Promise?

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– Hey! Você acordou!


Olhei na direção em que a voz vinha, e tive um pequeno ataque cardíaco.

Em parte, porque era exatamente o mesmo garoto dos meus sonhos. Em parte, porque eu o reconhecia. Sentado em uma poltrona ao meu lado, estava meu vizinho,

– Estávamos ficando preocupados – seu sorriso foi substituído por um olhar preocupado – Você apagou por uma semana! – ele colocou as costas da mão na minha testa, verificando a temperatura

– A propósito, meu nome é Austin. Austin Moon.

– Ally – murmurei. Minha boca parecia ter sido usada como um ninho de escorpiões – Ally Dawson. O que... O que aconteceu?

A expressão do garoto enrijeceu-se

– Não se lembra? – ele murmurou.

– Só de ter... Caído... Da ponte – murmurei – E pelo que sei, eu devia estar morta, nesse momento

– Eu e meu amigo, dez estávamos lá quando você caiu – ele gesticulava com as mãos enquanto falava, como se estivesse nervoso – Eu meio que te resgatei. Nós te trazemos pro hospital. Você teve muita sorte. Poucas pessoas caem de uma ponte de dez metros e só torcem o pé. Alias, você bateu o braço em alguma coisa, e fez uns cortes bem feios. 

Ele me olhou desconfiado, como se não acreditasse nas próprias palavras.

Assenti levemente. Olhei para ele, com lagrimas começando a brotar em meus olhos.

– Austin? – chamei, e ele se virou para mim – Por que você me salvou?

– Era a coisa certa a fazer – ele murmurou.

Senti um gosto amargo invadir minha boca.

– E quem disse que eu queria ser salva?

O loiro arregalou os olhos e levantou a cabeça, me fitando, completamente incrédulo.

– Não me diga que você... – seus olhos se arregalaram tanto que pareciam querer sair das orbes – VOCÊ QUERIA SE MATAR?!

– Isso – murmurei – Grita mais alto. Ainda não te ouviram na Groelândia.

– Então, é verdade... – agora ele andava de um lado para o outro, nervoso – Esses cortes... não foram acidente, não é? Você se cortou.

– Tem um erro nessa frase – sorri, inocentemente. Aquele garoto estava ma irritando – Eu me corto. No presente.

– Você é idiota? – ele riu, cético. Senti lagrimas começarem a brotar nos meus olhos – Fala serio! Sua vida é ótima! Você mora em uma casa linda, tem tudo o que quer. Qual o seu problema?

CALA A BOCA! – gritei. Lagrimas rolavam a solta pelo meu rosto – Você não sabe nada sobre mim, nem sobre a minha vida!

– Ah, fala sério! – ele riu com escárnio – O que aconteceu pra você querer se matar? Terminou com o namoradinho? O seu pai não te deu o presentinho que você queria, é? Ou quem sabe...

Eu sou orfã. – falei com amargura e, dessa vez, ele se calou, olhando assustado para mim. Arranquei um fiozinho que levava soro ao meu braço esquerdo e me levantei. Assim que fiz isso, percebi pela primeira vez que eu usava uma tipoia na perna direita. Tentei me manter em pé e fiquei cara a cara com o loiro – Meu pai morreu quando eu tinha seis anos – sussurrei, irritada – E minha mãe virou uma alcoólatra por causa disso. Eu tive que abandonar minha infância aos seis anos pra cuidar dela. seis anos, Austin! Eu era quase um bebê, mas tinha que cuidar dela! Alem de ter que me esconder dentro de um armário velho sempre que ela voltava bêbada demais pra casa. Ainda sim ela era a única pessoa que eu tinha. Eu tinha que cuidar dela, e esse tinha sido o único motivo de eu não ter acabado com essa porra de vida antes. Sabe porque eu tentei me matar, Austin? Porque ela morreu. Ela morreu! E eu não quero ficar sozinha nesse mundo de novo. Eu não tenho nenhum amigo, nenhum prazer, nenhuma razão de viver. Assim que eu sair da merda desse hospital, eu vou voltar para aquela ponte e, se você tiver a gentileza, não me tire de lá de novo. Eu não tenho motivos pra continuar nessa droga de mundo! – percebi que eu estava gritando. Lagrimas rolavam pelo meu rosto, e meus soluços ecoavam pelo quarto.

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