Welcome to Paradise

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Olhei hora no celular pela quinta vez naquele minuto. Eles estavam atrasados.

Suspirei, me recostando em uma arvore em frente ao hospital, e afaguei meu pulso dolorido. Duas grotescas cicatrizes avermelhadas se destacavam na minha pele branca. Aquilo realmente daria trabalho para ser escondido.

Olhei para o lado bem a tempo de ver a caminhonete azul cruzar a esquina. Eles pararam na minha frente. Austin estava sentado na traseira da picape, junto a mochilas e sacos de dormir enrolados. Dez e Trish estavam sentados no banco da frente. O radio tocava uma musica que eu não conhecia.

–vamos, Alls? - Austin estendeu a mãe para mim. Sorri, pegando-a e subindo na traseira da caminhonete com ele. Me sentei no chão frio da picape, meu ombro raspando no dele.

–vai me dizer para onde vamos agora, senhor moon?

–não, senhorita dawson. - ele sorriu, divertido - é uma surpresa

Soltei um muxoxo

–não gosto de surpresas

–todo mundo gosta de surpresas

–eu não sou todo mundo. - o garoto ergueu uma sobrancelha, divertido.

Um silencio agradável se instalou entre nós. Dentro do carro, eu podia ouvir Dez e Trish discutindo algo, e depois rindo. Eles não pareciam nos escutar.

Senti o vento bagunçar meus cabelos, jogando-os no meu rosto. Austin esticou a mão e tirou-o da minha face. Olhei para ele. O garoto estava extremamente perto. Ele sacudiu a cabeça e se afastou um pouco.

–escuta, Alls, sobre ontem.... - ele gaguejou, constrangido. Meu rosto começou a ficar vermelho.

–nada aconteceu - forcei um sorriso - vamos só esquecer que isso aconteceu, okay?

Ele sorriu, parecendo aliviado

–okay

me recostei na caminhonete, tentando sorrir também. Sabia que seria impossível esquecer. Enquanto estava no hospital, havia me lembrado de muitas coisas da noite passada - toques quentes, lábios sabor canela, os cabelos loiros brilhando a luz da noite. E haviam as borboletas. Milhares delas, todas voando, batendo asas e revirando dentro do meu estomago. Eu não podia esquecer. Eu não queria.

Tentei mudar meus pensamentos. Me virei para ver a estrada, mas meu cabelo voltou a voar para meu rosto. Amarrei-o em um rabo, irritada. Olhei para fora de novo.

Havíamos saído parcialmente de Miami, de modo que agora andávamos entra colinas douradas que se arrastavam pelos dois lados da estrada, embora ainda houvessem alguns prédios. O cheiro de pinheiros preencheu o ar.

–gostando da paisagem, alls? - o garoto sorriu para mim, tímido. Era impressão minha ou ele estava diferente?

–é linda - sorri, radiante. O gosto dos lábios de Austin voltou a minha mente. Desviei os olhos, corada.

–você vai amar o lugar pra onde vamos - ele sorriu, animado.

–pra que estamos levando barracas? - perguntei, olhando para a embalagem de uma das sacolas

–pra jogar tênis, Allycia - ele sorriu, sarcástico.

Revirei os olhos, pegando meu diário de dentro da mochila e comecei a escrever alguns versos que me vinham à mente. Ficamos em silencio por alguns longos minutos. A paisagem passava rapidamente por nós. Uma batidinha no vidro da picape me chamou a atenção. Do outro lado do vidro, Trish sorriu para nós. Ela abriu uma escotilha no vidro, na qual eu não havia reparado até este momento.

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