Why are you doing this?

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POV. Mariana

Ele demorou um pouco para voltar à superfície, o que me preocupou, afinal, aquilo não me parecia fundo. Depois de alguns segundos ele emergiu, jogando os cabelos para o lado e me olhando. Eu estava com uma expressão de assustada, incrédula, nada definia o que acabou de acontecer.

- Você vai entrar ou ficar me olhando? - ele estava com um sorriso sapeca nos lábios.

- Você é louco? - eu o olhava sem saber entender o que estava fazendo.

- Talvez. - ele disse saindo de dentro da água, ficando de pé e me estendendo a mão. Ele estava todo molhado, parado bem na minha frente. Seu corpo era definido, porém magro ao mesmo tempo. Ele esticou mais sua mão, em sinal para eu pega-lá, e o que eu tinha a perder?

Tirei o coturno, o chapéu e as meias, deixando em um canto, perto da minha bolsa. Peguei sua mão como apoio para me levantar, seu sorriso estava aberto, radiante. Estando de pé, comecei tirando minha blusa e logo em seguida meu shorts. Não me sentia confortável estando de roupa íntima na frente de Cadu, mas quando o olhei esperando alguma reação, ele olhava para meu corpo com um sorriso safado no rosto.

- O que você tá olhando? - perguntei abraçando minha barriga, tentando impedir que ele a visse.

- Você é tão linda. - ele se aproximou de mim. - Inteiramente linda - ele me puxou pela cintura, colando seu corpo molhado ao meu e me deu um beijo rápido. - e minha.

Dizendo isso ele me deu outro selinho rápido e foi pra água novamente. Eu apenas sorri e pedi sua ajuda para entrar. Ele me estendeu sua mão e eu peguei a mesma, coloquei os pés na água que estava fria, o que me causou um arrepio. Fiquei sentada com as pernas na água enquanto nos olhávamos. Eu não sabia o que estava passando pela sua cabeça, que brincadeira ele poderia estar fazendo comigo. E eu não sabia o que eu mesma estava fazendo, eu não era assim. Nós estávamos seminus, e eu realmente não me importava. Fui pra dentro da água, que me cobriu até os seios. Fiquei perto da borda enquanto me acostumava com a temperatura.

Eu tremia. Talvez de frio, talvez de nervosismo. Meu corpo gritava perguntando o que eu estava fazendo, mas também me mandava estímulos para continuar. Fechei os olhos, respirando e me virei para olhar Cadu. A água deixava parte de seu abdômen a mostra, e porra, ele era tão bonito!

Quando viu que eu o olhava, ele deu um sorriso. Estava perto da queda d'água enquanto uma distancia de um metro nos separava. Em um sussurro disse "vem", passando por baixo da água que caia e desapareceu. Aquilo estava se tornando um jogo, quase um pega-pega, mas eu não ia desistir tão fácil.

Fui atrás indo pela água que caia fazendo um barulho ensurdecedor e com uma força que causava certa dor em meu corpo. Chegando do outro lado me deparei com uma caverna, não muito escura, graças à um buraco que permitia que a luz do sol iluminasse o ambiente. O barulho ali também era mais baixo, porém com um ar mais gélido, o que me fez abraçar meu próprio corpo, e com várias pedras. Fui entrando cada vez mais procurando Cadu, o qual eu não via.

- Cadu? - chamei com a voz tremula por conta do frio e da adrenalina. Dei mais um passo pra frente levando um susto quando Cadu saiu de baixo d'água a poucos centímetros de mim. Ele jogou o cabelo molhado pro lado, tirando-o do rosto.

Ele se aproximou com um sorriso, que logo sumiu quando me viu com frio e me abraçou, compartilhando um pouco de seu calor. Eu retribui o abraço, sentindo sua pele contra a minha e com seu cheiro preenchendo meu olfato. O abraço ficou um pouco frouxo quando levantei meu rosto olhando para ele. Nossos rostos de aproximaram, cada um sentindo a respiração do outro, até finalmente darmos um selinho.

Eu o puxei para um beijo, pedindo passagem para minha língua, que foi concedida sem demora alguma. Enquanto ele enroscava seus dedos em meu cabelo, eu apertava suas costas quase arranhando. O beijo foi ficando mais intenso quando ele me guiou até uma pedra grande e me sentou nela, me deixando da sua altura. Naquele momento sentíamos o frio não existia.

À medida que ele passava sua mão por minha barriga e costas, eu abracei seu corpo com minhas pernas o puxando pra mim, sentindo seu membro já excitado. Puxei seu cabelo ouvindo um gemido rouco saindo de sua boca. Nos puxávamos mais e mais, um pro corpo do outro, quando Cadu separou nossas bocas e encostou sua testa na minha.

- Desculpa, mas acho melhor irmos embora. - ele estava ofegante, nós dois estávamos. Concordei com a cabeça, fechando meus olhos. Eu me senti mal, será que tinha feito algo errado? Ele me deu um último selinho e se virou, saindo da caverna, sem olhar pra mim. Em menos de um minuto, toda aquela confiança e despreocupação se tornaram medo e insegurança.

Eu estava sozinha na pequena caverna. Mil coisas passavam pela minha cabeça e uma dessas coisas era arrependimento. Eu olhava para mim, apenas de lingerie, que minutos atrás estava beijando um cara que eu conhecia à menos de uma semana! Criei coragem e me levantei. Mais uma vez a queda d'água causou um desconforto em meu corpo, porém o clima fora na caverna estava mais aconchegante.

Cadu já estava de bermuda e tênis, terminando de secar seu cabelo com uma toalha, a qual não sabia que onde tinha vindo. Ele se virou, olhando pra mim. ao ouvir o barulho de quando sai da água, mas logo virou seu rosto novamente, evitando me olhar.

- Eu deixei uma toalha pra você se secar. - ele disse apontando para uma pedra na margem, onde estavam a toalha e minhas roupas. Ele já havia guardado a comida e o pano em que estávamos sentados. Rapidamente colocou sua camiseta e colocou a mochila nas costas. - Vou te esperar um pouco mais na frente, pra você poder se trocar em privacidade.

Dizendo isso ele saiu, sem nem olhar para mim. Qual é o problema desse garoto afinal? Qual o meu problema? Eu devo estar completamente louca, provavelmente é isso. Aquilo me deixou completamente triste e arrasada, e tudo isso culpa do meu sentimentalismo e da minha facilidade em me apegar pelas pessoas. Tentei me concentrar apenas em me trocar. Me sequei, com a toalha que ele havia deixado pra mim e coloquei minhas roupas, levando o chapéu na mão já que meu cabelo estava molhado.

Fui em direção à trilha e poucos passos depois encontrei Cadu. Ele pegou a toalha molhada, colocou dentro da mochila e começou a andar na frente. Tudo bem que a trilha não era larga o suficiente para os dois andarmos um ao lado do outro, mas precisava não olhar pra mim? Naquela altura a tristeza e o desapontamento se tornaram raiva. Eu não tenho tempo, muito menos paciência para ficar atrás de alguém que não quer nem olhar pra mim.

Fizemos o caminhos em silêncio profundo. Chegando no carro, ele destrancou a porta e eu entrei no lado do passageiro, enquanto ele guardava a mochila no porta-malas. Coloquei o cinto enquanto ele entrava no carro e dava a partida. A volta foi completamente diferente da ida. Sem músicas, sem risadas, sem conversas, apenas o som do carro na estrada. Em determinado ponto acabei dormindo, o que não aparentava fazer diferença já que aparentemente o silêncio iria durar pra sempre.


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