Death is a shit

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POV. Mariana

- Mas porque você tá aqui? Você ta me seguindo?

- Não. - ele deu uma risada tão gostosa de ouvir - Eu me mudei pra cá não faz nem uma semana, mas já descobri esse parque. Ele não é grande, mas é bom pra fugir um pouco.

- Fugir do quê? - estávamos sentados um de frente pro outro. Eu percebi o olhar dele desviando do meu e percebi que estava querendo saber demais. - Desculpa, não é da minha conta.

- Tudo bem. - disse ele se deitando na canga, e olhando pra mim, como se dissesse pra fazer o mesmo. O acompanhei. - Eu morava no Rio de Janeiro, com a minha mãe, mas ela faleceu faz uns quinze dias, então agora eu tô morando com o meu pai, que eu não via à dez anos.

- Sinto muito. - eu conseguia sentir a dor dele. - Meu pais são separados, eu acho que nunca o vi, pelo menos não que eu me lembre.

- É chato não ter alguém que você queira do seu lado, mas eu aprendi com a minha mãe que você sempre tem algo bom pra tirar da situação. Eu por exemplo, vim pra São Paulo, que é uma cidade enorme, com várias coisas incríveis e te conheci.

Eu ri sem graça. Com certeza estava com o rosto vermelho no momento. Ele ficava olhando pra mim, sorrindo. Eu não sabia o que aquilo significava, mas eu sabia que gostava de ficar com ele.

Ficamos um tempo sem dizer nada e mesmo assim eu me sentia bem, me sentia confortável. As horas simplesmente passara e ficamos ali, conversando, rindo, nos olhando, não era algo forçado, era natural e bonito. Já estava ficando escuro e resolvemos ir embora.

- Você quer que eu te leve pra casa? - perguntou ele todo gentil

- Não precisa, eu não moro longe. - respondi guardando a canga e me arrependendo de não ter levado um agasalho.

- Você parece estar com frio. Vamos passar na minha casa e eu te empresto um agasalho.

- Não precisa. Como eu já disse, eu não moro longe.

- Não custa nada.

Fui praticamente o caminho inteiro pra casa dele insistindo que não precisava e que aquilo apenas iria atrapalhar o caminho dele, mas no fim a casa dele ficava no caminho para a minha. Ele morava na casa onde tinha visto o caminhão mais cedo, provavelmente aquelas caixas eram coisas da vida dele no Rio de Janeiro. Ele me convidou pra entrar mas eu disse que preferia esperar na calçada. O sol estava se pondo e o céu estava em um degrade de laranja-amarelado. Fiquei olhando o céu por um tempo, estava distraída. Ele colocou o agasalho nas minhas costas e me abraçou, por trás. Aquilo me assustou mas eu fiquei quieta, sentindo o abraço.

Como a casa dele era à cinco minutos da minha, acabei cedendo e deixei que me acompanhasse. Ele foi me contando como era a vida no Rio de Janeiro, como ele odiava a praia e a areia, como tudo se resumia a praia e festas, e que não havia mais nada pra fazer lá.

Estava rindo de suas histórias quando me vi em frente de casa. Eu não queria me despedir, não queria que ele fosse embora.

- Eu moro aqui. - eu disse parando de andar. - Obrigada por me acompanhar.

- Foi um prazer finalmente te conhecer e poder falar com você. - ele respondeu sorrindo.

- Eu acabei não te agradecendo pelo o que fez por mim. - disse um pouco sem jeito. - Obrigada

- Não precisa agradecer nada. - ele disse me abraçando e eu pude sentir seu cheiro. - Se cuida.


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