Wonderwall

Sweet Misery

–Austin? - uma voz familiar me resgatou da escuridão - Austin, pelo amor de deus, acorde...

Forcei meus olhos a se abrirem, e encarei a garota morena ajoelhada a minha frente.

–Ally?

Ela soltou um sorriso aliviado e se jogou em meus braços, apenas para se afastar no segundo seguinte, segurando meu rosto entre suas delicadas mãos

–mas que diabos aconteceu com você?

Levei um instante para perceber sobre o que ela falava, até que as lembranças invadiram minha mente.

Mike.

Dei ombros

–nada de mais

–nada de mais!– ally exclamou incrédula - Austin, metade do seu rosto esta coberto de sangue! Eu acordei há algum tempo, e você tinha sumido! Não atendia o celular, não estava no seu quarto - que, alias, estava revirado - e nem no dez. Então eu decido te procurar, e te encontro desmaiado a deriva numa pista de skate abandonada, parcialmente coberto de sangue. Eu pensei... Pensei...

Seu lábio inferior tremulou. Pela primeira vez, notei que seus olhos estavam marejados.

–por favor - ela murmurou me abraçando fortemente - nunca mais me assuste assim, ok?

Soltei uma risada fraca, o que fez cada músculo da minha garganta doer.

–pode deixar, capitã.

Ela se afastou, e pude vê-la sorrir.

–vamos - ally sorriu, estendendo-me uma mão - meu carro esta ai. Vamos pra casa.

Soltei uma risada sem humor

–eu não tenho casa

Ela ergueu as sobrancelhas, claramente confusa.

–mas o que...?

–Mike disse que se eu quisesse fazer faculdade de musica, era pra eu sair de casa - suspirei - então eu sai.

–ah, Austin... - suas mãos foram delicadamente até meu rosto - meu deus... Foi ele quem fez isso com você, não foi?

Fiquei surpreso ao ouvir a nota de raiva em sua voz

Assenti vagarosamente

–sim - murmurei - foi ele

–aquele filho da puta - Ally se levantou de supetão - e-eu vou chamar a policia. Aquele idiota não pode fazer isso com você, Aus. Eu não vou deixar ele te machucar e...

–Ally - puxei-a pelo casaco do modo mais gentil que pude, fazendo-a se sentar a minha frente. Seus punhos estavam cerrados - esta tudo bem. Eu já me acostumei.

–já...? - seus olhos castanhos se arregalaram. Ela deslizou até o meu lado - como assim já se acostumou? Ele já te bateu antes?

Ri sem humor

–cinco vezes por semana, desde os sete anos.

–Austin, isso... Isso é terrível.

Com um suspiro, notei que toda a raiva que eu havia sentido algumas horas antes se fora, deixando para trás uma tristeza avassaladora, que parecia me consumir a cada vez que o ar entrava em meus pulmões.

Sorri tristemente para ela

–todo mundo tem problemas, Alls. Você cuidava da sua mãe, eu apanhava do meu pai.

–ah, Aus - seus braços me envolveram em um abraço tremulo e reconfortante. Eu não havia notado que meus olhos estavam marejados até o momento em que as primeiras lagrimas caíram.