Epílogo/Agradecimentos

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Depois daquele dia, as coisas melhoraram radicalmente para Ally. Ela estaria mentindo se dissesse que nunca mais sofrera, mas foram tão poucas as ocasiões que ela poderia contá-las nos dedos.

Ela e Austin haviam voltado a ficar juntos, e pouco a pouco, seus amigos se acostumaram a ver o brilho voltando aos olhos do casal, assim como os sorrisos abertos que haviam ficado escondidos por quase quatro anos.

Não que eles houvessem ficado tanto tempo em Nova York para que seus amigos pudessem acompanhar a mudança - Ally insistira em levar Austin para conhecer cada um de seus lugares favoritos no mundo. Ela estava certa, afinal de contas: o loiro amara cada um dos lugares que lhe foi mostrado.

Eles estavam no sul da Grécia quando Austin pediu a mão de Ally em casamento, um ano e meio após a sua volta. Se casaram, porém, em Nova York, no quintal decorado da casa de Trish e Dez (que obviamente haviam sido os padrinhos, juntamente a Elliott e Noelle).

Sua primeira filha, a pequena April, nascera dez meses depois. Ela era linda, com cabelos tão claros quanto os de Austin e olhos castanhos, e virara instantaneamente grudada aos filhos gêmeos de Trish e Dez, Isabelle e Theo, que eram apenas seis meses mais velhos que ela.

Quando o segundo filho estava por vir, eles resolveram comprar uma casa - uma construção vermelha de dois andares situada a dois quarteirões da casa de Trish. O irmão mais novo de April se chamava Ayden - eles não puderam resistir a colocar um nome com A -, e era a criança mais doce do mundo. Ao longo dos anos, ele desenvolvera um forte laço de amizade com a pequena Diana, a primeira e única filha de Tilly Thompson e Julian Marquet.

Abrir a loja havia sido uma idéia de Austin, e eles a batizaram de sonic boom, em homenagem a velha loja do pai de Ally. Ali, eles vendiam os mais diversos instrumentos musicais, e ensinavam crianças a tocá-los. Seus filhos haviam tido seus primeiros empregos ali, assim como os filhos de todos os seus amigos: a pequena Hanna fora a primeira a assumir, quando completara 16 anos. Ela apenas deixara o trabalho ao passar em uma faculdade de jornalismo em São Francisco, e se mudar para lá com a namorada. Depois dela, viera Noah, seu irmão mais novo, que, diferente da irmã, só trabalhara por alguns meses. E então vieram Isabelle e Theo, seguidos de April, Diana e Ayden.

Fora ali, também, que Theo e April haviam dado o seu primeiro beijo, que Ayden se apaixonara por Diana e que eles haviam recebido as cartas de aceitação a faculdade. April se mudara com Theo e Isabelle para a Nova Zelândia para estudar artes, deixando os pais com o coração na mão, enquanto Ayden apenas saira da casa dos pais, resolvendo ficar Nova York e cursar arquitetura.




Ally se recostou no sofá, cada uma dessas lembranças parecendo tão vivida quanto se tivessem sido feitas no dia anterior.

No computador a sua frente, a chamada de video ainda estava ligada - em uma das telas, estavam April e Theo - ela, com os cabelos loiros e espetados cortados no meio do pescoço e ele, se parecendo assustadoramente com Dez, exceto pelos cabelos negros -, ambos parecendo nervosos e ansiosos. Na outra, a imagem refletida dela e de Dez, ambos surpresos demais para falar.

Quem falou, por fim, foi Austin, que ouvira a conversa e viera correndo da cozinha, arrastando Trish consigo.

- Eu ouvi a palavra "casamento"?

Ele e Trish se enfiaram entre Ally e Dez, na intenção de também aparecer na chamada.

Na imagem do computador, o sorriso de April aumentou.

- Pai! Tia Trish!

Theo corou fortemente, gaguejando um olá para a mãe e o sogro.

- Eles falaram em casamento? Dez, eles disseram casamento? - Trish disparou, ansiosa. Ela quicava no chão, parecendo estar pronta para decolar a qualquer momento - Theo, vocês vão se casar?

Como resposta, os filhos se entreolharam e sorriram, enquanto April erguia a mão para revelar um anel brilhante.

