Leaving Home

50 4 1
                                    

Pov. Austin

Olhei para Ally, que suspirava em meus braços. Seu rosto estava extremamente próximo ao meu, e seus cílios faziam cócegas na minha bochecha.

Passei o polegar pela tatuagem em sua nuca. A coruja azul e verde tinha traços espiralados que só podiam ser celtas.

Subi os dedos até sua orelha, afagando cada um dos seus três furos.

Com cuidado, desvencilhei a garota de meus braços.

Me sentei, tomando cuidado para não acorda-la, e encarei seu rosto delicado. Ela parecia tensa – seus lábios em forma de coração estavam levemente pressionados um ao outro. Ainda era possível ver as marcas das lagrimas que haviam corrido por suas delicadas bochechas. Corri os dedos por seus cabelos. A letra de uma musica que eu costumava gostar veio a minha mente, e senti a necessidade de pronunciá-lo.

but baby don't cry – cantei, do modo mais suave que pude. Um sorriso brotou de meus lábios – you have my heart.

Sorri. "mas, querida, não chore" traduzi as palavras em minha mente. "você tem meu coração"

Senti meu coração pulsar mais rápido, ao notar que a frase era realmente verdadeira. Ally realmente tinha meu coração.

Me levantei vagarosamente da cama e sai do quarto, e desci as escadas tentando fazer o menos barulho possível, e sai da casa. Atravessei a curta distancia até minha casa e abri a porta, apenas para dar de cara com Mike, que descia as escadas.

–o que faz aqui? - encarei meu progenitor, que estava a alguns metros de distancia.

–eu ia fazer a mesma pergunta - Mike sorriu com escárnio - resolveu matar aulas, bastardo?

Suspirei, tentando subir as escadas, as fui interceptado por Mike.

–aliás - ele murmurou, ameaçadoramente - poderia me explicar o que é isso?

Ele arrancou um punhado de papeis do bolso e jogou-os aos meus pés. Observei os panfletos escorregarem escada a baixo.

Ergui uma sobrancelha e estampei meu melhor sorriso zombeteiro

–esta cego? - dei uma risada debochada - não é tão difícil assim distinguir panfletos de universidades, Mike.

O homem soltou uma risada de escárnio.

–e como você pensa em pagar uma faculdade, idiota? - sua mão desceu contra minha orelha, fazendo meus tímpanos explodirem em um ruído surdo - faculdades são caras. Não vá achando que eu irei lhe emprestar dinheiro, bastardo. Você não vale isso.

Cerrei meus punhos.

–eu tenho dinheiro. Eu trabalho. - passei por ele, empurrando-o com o ombro. Meus punhos pediam para ir de encontro com seu rosto - não pense que preciso do seu dinheiro sujo.

Estava quase chegando ao meu quarto quando ouvi sua voz soar, tão fria quanto o gelo.

–se quer tanto ir, fique a vontade - Mike subiu as escadas lentamente. Seus olhos me lembravam os de uma cobra, pronta para dar o bote - mas é melhor arrumar uma nova casa.

Suspirei ainda virado de costas para a parede.

Se acalme, Austin.

Um, dois, tres...

–ótimo - cerrei os punhos contra a maçaneta da porta - não preciso desse lugar imundo também.

Isso. Quatro, cinco....

WonderwallOnde histórias criam vida. Descubra agora