POV. Mariana
- O QUE DEU EM VOCÊ?? - eu estava gritando, e sinceramente, não estava nem aí, perdi totalmente o controle.
- Mariana, não grita comigo! - Patricia elevava seu tom de voz, mas não chegava a gritar. - Você não é minha mãe e eu sou livre pra fazer o que quiser.
- Você não conhece ele nem a um mês e já tá beijando cara!
Estávamos discutindo na cozinha. Eu estava em pé, de frente pro balcão, enquanto ela estava sentada, comendo uma lasanha tranquila, até eu cobrar ela sobre o que eu tinha visto.
- E dai? Eu sou grande o suficiente para beijar quem eu quiser, independente do tempo que conheço a pessoa. - ela disse dando uma garfada na lasanha, tentando manter calma, mas eu senti uma certa tristeza em sua voz. - Faz cinco anos, filha! Você não acha que eu mereço conhecer pessoas e me relacionar com elas?
- Claro que merece! - eu relaxei nesse momento, fui até ela e lhe dei um abraço, lembrei tudo o que eu e minha mãe passamos. Desde que me lembro meus pais são separados e nem me lembro do rosto do meu pai, porém minha mãe já namorou. Nenhum deu certo, mas o último, em particular, foi o pior. Ela tinha 35 anos, ele 40 anos e eu 12 anos. Eles se conheceram através de um casal de amigos, e no começo eles se deram super bem. Ele frequentava nossa casa e algumas vezes me trazia presentes, o que facilitou para eu gostar dele. Nos primeiro dois meses eles tiveram a relação perfeito, nenhuma briga, ele até ajudou, minha mãe e eu, a termos um relacionamento melhor. Até a primeira vez que ela chamou ele para dormir em casa.
Flashback ON.
Era um sábado qualquer quando Patricia chamou Ronaldo para dormir em sua casa. A relação dos dois era ótima, em dois meses, nunca haviam brigado. Sua filha, Mariana, adorava o rapaz e apoiava sua relação com o mesmo. Até a convivência das duas se tornara melhor graças ao homem. Patricia se sentia bem com ele, sentia que finalmente havia encontrado alguém pra compartilhar sua vida. Ficaram toda a noite assistindo filmes, conversando e rindo, quando acabaram dormindo.
De madrugada, Mariana desceu às escadas até a cozinha e encontrou o homem lá, bebendo um copo d'água. A menina se aproximou, pegando um copo e preenchendo-o com o líquido também, sem dizer nada, apenas lhe dando um sorriso. O homem repousou o copo em cima da bancada que havia na cozinha e foi até a garota, a abraçando por trás e distribuindo beijos em seu pescoço. Em reação, a garota soltou o copo com água, que se quebrou, fazendo um grande barulho, mas o homem não se importou, apenas continuou beijando-a.
A menina tentou se soltar, mas ele era maior e mais forte que ela, o que dificultava as coisas. Quando Mariana estava prestes à gritar, as luzes do corredor e da cozinha se acenderam, uma atrás da outra, revelando Patricia, que ficou atônita com a cena.
- Mariana, sobe. - Patricia disse séria, quase sem emoção.
A menina subiu as escadas correndo, indo em direção ao seu quarto, batendo a porta do mesmo, sentando em sua cama e ficou lá, chorando. No andar de baixo só ouvia gritos e objetos, até que ouviu um grito mais alto e predominante de sua mãe. Depois disso a discussão ficou pior, e após 20 minutos, a policia, chamada pelo vizinhos que ouviram os gritos, chegou.
Mais tarde Patricia foi ao encontro de Mariana, que estava em seu quarto, adormecida. Perguntou à menina se estava bem, que respondeu sim, mesmo a mãe percebendo que a menina estava abatida e assustada. As duas passaram a noite juntas.
