You got yourself a bad habit

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Peguei o celular em cima da mesa, e com um gesto rápido dos dedos achei o contado de Ally. Na foto, a garota dos olhos de chocolate derretido parecia sonolenta. Suas bochechas estavam rosadas e suas pálpebras, pesadas. O cabelo bagunçado contrastava com o travesseiro. Parecia tão verdadeiramente feliz que meu coração chegou a doer.

Após encarar a foto por mais um momento, apertei o botão para discar e encostei o celular na orelha.

Austin!– a voz de Ally soou após o quarto toque.

– Oi, meu amor - sorri levemente - Como estão as coisas por ai?

Ouvi o suspiro da morena. Essa era a minha primeira turnê, e Ally fora obrigada a ficar em New York para realizar dois shows.

– Estão bem. Hanna e Elliot estão aqui em casa. Cassidy precisava dormir, e o Ell ainda tem medo de deixar a Han cair. - mais um suspiro. A linha telefônica fez um ruído estranho - Onde vocês estão?

– Chicago - revirei o bolso em busca do pequeno anel que comprara mais cedo naquele dia - Você não faz idéia do quanto é frio aqui, Alls. Estamos em outubro e eu já me sinto no inverno.

A morena pareceu rir do outro lado da linha

– Ai é bonito?

– Bem - ponderei - Tão bonito quanto a Filadélfia.

Ally soltou uma gargalhada. Era bom ouvir o som da risada dela.

– Ok, deve ser horrível

Ficamos em silencio por um tempo. No telefone, o som de um bebê chorando preencheu silencio.

– Opa, a Han acordou - houveram alguns estalos quando Ally acomodou o celular entre a orelha e o ombro. E então mais alguns ruídos enquanto ela pegava Hanna no colo.

Ei menininha – ela falou com aquela voz especialmente aguda que as garotas guardavam para os bebês e os animais - Você acordou é? Sim, acordou sim! Quem é a minha pequena Hanna? É você! É claro que é você! Fala oi pro tio Austin!

A risada infantil retumbou nos meus ouvidos, me fazendo sorrir.

Olhei o anel na minha mão. Era prateado, com adornos em forma de folhas sustentando um pequeno rubi. Coloquei-o no meu dedo mínimo, mas ele só entrou até a segunda articulação. Pela primeira vez desde que eu havia pensado naquilo, a idéia pareceu real.

Céus, eu esperava que ela dissesse sim.

Ficamos em silencio por algum tempo enquanto Ally acalmava a criança.

– Austin?

– Sim?

– Eu sinto a sua falta.

Silêncio.

– Também sinto a sua.

Mais silêncio.

– Austin! - Nate Woods, um dos caras da banda, apareceu na porta do quarto - Vamos logo. Já estamos atrasados.

Enfiei o anel bem fundo no meu bolso, me levantando.

– Tenho que ir, Alls.

– Tudo bem. Até depois.

– Até. Eu te amo.

– Eu também.

Suspirei, desligando a chamada e caminhando atrás de Nate. Segui o rapaz pelos corredores estreitos e úmidos da casa de shows. O frio ali era intenso, mas eu sabia que, assim que subisse ao palco, seria substituído pelo calor infernal dos dez mil fãs que naquele momento berravam alto o suficiente para estourar meus tímpanos.

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