- Eu propus pra ela ontem - o sorriso de theo aumentou - E ela disse sim

- Vamos nos casar!

Com um estalo, Ally saiu de seu transe e deu um gritinho de euforia. Deu um abraço em Trish e Dez e beijou Austin nos lábios.

Ela se sentia eufórica, com um milhão de emoções pulando em seu peito. Ali, olhando para a filha construindo o próprio futuro, Ally se sentia nostálgica. Ela se lembrou de sua própria juventude, do dia em que conheceu Austin. Naquela época, a morena nunca teria imaginado que a vida poderia ser tão cheia de cores e emoções, tão maravilhosa.

Em algum lugar no fundo da sua alma, ela podia sentir a Ally de dezessete anos se aquietar, satisfeita. Ela havia sofrido muito ao longo de sua vida, e merecia desfrutar de cada pequeno pedaço de felicidade que o mundo lhe dava.

Com um sorriso, ela se recostou no peito do homem que amava e observou a felicidade da filha e dos amigos, com a certeza de que tudo ficaria bem.

Sabe, minha vida era muito diferente quando eu comecei a escrever wonderwall.
Eu tinha quatorze anos, poucos amigos e uma mente altamente depressiva. Minha mãe tinha acabado de descobrir que eu me cortava e estava me obrigando a fazer terapia. Foi o ano em que eu quase repeti na escola por causa de matemática, que uma professora disse que trabalhar com artes era um sonho impossível, que eu via o meu pai uma vez a cada dois meses e que os garotos da escola zombavam de mim por ter cabelo cacheado.
Eu comecei wonderwall como uma válvula de escape. Essa historia, desde o começo, foi sobre mostrar não só para os outros, mas para mim mesma, que ser feliz era possível. Que, mesmo que a vida tivesse seus períodos longos e terríveis, ela valia à pena.
E funcionou.
Eu sinceramente não esperava que a fanfic fizesse tanto sucesso, nem que se tornasse tão importante para mim. Durante três longos anos, essa historia foi o mais perto que eu tive de um diário.
E se você está lendo isso, significa que você veio comigo até o final. Eu não poderia te amar mais por isso.
Eu quero agradecer a todas vocês, fantasmas ou não, que leram, favoritaram, comentaram ou recomendaram a história.
Por muitas vezes, seus comentários e recomendações fizeram o meu dia valer a pena. Eu nunca vou me esquecer da minha primeira recomendação, da primeira vez que uma fã entrou em contato comigo fora do nyah, da primeira vez que alguém disse "sua história me deu esperança".
Eu cresci muito do começo da historia pra cá. Aprendi muita coisa que não sabia antes.
Hoje, eu estou a uma semana de fazer dezoito anos, sobrevivi ao pesadelo do colegial e estou a caminho da faculdade para trabalhar com artes (chupa, professora de gramática do primeiro colégio). Eu tenho os melhores amigos que alguém poderia querer.
O que eu quero dizer é que a vida muda. Essa é a única coisa que eu quero que vocês, que me acompanharam desde o começo, levem consigo. A vida tem seus altos e baixos e, não importa o quão grande for o seu sofrimento, uma hora ele vai embora. Eu quero que cada uma de vocês seja o mais feliz que se pode ser. Cantem, dancem, viajem. Façam tudo o que tiverem vontade, para nunca se arrependerem de não terem feito. Não tenham medo de viver, porque a vida foi feita pra vocês (clichê? Talvez, mas é a mais pura verdade)
Certo, eu estou ficando um pouco emotiva aqui. Acho que eu nunca imaginei de verdade que essa historia acabaria algum dia. Para mim, ela se tornou mais que uma simples fanfic. Ela marcou toda a minha adolescência, e o final da historia também marca o final dela (não vou mentir, eu to morrendo de medo dessa tal de vida adulta).
Mas no final, é isso. Eu espero que pelo menos algumas de vocês levem essa historia guardada com carinho no peito, em um lugar onde nunca esquecerão. Espero que ela tenha marcado vocês do mesmo jeito que me marcou, e talvez até mudado o seu jeito de ver o mundo um pouquinho.
Espero, acima de tudo, que vocês não se esqueçam que a vida vale a pena.
Com todo amor do mundo,
Falsajulieta

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