The regrets of the next day

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A manga do meu casaco estava levantada, enquanto eu analisava as cicatrizes longas e esbranquiçadas ao longo do meu pulso. Havia se tornado um habito, aquilo, mesmo que eu não entendesse o porquê. Havia algo de hipnotizante naquelas linhas que pareciam nunca querer sumir, nas lembrando de um passado doloroso do qual eu não gostava de lembrar.

Mas eu estaria mentindo se dissesse que não pensava em abrir aqueles cortes, algumas vezes.

Por mais estranho que aquilo fosse, eu me lembrava da sensação que os cortes causavam. Nunca doía, não de verdade. Era como se o sangue que saia levasse junto meus problemas, por algum tempo.

Céus, eu estava ficando maluca.

Abaixei a manga do casaco e me levantei, pegando um livro qualquer da estante e seguindo para o terraço, com um maço de cigarros enfiado no fundo do bolso do moletom.

Aquele apartamento parecia grande demais agora, e ficar sozinha era doloroso. Certo, haviam sempre Cassidy, Elliot e Dez para me fazer companhia durante o dia. Mas durante a noite, quando todos já haviam ido para as suas casas, ficar sozinha ali era aterrorizante.

Estava prestes a acender um cigarro quando a porta do apartamento se abriu e Dez entrou, tentando enfiar algo na bolsa. Ele carregava um saco de donuts do Morgan's e dois copos gigantes com bebidas quentes, o usual para nossa maratona de filmes - com Trish e Austin fora, Dez e eu acabamos desenvolvendo grandes laços de amizade. Era raro vê-lo fora daqui.

Comecei a sorrir e cumprimentá-lo, mas então ele se virou e eu vi a sua expressão. Era muito parecida com alguém que estava a caminho de um velório.

- Dez, você está bem?

- Ahn?

- Você está bem?

O ruivo piscou, e sua expressão se transformou rapidamente de "indo para um funeral" para "super

animado com uma maratona de filmes totalmente aleatórios".

- Eu estou ótimo. - ele abriu o sorriso um pouco mais, embora não parecesse feliz - Vamos começar?

Pov Austin

Minha cabeça latejava quando eu acordei, e minha garganta me lembrava de um caminhão lotado de areia.

Eu estava em uma cama macia, com cobertores fofos. Não fazia a menor idéia de como havia chego ao hotel, mas Ethan devia se lembrar. Eu tinha que falar com ele.

Tentei abrir os olhos, mas era uma tarefa mais difícil do que deveria. As pálpebras pareciam estar coladas.
Me virei na cama, gemendo, mas de repente parei. Eu havia encostado em algo, um pedaço de pele macia e nua. Abri os olhos.

Merda. Merda merda merda droga idiota merda idiota idiota droga cacete merda.

Me empurrei para fora da cama, caindo em um tapete felpudo que não era do hotel.

A garota loira e nua deitada na cama se remexeu e acordou, sorrindo maliciosamente quando me viu.

- Bom dia, lindo - ela se levantou, expondo orgulhosamente os seios rosados e o pescoço cheio de chupões - Segundo round?

Pisquei, atordoado. Ally. Ally, Ally, Ally. O que eu tinha feito? Pensei na minha morena, sozinha em casa, no quanto eu a amava e no anel de noivado que eu queria dar a ela no fim do mês.

Tudo isso estava acabado.

Ou ao menos estaria, se ela soubesse.

- Eu... - achei minhas roupas jogadas em um canto do quarto -Eu tenho que ir.

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