Everything is grey

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POV. Mariana

Havia me esquecido como ele parecia um anjo dormindo, seus cabelos loiros bagunçados, sua boca pequena, que fica entreaberta, seu semblante calmo e sereno. Por alguns momentos me lembrei como era estar apaixonada por Rafael, como era perder o ar ao olhar em seus olhos claros. Engraçado como eu me sentia mais viva quando estava próxima dele, mesmo nesse momento de depressão da minha vida, eu conseguia me sentir bem ao seu lado, e eu não queria que esse sentimento passasse tão rápido.

Fiquei o observando dormir, lembrando da noite maravilhosa e daquele sexo que nunca fora tão gostoso. É claro que minha mente dava voltas e mais voltas para não me lembrar de Cadu e do que aquela transa significava, mas eu não queria mesmo lembrar sobre isso e ficar remoendo o passado.

Vi os primeiros raios da luz do sol entrar pela janela do quarto, anunciando que já amanhecia. Mais uma vez não dormi em meu quarto, e, mais uma vez, eu deveria dar explicações para Fernanda, mas não queria me preocupar com nada naquele momento.

Eu sentia as consequências de ontem se manifestando por meu corpo em forma de dor, eu sentia minha intimidade sensível, dores na perna e costas, e um cansaço eterno. Resolvi me levantar e tomar banho, me esforçando para não acordar Rafael, sai da cama devagar, até mesmo por conta das dores, andei em direção à cômoda presente, em busca de toalhas e algumas roupas que poderia pegar emprestadas. Abri a primeira gaveta do móvel e comecei a procurar, quando achei três latas iguais de metal, não muito grandes, mais ou menos do tamanho e da espessura de um maço de cigarro, dentro de algumas meias. Curiosa, tirei uma das latas da gaveta, para ver o que o garoto guardava tão secretamente. Ao abrir a primeira lata, eu vi uma quantidade bastante surpreendente de pílulas de vários tipos, eu não saberia diferenciar cada uma, mas eram inúmeras, fazendo minha boca se abrir em um grande "O".

- Achou o que procurava? - uma voz séria soou em minhas costas, fazendo os pelos de minha nuca se arrepiarem. M virei, ficando de frente para o dono da voz, que eu já sabia quem era. Rafael tinha uma expressão tão séria que me dava medo, nunca o tinha visto daquele jeito.

- Eu não queria mexer em nada, - respondi com minha voz falhando, apoiei minhas costas no móvel, já que minhas pernas estavam fraquejavam.- eu estava procurando alguma roupa emprestada para eu poder tomar banho.

- Parece que você encontrou algo a mais. - ele retrucava com um tom de ironia, me acusando de mexer em suas coisas.

- Rafael, para de ser idiota! - ele falei alto. - Eu não queria bisbilhotar suas coisas, você sabe que eu nunca fui disso. - quando eu mencionei isso, o garoto relaxou seu maxilar que estava travado, me fazendo ficar mais calma também. - Eu achei sem querer, e mesmo não querendo me meter, você tem muitos comprimidos aqui. - eu mantive minha voz calma e em um tom mais baixo, eu sabia que esse era um assunto delicado, Rafael não falava sobre seu "hobby" - como ele chamava - desde a época em que namorávamos. Eu sempre me preocupei com o uso excessivo de substâncias que ele usava, mas sempre que eu tentava falar sobre isso, ele mudava de assunto ou se irritava a ponto de começar uma discussão.

- Eu sinceramente não quero falar sobre isso, - ele respondeu indo até o guada-roupa. - e também não quero discutir com você. - ele mexia nas gavetas do guarda-roupa, mas eu percebi que ele não estava prestando atenção. De repente, uma ideia maluca e, provavelmente, perigosa me ocorreu.

- Rafa, - minha voz saiu suave, como um sussurro. Fui me aproximando por trás, até minha mão encostar em seu ombro. - talvez eu pudesse entender você um pouco melhor.

- O que você quer dizer? - o garoto perguntou, me olhando de canto de olho, me entregando uma camiseta para eu vestir, já que eu estava só de calcinha.

The BetWhere stories live. Discover now