riu sem graça. Eu ri junto.

Passamos um tempo em silencio, o sinal toca e Angel resolve falar.

-Pensando bem acho melhor irmos andando e cuidar desse machucado antes de voltarmos para casa. Não queremos que inflame.

-Também acho. 

Ela me ajudou a levantar e a andar porque ainda me sentia um pouco tonto. Ela me levou a enfermaria da escola onde cuidaram do meu caso quase em desespero. As responsáveis por lá me perguntaram onde havia conseguido fazer aquilo mas apenas disse que não sabia. Disse que algo havia me acertado e eu desmaiei, quando acordei estava com aquilo no pescoço. Me fizeram muitas outras perguntas mas preferi ficar calado. Elas desinfectaram o local da mordida e tamparam o local com gaze. Antes que pudessem me prender na escola e me comprar respostas peguei meu material, troquei de roupa tirando a de ginastica e coloquei a roupa que havia saído de casa e, junto de Angel, saímos da escola o mais rápido possível. Não havia muitos alunos na escola o que fez com que quase fossemos descobertos fugindo escondidos.

Tive que entrar um casa de cabeça baixa para que minha mãe não visse. Tive sorte porque Jake havia me mordido próximo a garganta, se fosse pouca coisa mais a esquerda minha mãe teria notado e estaria frito naquele exato momento. O gaze no pescoço de Angel não foi descoberto pois estava do lado direito de seu pescoço e minha mãe havia passado ao nosso lado esquerdo. Subi para meu quarto enquanto Angel se dirigiu ao dela. Troquei de roupa, me sentei em frente ao computador e fiquei encarando o gaze em meu pescoço através do monitor desligado que me serviu como espelho. Fechei meus olhos e havia acontecido passou em minha cabeça como um filme. Abri meus olhos o mais rápido possível.

-Oi - disse Angel escorada a porta - Ta melhor?

-Sinceramente? Não muito - ela caminhou até minha cama e se sentou. Passei a mão em meus cabelos e apoiei os cotovelos sobre a mesa - Me desculpe.

-Está me pedindo desculpas por o que?

-Por não acreditar em você... quando disse que eles... eram vampiros. Era muito absurdo para ser verdade.

Eu a olhei de entre meus braços, ela estava calma como sempre enquanto me encarava. Ela deu um meio sorriso e disse:

-É normal você não acreditar em mim. Até parece que falando do jeito que te disse convenceria alguém de estar falando a verdade ainda mais de um assunto como esse - ela desviou o olhar para sua mão ainda com o pequeno sorriso sem graça no rosto - Você não tem culpa.

-Se eu soubesse poderia ter me prevenido quando ele se aproximou de mim - ela riu baixinho do que eu havia acabado de falar.

-Desculpa mas não tem como. Eles são muito rápidos, muito fortes, você não teria tempo nem de reagir ao que aconteceu mesmo se tivesse acreditasse em mim ou não.

Retorno meu olhar para a mesa do computador, é tão horrível se sentir impotente. Ela se levanta da cama e me abraça por alguns minutos depois sai do meu quarto sem dizer nada. Faço meus deveres, passei todo o jantar em silencio e logo fui dormir. 

Durante todo o resto da semana não encontrei com nenhum dos irmãos Johnson na escola. Na segunda a professora anuncia que a escola irá realizar um baile especial no dia dos namorados e escolhe a equipe e organização. Eu acabei sendo escolhido apesar de não ser muito chegado nessas coisinhas fofinhas que casais de namorados fazem. A organização começou no dia seguinte.

Todos os responsáveis pelo baile se reuniram no ginásio para pensarmos o que iriamos fazer e separar as tarefas de cada um. Eu e mais outros três alunos representávamos as turmas do 2° ano, todas as outras turmas também eram representadas por quatro alunos cada um para representar uma sala. Mas que bosta, adivinhem quem representava uma das salas do 2° ano? Se pensaram no Jake acertaram. 

Ele me encarava a todo momento, ou melhor, encarava meu pescoço como se estive-se louco para me atacar ali mesmo. Confesso que realmente estava com medo e acho que ele percebeu pois começou a me olhar nos fundo dos olhos, cruzou os braços e riu de um jeito que realmente me deixou com mais medo do que provavelmente passava na cabeça dele e do que ele queria fazer. Havia perdido um pouco da concentração no assunto e tentei retomar. No final da reunião foi decidido que minha sala iria ser responsável por uma parte da decoração e a sala do Jake pela comida, meio irônico isso.   

No dia seguinte começo a pensar bem, se eu estarei ocupado cuidando do baile quem irá impedir que os Johnson se aproximem dela? Ela estará indefessa. Antes de sair de casa lhe avisei para tomar o máximo de cuidado possível, sabe-se lá o que aqueles loucos, e também vampiros, tentaram fazer com ela? Espere, e se... e se eles... e se eles resolverem leva-la de volta? Não posso ficar parado enquanto á essa possibilidade.

-Senhor Stevens - gritou a professora me cortando os pensamentos.

-Sim? - disse em um pulo.

-Preste atenção a aula e pare de viajar nos seus mundos imaginários.

-Sim professora - acho que tenho mais medo da minha professora do que dos Johnson.

Durante o recreio sinto que estou sendo observado, olho em volta e vejo longe de mim Jake me encarando do mesmo jeito que na última reunião da organização do baile do dia dos namorados, isso estava me assustando realmente. Me levantei e decidi andar pela escola mas logo percebi que ele estava me seguindo. Meu Deus, o que eu fiz pra merecer isso?





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