Colocando os pingos nos i

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POV. Carlos Eduardo

O QUE CARALHOS ESTÁ ACONTECENDO COMIGO? Eu nunca fui alguém carinhoso ou que demonstrava meus sentimentos, eu nunca namorei justamente pra não ter que lidar com esses sentimentos. A única pessoa com quem eu compartilhava eles era com a minha mãe, e depois que ela morreu, eu me tornei bem mais frio.

Isso tudo era pra ser uma brincadeira, algo pra me distrair nessa cidade nova e chata, era algo que no começo eu nem queria, mas que aquela louca conseguiu me convencer. Mas Mari estava fazendo tudo sair dos eixos, tudo ir contra o plano.

Seu rosto era lindo, quase angelical, e depois de hoje eu sabia que seu corpo era tão bonito quanto. Foi quase impossível me segurar depois do primeiro beijo, eu queria envolve-la com meus braços e protegê-la, alerta-la de tudo o que estava por vir, de todo o mal que estavam planejando contra ela, mas eu não conseguia, por medo, por saber que no instante em que eu contasse tudo ela nunca mais olharia na minha cara. E qual foi a minha ideia genial? Ignora-la, não encara-la e obvio que ela ficou irritada. Queria pedir desculpas e beijar todo seu corpo, guarda-la comigo, mas eu não podia me envolver, eu não queria me envolver. Entretanto eu continuava arrependido, não queria perde-la.

No momento Mari estava ao meu lado dormindo, parecendo um anjo. Seu corpo se movia lentamente por conta da respiração e ela parecia tão calma e serena.

Fui dirigindo ao som da sua respirando, observando-a quando o transito me permitia. Parei em frente sua casa, desliguei o carro e fiquei olhando pra ela, não tinha coragem para interromper algo tão lindo. Fiquei em torno de vinte minutos olhando sua beleza, lembrando do dia que tivemos, dos momentos em que a tive, até que ela começou a despertar.

Depositou seu olhar perdido, de alguém que havia acabado de acordar, em mim, no começo um pouco confusa e que depois se tornou intenso, provavelmente lembrando o que eu havia acontecido.

- Onde eu estou? - perguntou séria, tentando reconhecer o lugar.

- Em frente sua casa. - respondi um pouco exausto.

- Obrigada pela carona e pelo dia. Tchau. - ela disse já abrindo a porta do carro e saindo, sem olhar pra mim... exatamente como eu tinha agido.

- Espera. - segurei seu pulso, sem força, apenas para impedi-la de ir. - Me escuta, por favor. - ela se sentou, fechou a porta e ficou me olhando como se eu estivesse gastando seu tempo. Bufei e disse:

- Eu entendo que você esteja nervosa ou chateada, eu agi feito um idiota, um babaca! Você não merecia ser ignorada, você não fez nada. É que eu gosto de você e eu não quero estragar tudo. - coloquei minha mão em seu rosto forçando-a a me olhar já que ela desviava o olhar. - Você é realmente linda e eu realmente quero ficar com você, mas eu não quero ir rápido de mais. Você me entende? - ela balançou a cabeça em sinal de sim. Aquilo me aliviava de uma forma, eu realmente não sabia o que estava acontecendo comigo. - Devo confessar que vai ser muito difícil te ver todos os dias e não te agarrar na frente de todos, no colégio, mas eu não quero... te perder. - nossas testas estavam coladas e nossas respirações arrastadas. Não resisti e à beijei, um beijo demorado e lento, com a mão em seus cabelo trazia ela pra mim. Ela colocou a mão em cima de minha coxa e deu um leve aperto, o que me assustou e me fez parar o beijo.

- Eu também não quero ir rápido de mais. - ela estava séria, mas continuava linda. Seriamente linda. - Eu não quero que tudo dê errado porque, se isso acontecer, eu vou acabar me ferrando e não estou afim de passar por isso. Você me faz bem, mas talvez se formos mais devagar seja melhor.

Eu assenti, percebendo a merda que tinha feito. Demos um último selinho, como despedida e ela saiu do carro. Saí com o carro indo em direção à casa dela, eu iria acabar com aquilo hoje mesmo.

POV. Mariana

Mil coisas passavam pela minha cabeça. O que eu havia acabado de falar? O que havíamos feito? Nada desse comportamento se parecia comigo. Essa coragem e vontade não eram coisas comuns da minha personalidade. Eu estava tão cansada e tinham tantas coisas passando pela minha cabeça, que a mesma estava doendo.

Fiquei observando o carro ir embora, dando uma última olhada em Cadu. Quando me virei pra entrar, uma luz forte, vindo do farol de um carro, me atingiu. Eu não conhecia aquele carro, nem o homem que estava no banco do motorista, mas com certeza conhecia a mulher beijando esse home. Era Patricia, minha mãe!


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