O Convite

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Em Outubro de 1994, Daniel ainda resistia ao assédio de Paloma que a essa altura estava terminantemente apaixonada por ele. D. Clotilde e D. Joana não sabiam mais o que fazer para convencê-lo do romance, até encontros arranjados fizeram, mas nada deu certo. Daniel esquivava-se sempre.

Em seu íntimo Daniel fazia-se acreditar ter superado a dor da separação de Milena. E apesar de estar resolvido a seguir a sua vida em frente, não sentia que em Paloma fosse nascer um grande amor, e fugia dela como o diabo foge da cruz.

Até que numa tarde ensolarada, D. Joana recebeu um envelope do correio com uma carta e um convite para casamento:

" Queridos mãe e Daniel,

Eu sei que tenho sido muito desnaturado este tempo todo que vivo aqui em São Paulo. Prefiro nem contar a correria em que estou ou a pressão a que sou submetido por causa do trabalho, para não parecer que dou desculpas. Nada justificaria.

Amo vocês acima de qualquer coisa nesta vida, e espero que consigam me perdoar por esta minha falta. Sinto muitas saudades de vocês.

Mas vamos às coisas boas. Há quase um ano conheci uma pessoa maravilhosa. Começamos a namorar, e esta semana marcamos a data do casamento. Ela tem sido muito boa para mim. E vocês não vão acreditar, ela é aí de nossa cidade. Mundo pequeno, né? Farei o possível para que possamos nos encontrar antes do casamento, apesar da correria.

O casamento está marcado para 15 de Janeiro aqui em São Paulo. Faremos apenas uma pequena reunião numa chácara para celebrar o casamento seguido de um almoço para nossa família e a dela. Eu queria um festão, mas vocês verão que ela é muito simples e que detesta barulho. Aliás, não sei se a seguro muito tempo nesta selva chamada São Paulo.

Não vejo a hora de que a conheçam.

Mãe, Daniel, amo muito vocês, e espero vê-los em breve e poder compartilhar a alegria que estou sentindo.

Até breve, um abraço,

Felipe "

Quando D. Joana terminou de ler a carta já não podia mais conter a emoção. As lágrimas pingavam sobre o papel borrando algumas letras. "Como eu queria que o Rodolfo estivesse aqui, meu Deus!" Pensava ela, aumentando ainda mais a vasão do choro.

Esperou ansiosamente a chegada de Daniel do trabalho. Segurava nas mãos e às vezes apertava contra o peito a carta, como se empunhasse um troféu, enquanto andava de um lado para outro.

Quando Daniel chegou, mal tinha aberto a porta, ela já havia se lançado aos braços do filho.

"O que foi mãe? Aconteceu alguma coisa? Fala logo, mãe!" Daniel se desesperou.

Para piorar ainda mais, D. Joana, tomada de emoção, tentava contar a história do casamento, mas mal começava a contar e desabava em choro.

Daniel foi perdendo a paciência. Olhou para a mão de sua mãe e viu a carta. Não esperou mais e, tomando-lhe o papel passou a ler as palavras do irmão.

"Que legal mãe! Até que enfim aquele sacana deu notícias! E que notícias, hein? Será que agora vou ganhar sobrinhos?" Daniel estava realmente muito feliz pelo irmão.

"Você percebeu que ele não disse o nome da moça Daniel? Eh Felipe, que avoado! Como pode marcar casamento, sem que a mãe do noivo saiba ao menos o nome da noiva do filho?" D. Joana punha a mão na cintura como fazia quando estava indignada.

"Calma mãe! Daqui a pouco vamos conhecê-la e tenho a certeza de que a senhora e ela vão se dar muito bem. O mais importante agora é que Felipe está feliz!" Daniel tentava acalmar a mãe que estava excitadíssima.

Para Daniel foi uma dupla alegria, receber notícias do irmão. Saber que estava bem, que estava para se casar, e ainda por cima a notícia deu trégua às investidas da mãe em tentar fazê-lo enamorar por Paloma.



Um Amor ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora