Good News

48 2 0
                                    

Austin estava começando a se acostumar com Nova York.

Os ruídos da cidade já não o incomodavam mais. Ele não se importava de ser empurrado de um lado para o outro no metro, e já até mesmo conseguia lançar o típico olhar mortal dos nova-iorquinos quando alguém o xingava. Já era quase um Yankee.

Ele e Ally estavam se adaptando até mesmo aos luxos mínimos que podiam ter: netflix na televisão, pequenas incursões ao central parque, o café decente que vendiam na lanchonete da esquina, a boa acústica do banheiro, onde se sentavam a noite - ela na banheira, ele na privada - para tocar violão. E o sexo.

Austin nunca havia feito tanto sexo em sua vida quanto fizera desde sua chegada em Nova York. Era um dos únicos prazeres relativamente baratos que podiam ter (se você não contasse a caixa de camisinhas que tinham que comprar semanalmente e deixar no banheiro. Camisinhas eram absurdamente caras naquela cidade, na opinião de Austin).

Haviam também alguns programas singulares que faziam. Haviam ido visitar Dez e Trish três vezes ao longo das ultimas duas semanas. Tiveram uma reunião com Jimmy Starr - um homem de pele escura como chocolate e um ar imponente -, onde ele os oferecera o contrato formal, que faria eles receberem dinheiro o suficiente para sobreviver em Nova York.

Visitaram Elliot e Cassidy, que haviam se hospedado na casa dos pais do garoto. Ambos pareciam felizes, embora cansados. Enquanto estiveram lá, o Sr. e a Sra. Miller os haviam bombardeado com perguntas sobre seus futuros umas quinze vezes. Austin quase chegou a sentir pena deles.

Passou a mão pelos cabelos, cansado. A velha Lindstrom bateu com uma vassoura sob seus pés, e ele pisoteou o chão, só por vingança. A velha Lindstrom era uma das poucas coisas que Austin ainda odiava em Nova York.

Arrumou o termostato do apartamento para uma temperatura confortavelmente quente, e derramou café em uma caneca grande. Jogou leite e canela por cima, e deu um grande gole. O liquido aqueceu seu interior.

Uma sombra passou ao seu lado, e Ally estava sentada no balcão que dividia a cozinha da sala, uma xícara de café nas mãos. Austin se encostou-se à pia e a examinou por alguns instantes: usava uma calcinha azul-indigo, com aquela blusa de frio de um azul mais claro, com a imagem da deusa indiana Shiva estampada na frente, que ela havia roubado dele. Os cabelos haviam sido amarrados em um rabo de cavalo espetado, e o por do sol do Brooklyn brilhava nas janelas atrás dela. Parecia linda.

A morena ergueu uma sobrancelha, curiosa.

– Que foi?

– Ahn?

– Você esta me encarando - ela sorriu docemente.

O loiro sorriu de lado.

– É que o seu rosto esta sujo.

Ally sorriu, um misto estranho de carinho e escárnio pela piada.

– Engraçadinho.

Austin apoiou a cabeça na geladeira ao seu lado. Estava exausto, mas não pode deixar de sentir aquele enorme carinho que sempre sentia quando a morena estava por perto.

Antes que pudesse raciocinar, Ally sorriu.

– O que vamos fazer para o jantar? - ela perguntou, inclinando a cabeça para o lado levemente - Eu estou faminta.

O sorriso que ela deu foi capturado pelos olhos de Austin, e ele deu um sorriso similar. Colocaram as canecas de lado em sincronia.

– Eu também estou faminto - deixou um sorriso malicioso pairar em seu rosto. Em um passo, estava entre as pernas da garota sentada no balcão, os lábios em seu pescoço - Só que não de comida.

WonderwallOnde histórias criam vida. Descubra agora