Nova Chance Para o Amor

41 5 2
                                    

Na semana seguinte Daniel acabava de chegar do trabalho e mal havia passado pela porta quando viu D.Judite e sua mãe sentadas no sofá.

"Daniel você já sabia, não é?"

"Sabia do que, mãe?"

"Do namoro de Paloma com Ari?"

"Não, eu não sabia. Mas fico feliz pelos dois!"

D.Judite se levantou subitamente.

"Feliz? Como você pode ficar feliz, Daniel? Paloma deveria ficar com você. Era isso que eu queria. Além do mais não vou consentir com este namoro. O professor Ari é muito velho pra minha Paloma."

"Com todo o respeito, D.Judite, eu nunca quis namorar a sua filha. Isso realmente é coisa da cabeça da senhora e de minha mãe. E com relação ao professor Ari, é uma pessoa maravilhosa, e não é um velho caquético. Tenho certeza que fará a Paloma muito feliz. Agora com licença."

Daniel entrou para o quarto se sentindo verdadeiramente feliz pelo novo casal. Ficou a imaginar a felicidade no rosto de Ari e a se lembrar da conversa que teve na manhã da bebedeira, onde ele confessou o amor pela ex esposa. Quem sabe Paloma seria a cura para aquele amor que tanto o feriu e o amargurou ao longo dos anos. Em resumo, estava feliz pelo amigo, mas não demorou para que desejasse ser ele também o ator de uma nova história de amor que o libertasse de Milena e daquele amor fadado ao fracasso. Aí se lembrou de Alice. A bela loira filha de Ari. Pareceu tão doce a moça que poderia muito bem servir-lhe de remédio para o coração, pensou ele, achando em tal pensamento boa dose de cafajeste que não lhe era comum. Decidiu, por fim, ir ver o professor ainda aquela noite, saudar-lhe pelo namoro e procurar saber da filha.

Depois de tomar banho, e trocar de roupa foi para o ponto de ônibus. À mãe disse que ia à casa do irmão, para não causar mais furor na mãe ao dizer a verdade. Mas o tiro quase saiu pela culatra. D.Joana queria ir junto. Teve de pedir à mãe que ficasse pois era provável que o tio viesse vê-la, como havia dito para ele mais cedo. Mentira. Não disse e não foi.

Não demorou e o ônibus chegou, abreviando a ansiedade de Daniel e permitindo que ele não chegasse tarde em casa de Ari.

À porta da casa temeu que Paloma estivesse ali. Não queria ser o "segura-vela". Talvez por isso bateu tão fraco à porta.

Ari abriu com cara de sono, embora fosse ainda cedo.

"Oh meu amigo, que bom te ver!"

" Se Maomé não vai à montanha..."

"Estava querendo mesmo te ver. Tenho uma novidade pra te contar."

"E esta novidade, atende pelo nome de Paloma! Estou certo?"

"Ué, como você ficou sabendo?"

"Eu sei de todas as histórias de amor que me circundam!" Disse Daniel com certo tom de sarcasmo na voz.

Ari lhe pôs a par de tudo o que aconteceu. Os passeios com Paloma, o flerte escancarado até o pedido de namoro. Estavam se dando bem, pelo que dizia, o caso era promissor.

"Agora só falta você, caro amigo!" Disse abraçando o pescoço do rapaz.

"Então, é exatamente sobre isto que eu vim lhe falar."

"Ah, mas não vá me dizer que pretende abrir o jogo com Felipe?!"

"Não, tenho outro plano em mente!"

"Então me diga!"

"O que você me diz de Alice?"

O professor ficou sério.

Andou até um aparador que havia ali na sala, e tomou nas mãos um pequeno retrato de pai e filha juntos. E de costas para ele disse:

"Daniel, você sabe que eu gosto muito de você. Tenho em você um amigo que talvez nunca tenha encontrado. Você é um cara nota mil. Mas não sei se gostaria de vê-lo se envolvendo com minha filha. Ainda mais sabendo do que sente por Milena. A última coisa que quero é vê-lo magoar minha filha, ou mesmo que você se machuque."

"Ari, é porque você sabe do que sinto por Milena que resolvi lhe falar de meu interesse por Alice. Não quero esconder nada de você e nem dela. Pretendo ser o mais sincero possível sobre isso. Mas preciso lhe dizer que eu cansei de sofrer, Ari. Cansei de nutrir falsas esperanças em meu coração por um amor impossível. E apesar de ainda não conhecer bem a Alice. Tenho certeza que sendo filha de alguém como você só pode ser alguém maravilhosa. Quero do fundo do meu coração dar uma chance de felicidade à mim e à ela, sem nenhuma ideia de magoá-la ou a você, meu amigo."

O professor permanecia sério. Caminhou em direção ao ex-aluno e pediu que ele se sentasse no sofá. Sentou ao seu lado e ficou olhando para baixo como se procurasse o que dizer.

"Olha Daniel, depois de muito tempo, eu estou feliz pra caramba. Deus me deu uma nova chance de ser feliz. A Paloma parece ser uma mulher pra me devolver o sorriso. Mas a primeira coisa que fiz depois que começamos a namorar foi lhe contar tudo o que eu vivi e senti em relação à minha ex-esposa, e se você tem a intenção de ser absolutamente sincero e verdadeiro com Alice como eu consigo ver em seus olhos, então só me resta fazer votos de que dê tudo certo." E enfim Ari abriu o sorriso costumeiro.

Daniel prometeu que não magoaria Alice, e terminaram a noite tramando um encontro para os dois. Uma pizza à quatro, com o pretexto de que Alice pudesse conhecer mais à Paloma. Se tudo desse certo sairiam aquele sábado.

Um Amor ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora