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Preciso muito ver a Marie novamente, é impossível que eu esteja louco, agora juntando todas as peças, vejo que a alma dela está vagando por aí, e eu sem perceber nada, como fui burro,  algo assim não acontece do nada, preciso encontrar uma resposta.

Fico muito pensativo, que nem reparo que é Talisca ali na frente da minha casa, me apresso para falar com ela.

Toda simpática ela me cumprimenta, e eu retribui com um beijo na testa.

-Enzo me desculpa vir assim mas é que eu preciso muito do seu apoio para tentar descobrir o que aconteceu com a minha menina.

-Claro, tudo o que a senhora precisar, mas me diga o que precisamos fazer?

-Eu queria muito que tu viesses comigo até em casa, queria ver se não encontro nada nas coisas dela, sabes, pode ser que encontremos alguma pista de alguém que lhe queira fazer mal, alguma ameaça, os pais eram ricos, e ela herdou tudo, então pessoas assim é normal terem algum inimigo.

-Entendo, e também acho que a senhora tem razão.

-Chegando na casa, me sento, enquanto a Sra. prepara uma lanche.

Não sei porquê mas, ela está como antes, seu semblante está diferente, seu olhar  parece profundo, forte, seu cheiro está forte.

Ela sai da cozinha com bandeja cheia de coisa para comer, eu claro estava morrendo de fome e de cansaço, mas  não podia negar em ajudá-la.

Terminamos o lanche, sinto uma sensação estranha e cheiro de jasmim, então pergunto para ela, se tem mais alguém em casa, e ela diz que não, mas fica desconfiada, e me pergunta porquê.

-É que esse cheiro me lembra Marie. 

-A senhora acredita em espíritos?

-O que é isso rapaz, claro que não, nunca vi um antes ,mas não quer dizer que não existem, sabes minha mãe era uma xamã.

-Sério, sabe é que tenho a sensação... alias sei que o espírito da Marie tem estado a falar comigo depois do acidente, e agora, eu preciso saber o que eu faço para falar com ela novamente, porque sinto que ela está pressa por alguma razão.

-E por acaso ela te falou alguma coisa estranha?

-Não porquê?

-Nada, só curiosidade mesmo, vamos querido temos muita coisa a fazer.

Fomos para o jardim, até uma casinha, e descemos uma escada que dá acesso ao sótão e lá tinha muitos documentos e coisas velhas.

-Porquê a gente está procurando pistas no sótão, e não no quarto dela?

-É que...

-Sinto uma batida muito forte na cabeça, caio no chão imóvel mas consciente, só que sem força.

Então daí vejo uma cara conhecida, os dois riem, e pegam numas cordas e fita adesiva, me amarram e  depois me jogam num canto em cima de um colchão velho e sujo.

Fico lá por algumas horas, os dois descem com balde de água e jogam em cima de mim.

-Levanta seu imundo.

-Achou que podia estragar o nosso plano, que simplesmente te deixaríamos á solta correndo atrás daquela patricinha mimada metida a besta.

-Marie, marie, tenho nojo de você Enzo, enquanto nós cuidamos de você, tem gente cuidando do seu amiguinho traidor.

-É só você chegar aqui que tudo muda, é o Andy que esquece que um dia fomos amigos, é a Marie que esquece de procurar o irmão que ela tem.

-Quem você pensa que é, mas sabes, me fizeste um grande favor, porque o Andy era um meloso, me enoja ter que ver todo mundo o elogiando, aquele sorriso, mas agora finalmente tudo vai dar certo.

-Não me leve a mal, simplesmente estiveste no lugar e na hora errado e te envolveste com a pessoa errada.

-Deixa me te apresentar a minha mãe Beatrice, em alma no corpo dessa merda., ah e meu nome de verdade é Hudson Ivanov Pantaeva, irmão da Marie. Gostou cunhadinho.

-Mas Daniel, o que está acontecendo, é uma brincadeira não é, me tira daqui, o que estás a fazer? me solta Daniel.

-Foi a sua burrice que te trouxe aqui, então me deixa te contar uma história, que a minha mãe me contou, e claro alguém que eles nem imaginariam que existia uma tia, que me encontrou no orfanato onde fui jogado, ela me adotou como se eu fosse um estranho para não levantar suspeita, me criou juntamente com a minha mãe, e me educaram para o dia em que eu vingaria a morte da minha família, minha família entendeu seu animal.

Depois de ouvir toda a história do Daniel, pergunto-lhe se ele tem alguma coisa a ver com o acidente da Marie.

-O que achas, é uma pena que ela não morreu, quer dizer ainda.

-Sacana, seu louco, não vê o que você está fazendo, destruindo sua vida e vida de outras pessoas.

-E você Talisca, sua falsa traidora, a Marie te amava.

-Eu sei meu amor aquela mimadinha, estava carente de amor, sempre esteve, então aproveitei a oportunidade para me vingar dos pais dela, sabe meu filhinho querido, foi quem tratou de tudo, pagou um estranho para desprender o cubo os parafusos das rodas, e mexer na caixa da direção hidráulica, claro também deram uma ajudinha na estrada, assim teríamos a certeza que não haveria sobreviventes.

Fico apavorado com toda a história, bem na hora que Ta.., quer dizer a Beatrice sai do corpo da Talisca, vejo aquela mulher linda de olhos azuis, cabelos castanhos ondulados, pele clara, vestia um vestido longo rosa claro, ela vinha até mim e ao chegar o rosto e o corpo desfiguraram-se completamente, parecia um corpo em decomposição, no ventre dela estava toda estraçalhada e sangrando, o pescoço com um corte profundo, o rosto cheio de hematomas e ferimentos, que dava para ver até um pedaço de osso no lado esquerdo, nesse momento sinto um medo e também uma pena, e então ela grita na minha frente fazendo toda a casa tremer, pega no meu pescoço me joga de um canto a outro, enquanto o Daniel se diverte.

Os Dois riem, ela pergunta gostou neném, gostou do que viu, foi isso que eles me fizeram, pior que matar um animal, por isso não posso deixar passar, e é isso que vai acontecer com a sua namoradinha, ou melhor vou fazer a alma dela se perder, vagar nesse mundo físico sem rumo, perdida enquanto o corpo dela vai apodrecendo naquele hospital.

Daniel me levanta do chão arrastando até o lugar onde estava, tapa a minha boca com um pano, riram e os dois vão embora, me deixando ali cheio de dores pelo corpo, e com arranhões na cara e na testa.

Sem saber o que fazer, tento me mover até uma porta que parece meio podre, lá tento chutá-la, chuto com todo o meu corpo, até que ela desaba.

Mas isso é um santuário, vejo fotos de Marie, eu e Andy, e também da Talisca, meu Deus, o que será que faziam aqui, preciso me soltar, tenho que encontrar o Andy.





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