Patricia contou à filha o que havia acontecido. Eles haviam discutido depois que Mariana saiu da cozinha, mas a discussão foi tão feia, que acabou se tornando uma briga e Ronaldo agrediu fisicamente Patricia.
- Foi sorte os vizinhos terem chamado a policia, porque provavelmente eu não ia aguentar brigar com ele. - Patricia estava na cama da filha, abraçada com a mesma, fazendo carinhos nos cabelos dela.
- Mãe, me desculpa! Eu não queria que o namoro de vocês acabasse. - Mariana chorava enquanto tentava se desculpar, ela se sentia mal, suja e confusa com tudo que havia acontecido.
- Você não tem culpa de nada! - Patricia segurava o rosto da filha com doçura, mas fala com seriedade. - Nada do que aconteceu foi culpa sua, e caso aconteça de novo, e eu realmente espero que não aconteça, também não vai ser culpa sua.
As duas adormeceram juntas, enquanto choravam juntas. As cenas do que houve naquela madrugada, não saíram da mente da adolescente por uma semana, fazendo-a ter pesadelos com o acontecimento.
Flashback OFF
Me lembrei de tudo o que passamos juntas, e lembrei de como minha mãe foi forte e guerreira. Várias vezes, naquele ano, disse para nos mudarmos, mas ela sempre negou, dizendo que só seria pior. Ela havia sofrido tanto, durante cinco anos se afastou de tudo que era do sexo masculino, e agora que ela, aparentemente, havia superado, que estava pronta pra seguir em frente, eu ia ficar no caminho? A abracei mais forte e lhe dei um beijo na bochecha.
- Ok, mas quero saber nome, onde mora, tudo! - disse abrindo um sorriso e sentando à mesa com ela. - E você vai ter que nos apresentar etc.
- Tudo o que você quiser, filha.
POV. Carlos Eduardo
Eram quase 19h e eu estava em frente à casa dela, estava pronto para colocar um ponto final nisso. Entrei no jardim da casa, contornando a mesma, indo parar nos fundos. Disquei o número de Manu e esperei.
- Oi gato. - ela sempre com aquele tom sensual.
- Desce, eu to aqui atrás. Preciso falar com você. - aquele tom calmo e quase sem emoção que sempre existiu em mim estava dissolvido no nervosismo que eu estava sentindo.
- Melhor você subir, também preciso falar com você. - seu tom se tornou sério, mas eu ainda sentir que ela estava se divertindo. - A porta tá aberta e você conhece o caminho.
Decidi subir. Não importava o lugar, aquilo precisava acabar e iria acabar. Abri a porta dos fundos e subi as escadas o mais em silêncio que consegui, segui pelo corredor, indo em direção à segunda porta à esquerda. Quando cheguei perto da porta, Manu abre a mesma abre, deixando-a entreaberta, mostrando seu corpo em um vestido preto, curto e justo.
- Quando tempo. - ela acabou me dando um selinho o que me fez acordar. Era exatamente isso que não podia mais acontecer.
- Para com isso! - eu falava algo e sério, aquilo estava começando à me irritar. - Nós temos que parar com isso.
- Ei, pode parando. Eu não chamei você aqui em cima para discutirmos no corredor. Entra. - ela abriu completamente a porta, me dando espaço para passar. Porém quando eu entrei, percebi que não estávamos sozinhos.
- O que esse babaca tá fazendo aqui? - todas as emoções saíram do meu corpo quando vi a cara daquele idiota, quando espaço para a raiva.
- E aí, cuzão. - Rafael estava sentado em uma poltrona que tinha no quarto de Manoela, fumando um cigarro de maconha, enquanto sorria pra mim. - Veio levar outro soco?

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The Bet
FanfictionMariana é uma adolescente normal, que mora com a sua mãe e que nunca conheceu seu pai. Nada nunca acontece em sua vida, até o terceiro ano do ensino médio. Sua melhor amiga volta do Rio de Janeiro. Será que a relação delas continuará a mesma? E o qu...