Mom, don't leave me.

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"os piores pesadelos são aqueles que vivemos de olhos abertos"

- Autor desconhecido

Olhei a hora no meu celular pela milésima vez. Ela estava atrasada. Já era tarde. Muito tarde, aliás. Me levantei da minha cama e abri a janela do quarto, deixando que o ar frio da madrugada bater em meu rosto. Ela já devia ter chego. Nunca ficava fora por tanto tempo, e se ficasse, ligava para avisar.

Me joguei na cama e suspirei. Lá fora, as luzes da casa dos vizinhos brilhavam na noite. O garoto loiro que era meu vizinho tocava um violão animadamente.

Peguei meu celular novamente e olhei a hora. Quatro e vinte da madrugada. Amanhã era sábado, então não precisava me preocupar com a hora. Coloquei a primeira musica que achei para tocar. O som de where did Jesus go preencheu o quarto. Suspirei. Essa musica era ótima.

"I have to tell a tale about a girl who's so screwed"
"Eu tenho que contar uma história de uma garota que era muito fodida"

Esfreguei os olhos. Essa garota com certeza era eu.

Oh, me desculpe! Esqueci de me apresentar. Meu nome é Allycia dawson, vulgo Ally. Tenho dezessete anos, e como a musica diz, tenho uma vida realmente fodida.

Meu pai morreu quando eu tinha sete anos. Ele era a minha pessoa favorita no mundo todo. Quando ele era vivo, tínhamos uma loja de musica chamada sonic boom. Ele me ensinara a tocar piano e violão. Eu o amava mais do que tudo. Ele morreu de uma doença. Não sei qual. Quando ele estava doente, nunca me dizia o que tinha, e quando eu perguntei a minha mãe, alguns anos atrás, ela começou a chorar.

Falando na minha mãe, vou falar um pouco sobre ela. Assim que meu pai morreu, ela entrou em estado de choque. Vendeu a loja do papai e também nosso antigo apartamento beira-mar. Então nos mudamos para a parte mais afastada de Miami, um bairro perto de um pequeno bosque. Quando saiu do estado de choque, passou a se embebedar todos os dias.

E tinham os ataques.

Eu tinha oito anos quando eles começaram. Ela começava a chorar e berrar, me agarrando pelos ombros e chamando por meu pai. Agora, eu já havia me acostumado, mas na época, os ataques conseguiam assustar de verdade uma garotinha de oito anos.

Comecei a pensar nisso. Antes que percebesse, meu rosto estava banhado por lagrimas. Droga! Eu odiava chorar. Me sentia fraca.

- Caralho, Ally dawson, seja forte! - sussurrei para mim mesma, me sentando na cama. Ouvi os versos da musica preencher o quarto

What's the point of screaming out if no one gives a damn?

What's the point of reaching out if no one lends a hand?

She had passed the point where there's nothing left to give

She was seventeen and never ever learned to live

"Qual o objetivo de gritar se ninguém dá mínima?

Qual o objetivo de subir se ninguém dá uma mão?

Ela tinha passado o ponto onde não havia mais nada para dar

Ela tinha 17 e nunca tinha aprendido a viver"

Deixei as lagrimas caírem

- Que se foda a força - soltei um soluço e abracei a mim mesma. Onde ela estava?

Senti estar sendo observada. Olhei pela minha grande janela de vidro. Na janela em frente, o vizinho loiro, Austin, eu acho, havia parado de tocar o violão e me olhava, com um semblante preocupado. Ele pegou um caderno de desenhos de cima da mesinha de cabeceira. Ele rabiscou apressadamente no caderno e virou ele para mim. Pude ler a frase "você esta bem?". Senti raiva. Até parecia que ele se importava. Era só mais um entre um bando de curiosos. Peguei meu caderno de dentro da minha mochila. Rabisquei um "quem se importa?" e mostrei para ele. Ele começou a escrever algo, mas eu fechei minha cortina.

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