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Solitário, Daniel vaga pelas ruas da cidade sem rumo, pensando em tudo que havia acontecido.

Aborrecido e agitado ele esbarra nas pessoas, não olha nem pede desculpas,o sentimento de dor e de fúria entristece-o.

Em seus pensamentos um grito de dor, na sua alma um peso de culpa, a revolta.

Sentado ao lado de um balde de lixo habitado por um bando de gatos fedidos e selvagens, Daniel chora pela perda de tudo, amigos, família, felicidade e daquele que para ele é um irmão, alguém que talvez nunca mais lhe dê um abraço, um sorriso.

Lágrimas escorrem cada vez mais pelo seu rosto, seus olhos incham e o ambiente sujo e fedido se torna escuro, porque a dor no seu peito torna-se o dono do seu organismo.

É quase meia noite, uma moça alta,mais alta que ele, de olhos verdes, com peruca rosa, lábios carnudos, magra de vestido colado preto, saltos de 10cm, o chama, senhor, senhor está tudo bem? Precisas de ajuda?

Com olhos marejado, voz rouca e corpo tremulo, ele responde, moça, quem é você onde é que eu estou?

O senhor precisa de alguma coisa?, pela sua cara dá pra ver que não és daqui, esse ambiente sabes?.

Me deixa em paz.

O senhor sabe que se te encontrem aqui nesse estado, com essas roupas vão te matar?

Isto não é da sua conta, a vida é minha, sai daqui oh, sua vadia.

Seu escroto, eu vou, mas devias sair daqui já.

A moça, andando de lado vai embora em passos longos, balançando sua carteirinha de corrente prateado, comendo pastilha elástica fazendo bolinhas e arrebentando-os de forma sexy e quente.

Ouvindo o som dos saltos da bela moça indo embora, Daniel pensa, e apoiando seu corpo na parede, dá um, dois, três passos, ei moça, moça, por favor espere eu...

A jovem para e vira para ele encarando-o de forma humilde, o apoia em seus ombros, os dois caminham lado a lado, com a ajuda da parede até chegarem ao ponto de táxi.

Vem comigo por favor, diz ele.

Tá.

......

Se tudo o que me acabaste de disser for verdade, então tu deves estar a sofrer muito. Mas eu acredito que devias ir procurar seus amigos e pedir perdão, todo mundo merece uma segunda chance.

Eu não sei, nem sei se estão vivos moça.

Só saberás quando fores atrás. Não adianta choramingar pelos cantos, nada acontece por acaso.

Alina, chamo-me Alina.

Daniel, prazerSinto tanto a falta deles.

A princípio eu não gostava do Enzo, até queria matá-lo, a minha mãe tinha me dito que ele podia ser uma ameaça para nossos planos. Agora eu vejo a consequência de tudo, todo o plano dela, não nosso.

Viu, e se ele tivesse morrido naquele dia, ãhm?.

É, se o tempo voltasse.

Minha mulher, minhas filhas tudo, perdi tudo, até meu coração não me pertence mais.

Hoje sou um zumbi que vaga pelas ruas, só de lembrar que eu era feliz.

Os dois se olham, seus olhares cruzam, ela com um riso no canto da boca o abraça, e ficam ali dois derrotados pela vida, filhos da solidão.  


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