The Bet

Decisão

POV. Mariana

Eu só queria que minha cabeça parasse de doer e que tudo ficasse claro, porque essa confusão estava acabando comigo. Desde que eu acordei, após o acidente, minha cabeça latejava constantemente, além de todos os enjoos e peças que minha mente me pregava. Os médicos já havia deixado claro da minha condição, sobre minha falta de memoria, e eu tinha sonhos que não sabia se eram lembranças ou apenas sonhos. Os calmantes que eles me davam ajudavam um pouco, eu ficava mesmo agitada já que essa situação estava me afetando em vários níveis. Era insuportável não saber em que momento da minha vida eu parei, quais promessas eu vou deixar de cumprir apenas por não me lembrar que as fiz, sem nem ao menos ter certeza se vou conseguir me lembrar de tudo.

O que me confortava era perceber que eu e Rafa estávamos próximos de novo, desde que recebi a mensagem de Manoela, à uma semana atrás, me avisando que ele tinha me traído, nós estávamos muito distantes e isso estava acabando comigo, mas agora ele viva aqui, comigo, ao meu lado, cuidando de mim, e isso me dava esperanças de que esse episódio podia ser superado e ficar pra trás.

Porém uma das coisas que mais estavam me incomodando era aquele garoto. Alto, cabelos e olhos escuros, ele ficou mal quando eu disse que eu não me lembrava dele, e por mais que eu realmente não lembre, eu sinto dentro de mim que ele já foi presente na minha vida e teve um papel muito importante. Eu estava pensando nisso e em algumas outras coisas, quando a porta foi aberta. Um homem loiro de olhos azuis entrou no quarto, vestindo um terno perfeitamente alinhado, com aparência simplesmente impecável e se sentou na poltrona que havia no quarto.

— Me desculpe, — eu disse com a voz falhando, afinal quem era aquela pessoa? — posso ajudar o senhor? — ele me olhou como se eu precisasse de ajuda, como se fosse uma pessoa digna de pena, o que só me fez sentir mais intimidada.

— Finalmente ele chegou! — ele disse, me ignorando totalmente, olhando para a porta e depois fixando seu olhar em mim mais uma vez. Segui seu olhar e encontrei Rafael, o que trouxe uma calma momentânea pra mim. Mas logo depois senti a raiva que emanava dele. — Chegou o homem mais idiota do mundo! — ele falou com a voz cheia de arrogância e sarcasmo. Deduzi que estava falando com o garoto, mesmo não o olhando. — Se é que podemos chama-lo de homem.

— O que ta acontecendo, Rafa? — perguntei ainda deitada, já que ainda não tinha uma total mobilidade, mais confusa do que nunca já que não sabia quem era aquele homem parado bem na minha frente.

— É exatamente o que eu quero saber. — ele disse com as mãos em forma de punhos, cerrados firmemente. Mais uma vez pude sentir raiva e insegurança vindo dele. — O que tá fazendo aqui, pai?

— Vejam só, ele disse a palavra com P. — mais sarcasmo e descaso eram possíveis serem percebidos em sua voz à quilômetros dali. E o olhar de desprezo que ele lançava à Rafael me fazia tremer. Ele já havia me dito que o relacionamento com o pai não era bom, mas não sabia que chegava nesse ponto. E era por isso que eu não me lembrava dele, nunca o tinha visto, apenas ouvido histórias que Rafael me contava. — Eu vim saber como você foi tão idiota ao ponto de engravidar essa menina?

— O que ele quer dizer? — minha voz saiu fraca e era exatamente assim que eu me sentia. Grávida? Aquilo não podia ser possível. Senti as náuseas chegando junto com a tontura, sentindo tudo girar lentamente.

— Mari, não ouve nada que ele fala. — começou Rafael, mas eu pude sentir a insegurança e o medo em sua voz. — Depois a gente conver...

— Como assim, o que quer dizer? — o homem disse de forma ríspida, parecendo estar ficando irritado. — Você está grávida desse irresponsável! O que não consegue entender?